Pormenores captados no Udinese vs Napoli


oddo

Não obstante a derrota sofrida por 1-0 frente à formação napolitana, derrota ditada por uma grande penalidade conquistada num lance em que os napolitanos conseguiram retirar a bola zona de maior pressão dos homens da casa, com uma variação do centro de jogo da zona interior do flanco esquerdo (o flanco onde Massimo Oddo tentou promover uma zona de maior pressão sobre o adversário de forma a tentar anular alguns os pontos fortes da formação napolitana; a presença de Insigne no último terço, as inflexões do extremo para o miolo, inflexões que são utilizadas por este para tentar solicitar os movimentos verticais de Hamsik para a área ou as diagonais de Mertens e Callejón; a entrada da bola no jogo interior) para o flanco direito (um flanco que esteve relativamente controlado pelos homens de Udinese porque o lateral direito Christian Maggio deu pouca largura e profundidade; já irei abordar este lance) considerei relativamente interessante (reconheço que teve em certos momentos a organização defensiva dos homens da casa teve as suas falhas, embora o resultado, o produto final foi positivo; nos primeiros 45 minutos os napolitanos só criaram uma oportunidade de golo) a organização defensiva demonstrada pela formação da região do Friuli-Veneza Giulia durante os primeiros 45 minutos da partida disputada na tarde de ontem contra a formação de Maurízio Sarri.

Alternando entre a utilização de uma estratégia de pressão alta relativamente bem organizada (na qual a equipa subiu em bloco até ao meio-campo adversário para condicionar a sua saída de jogo) à saída em construção dos napolitanos numa situação do jogo específica (nos pontapés de baliza; os encaixes promovidos pelos homens da casa obrigaram várias vezes Pepe Reina a ter que desfazer os processos trabalhados pela equipa nesta situação de jogo, através do recurso ao pontapé longo), estratégia que visou condicionar a maravilhosa saída em construção que é realizada pela formação de Maurizio Sarri e uma estratégia recuo das linhas até ao seu meio-campo, formando um bloco médio\baixo organizado no sistema táctico 5x3x2, no qual os homens da casa tentaram condicionar a saída pelo corredor esquerdo, entre algumas falhas, que irei realçar, Oddo e os seus jogadores conseguiram anular com eficácia alguns dos pontos fortes deste Napoli. Vejamos alguns exemplos:

A marcação individual e pressão impiedosa que foi realizada sobre Lorenzo Insigne ao longo do primeiro tempo impediu-o de receber jogo no último terço. A adjacência de um jogador (por vezes foi Widmer, noutras os centrais Gabrielle Angela e Danilo) extremo visou sobretudo impedir que o jogador que recebe a bola no último terço, zona do terreno onde este é naturalmente mais desequilibrador. Quanto mais afastado das zonas de criação, Insigne é naturalmente menos perigoso.

fofana

Neste lance verifiquei que no momento em que o extremo recebe a bola, o médio interior que actuou pelo lado direito (Seko Fofana) tenta adoptar uma postura que lhe permita fazer a cobertura ao jogador que está a executar a contenção caso o jogador decisse flectir para o meio enquanto lhe fecha a linha de passe para o circulo central (Allan).

angella

Momento de desorganização de 2 dos 3 jogadores do meio-campo da formação de Udinese. Fofana sai para pressionar Jorginho enquanto os seus colegas de sector (assinlados a azul) não estão bem posicionados (fora do centro de jogo). Um deles deveria ter coberto a zona onde Marek Hamsik entra para oferecer linha de passe entre linhas. Como podem ver, junto à linha Sarri incentivou Callejón a entrar no flanco esquerdo de forma a criar superioridade no flanco. O movimento de apoio frontal ao portador de Hamsik obriga o central Gabrielle Angella a ter que sair para eventualmente o pressionar se este receber a bola. Se a bola entrasse em Hamsik, o eslovaco estaria em condições de arrastar Angella, abrindo portanto uma situação de superioridade no corredor.

hysaj

Como Jorginho opta por fazer a bola entrar na linha em Insigne (mais uma vez Insigne recebe a bola longe do último terço), Callejón inicia uma diagonal. Angella é rápido a desfazer o seu movimento para tentar ajustar no extremo espanhol, o que de facto não acontece porque como podemos ver 

insigne 2

Lorenzo Insigne decide mal. O ala direito suiço Sylvan Widmer não se aproxima o suficiente do italiano para lhe condicionar a decisão. Pelas costas, Fofana deixou fugir Hysaj. Se o italiano tivesse explorado a linha de passe existente, Hysaj estaria em condições de lançar em profundidade Callejón. Insigne opta por fazer regressar o esférico ao interior para que Jorginho promova a variação de flanco.

jorginho

Quando Jorginho a faz, o lateral direito Christian Maggio não está a dar a largura e a profundidade que poderia e deveria ter dado se estivesse na zona assinalada a vermelho. 

widmer 2

Após algum período de hesitação de Vlad Chiriches (por manifesta falta de linhas de passe passíveis de gerar progressão), os napolitanos voltam a circular para o flanco esquerdo. Mais uma vez, Widmer não está em condições de poder exercer uma pressão efectiva sobre Hysaj quando o albanês recebe o esférico, mas, nas suas costas, Angella encaixa em Insigne e corta-lhe o lance… A organização não foi a melhor mas o resultado final foi positivo.

insigne 2

Mais uma vez, os napolitanos executam a transição pelo flanco esquerdo. Os homens de Udine deixam Hysaj receber à vontade com espaço para progredir no terreno. Os jogadores da Udinese tentam no entanto encurtar ao máximo o espaço para jogar.

fofana 2

Fofana sai na pressão ao lateral. Como Insigne está a ser marcado de perto por Widmer, o lateral procura Hamsik em zona interior. Se a bola entra em Hamsik, o eslovaco poderia explorar por exemplo a entrada da bola entre a linha defensiva e a linha média em Mertens porque o centrocampista Andrija Balic não acompanhou o seu movimento nem o checo Antonin Barak fechou a linha de passe. Fofana habilmente fecha a linha de passe entre o albanês e o eslovaco, orientando o lateral para a linha, ou seja para a zona onde pode obrigar o lateral a cometer um erro…

fofana 3

Fofana pressiona, Widmer sai na cobertura. Hysaj acaba por fazer a bola sair das 4 linhas.

O lance que motivou o árbitro Marco di Belo a assinalar a grande penalidade que daria a vitória ao Napoli (Jorginho só conseguiu marcar à 2ª, na recarga, aproveitando uma defesa incompleta de Simone Scuffet) foi na minha opinião, a única falha comprometedora cometida pela formação de Oddo no primeiro tempo. Vejamos

allan

No momento em que os centrais napolitanos promovem a variação de flanco, Allan está a realizar um corte nas costas do checo Antonin Barak. Nem Barak nem Balic acompanham o seu movimento, deixando “literalmente o problema para os centrais. Barak até está de olho na possibilidade de fazer cobertura ao jogador de contenção. O brasileiro pede a Vlad Chiriches que explore Callejón. Allan não está a pedir aquela acção à toa. O médio sabe que entrando a bola no espanhol e estando ele em condições de a poder receber entre a linha média e a linha defensiva, pode criar-se uma acção prometedora se o espanhol puder flectir para dentro.

allan 2

Que se cria efectivamente. Callejón flecte para o interior. Allan já se encontra entre linhas. Se o passe sai, o brasileiro pode beneficiar do enorme distanciamento existente entre Angella e o central que actuou pela esquerda Samir para entrar na área em condução de modo a tentar finalizar ou servir uma eventual desmarcaçação de Dries Mertens. É precisamente isso que acontece. O desfecho do lance é uma mera situação de infortúnio, própria do jogo, para os homens da casa.

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