Não me canso de gabar o médio dinamarquês! O que é que uma equipa que está a lutar pelo título, porque de facto ainda o está, deve fazer ao cair do pano para inverter um jogo de manifesto azar na finalização que custará o adeus definitivo a esse título? Confiar na grandeza da inteligência do seu organizador de jogo! Os grandes jogadores são assim: nunca desarmam e quando menos se espera sacam da sua cartola a solução para todos os problemas!
Christian Eriksen é um médio raro no futebol europeu. Isto porque alia técnica individual apurada em todos os gestos em que esta pode ser observada e avaliada, a uma leitura do jogo (que vai influir no seu sentido posicional) que o faz andar como um vagabundo no ataque do Tottenham à procura de bolas porque sabe que por onde anda é o sítio onde pode tirar proveito do posicionamento adversário. Dono de uma flexibilidade posicional que gera dinâmica à circulação da equipa e acima de tudo, de inteligência na gestão da posse de bola da equipa e nos processos de construção aliada à criatividade, ou seja à procura de soluções inovadoras que permitem benefícios à equipa em determinados contextos adversos nos quais o tempo de pensamento e execução é o obviamente um dado limitado. A acrescentar a tudo isto, o médio dinamarquês possui um certo pragmatismo característico dos médios dos países nórdicos. Criativo sim, mas também objectivo. Eriksen sabe ler um “campo”, sabe o que fazer e sabe sempre fazê-lo com criatividade e objectividade. E a equipa lucra obviamente com o que o seu mestre faz com a batuta.
Eriksen é portanto é um jogador que sabe todos os caminhos para a área adversária. Quer a sair individualmente em velocidade de situações de pressão a meio-campo, quer a furar a linha intermédia da equipa contrária com tabelas com os colegas. No último terço, sabe sempre quando é que deve entrar num 1×1 contra o adversário para o tirar da frente de forma a ter todo o tempo do mundo para colocar bons cruzamentos assim como descobre sempre aquele passe de génio que racha quartetos defensivos e põe os colegas na cara do golo. Quando não tem possibilidades de entrar num 1×1 em drible aproveita todas as abertas para colocar cruzamentos. Quando consegue ganhar uma 2ª bola à entrada da área sabe que é tempo para colocar o seu poderoso remate. Quando está rodeado de adversários lê muito bem a sua posição e a posição dos seus companheiros. Como é um jogador com uma prodigiosa leitura de jogo e como sabe o que é que os seus colegas de jogo pretendem que ele faça, ele antecipa-se aos adversários e faz exactamente aquilo que os outros esperam dele num curto espaço de tempo. A capacidade que o médio dinamarquês tem de desbloquear o jogo sempre que a bola lhe chega aos pés é o fruto do seu nível de inteligência e criatividade. É por isso que o considero um dos melhores médios da actualidade do futebol europeu
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