1, 2,3 – O Cavalinho voltou a vencer outra vez!

Fazendo jus à letra da cantiga de intervenção uma vez escrita e interpretada pelo génio de João Mário Branco, o eslovaco bicampeão mundial Peter Sagan “veio de longe, de muito longe” para escrever, em Bergen, mais uma bonita página de história no seu percurso, no percurso da modalidade no seu país e nos próprios anais da história da modalidade, tornando-se em solo norueguês o primeiro ciclista de sempre a conquistar por 3 ocasiões consecutivas a camisola do arco-íris. O ciclista eslovaco gosta tanto da camisola que não a quer largar por nada. A correr em casa, frente ao seu público, Alexander Kristoff tentou, até à última pedalada, conquistar o direito de usar a camisola que Sagan transporta no corpo desde Setembro de 2015, altura em que conquistou pela primeira vez a prova nos mundiais de Edmonton. Por uma roda se ganha, por uma roda se perde. O ciclismo é cheia de injustas fatalidades. O norueguês teve que se contentar com a prata (a 2ª do seu país; Thor Hushovd continua a ser o único corredor norueguês a ostentar a conquista de uma medalha de ouro) de uma corrida que foi bastante animadas nas voltas finais ao circuito fechado onde se desenrolaram 4\5 do percurso desenhado pela organização presidida precisamente por Hushovd. Continuar a ler “1, 2,3 – O Cavalinho voltou a vencer outra vez!”

No primeiro dia dos Campeonatos do Mundo, a Sunweb fez história

A propósito das vitórias de etapa, da conquista do Prémio da Montanha e do 10º lugar alcançado por Warren Barguil na geral individual na edição deste ano do Tour, das vitórias em etapas alcançadas por Michael Matthews (o vencedor do Prémio da Regularidade no Tour), do 4º lugar alcançado na geral individual da Vuelta por Wilco Kelderman e das vitórias de Tom Dumoulin na geral individual do Giro e no Binckbanck Tour, já pude realçar em vários posts o maravilhoso ano de estreia que está a ter a nova aposta desta empresa alemã ligada ao sector do turismo. Se em condições absolutamente normais, sem vitórias de excepção (considero como vitórias de excepção as vitórias nas principais voltas do calendário internacional, as provas de 3 semanas) dizem os especialistas da área que a aposta de uma empresa do ciclismo poderá gerar um retorno 3 a 4 vezes superior ao montante investido inicialmente, nem quero imaginar qual será o grau do retorno (quer em termos financeiros, quer ao nível mediático) que a empresa está actualmente a ter em função da espantosa época que as suas equipas (quer a masculina, quer a feminina) estão a realizar na presente temporada.  Continuar a ler “No primeiro dia dos Campeonatos do Mundo, a Sunweb fez história”

Vuelta – 21ª etapa – Matteo Trentin dá a 6ª vitória à Quickstep na prova, no dia de consagração de Froome e de homenagem a Alberto Contador

Seria difícil à partida para qualquer equipa conquistar este sprint à Quickstep. Para além de ser actualmente a equipa mais bem apetrechada de corredores para a disputa ao sprint e a mais organizada na preparação para a ponta final de qualquer etapa, a jogar a favor da vitória de Matteo Trentin estava ainda a possibilidade do italiano poder vir a subir ao pódio para receber da organização a merecida camisola verde se o italiano pudesse somar os 29 pontos máximos em disputa (4 do sprint intermédio mais os 25 relativos à vitória de etapa) desde que Christopher Froome não somasse mais de 3 pontos na etapa.

O italiano e a sua equipa prepararam muito bem o seu guião, dispuseram-se com avidez na frente para anular qualquer surpresa que pudesse surgir de um ou outro ciclista mais atrevido (Rui Costa e Alessandro DeMarchi bem tentaram resistir na frente nas voltas finais do habitual circuito desenhado pela organização no centro de Madrid), abandonando a frente temporariamente quando controlaram a fuga para guardar algumas energias para o acto de lançamento (foi aí que outras equipas como a Bahrain, a Bora e a Cannondale demonstraram as suas pretensões à etapa) mas tiveram na ponta final um pequeno percalço que seguramente não esperavam. Bem posicionado na dianteira do pelotão, Chris Froome não abdicou do seu direito real à camisola verde. O 11º lugar na etapa deu-lhe os pontos necessários (5) para juntar à entrega da encarnada e da branca (prémio combinado) a vitória na classificação dos pontos, categoria que dividiu em tomos iguais ao longo da prova com o lançador de Marcel Kittel.

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Vuelta – 19ª etapa – Prémio de temporada merecido para Thomas De Gendt

Thomas De Gendt. Para muitos, o nome deste belga de 30 anos nada diz. Para os amantes de ciclismo, é sinónimo de muita qualidade e acima de tudo de muita entrega à modalidade. Especialista na arte de expor a cara ao vento dia após dia, “morto na praia” tantas vezes naquelas dolorosas epopeias de dezenas de quilómetros que terminam a poucos metros da meta, em solitário ou com companhia, o belga é actualmente um dos melhores especialistas em fugas. O seu currículo fala pelo seu talento. Se exceptuarmos aquele maravilhoso (mas irrepetível) 3º lugar na geral da edição de 2012 do Giro, prova na qual o belga esteve a um pequeno passo de conquistar (haveria de ser conquistado pelo canadiano Ryder Hesjedal, ciclista entretanto retirado do ciclismo profissional desde o final da temporada de 2016), De Gent tem um palmarés (vitórias em etapas em provas como o GP de Waregem, Volta à Valónia, Volta a Navarra, Paris-Nice, Volta à Suíça, Giro d´Italia, Volta à Catalunha, Tour de France, Criterium Dauphiné e agora na Vuelta) invejável construído praticamente à base de escapadas e surpreendentes ataques nos quilómetros finais das etapas.

Esta vitória não foi excepção. Inserido numa fuga de várias unidades, onde circulou o nosso Rui Costa (já lá vamos), o belga foi o mais rápido no sprint realizado em Gijón.

Na geral, a Sky manteve tudo em pratos limpos no dia que antecede o “final virtual” da prova no Alto do Angliru, num dia em que Alberto Contador voltou a atacar. Continuar a ler “Vuelta – 19ª etapa – Prémio de temporada merecido para Thomas De Gendt”

Vuelta – 13ª etapa – Em Tomares, nos arredores de Sevilla, tomara a muitos ter esta organização da Quickstep

Já não existem adjectivos para descrever a prestação da formação belga (líder do ranking da UCI) durante a temporada de 2017: as vitórias caem estrondosamente no seu bolso como a água numa catarata. A Quickstep já é desde há muitos anos um projecto vencedor mas a verdade é que durante o presente ano ainda o está a ser mais vencedor. No Giro, os belgas venceram 4 etapas ao sprint com o colombiano Fernando Gavíria e 1 por intermédio de Bob Jungels. No Tour, Marcel Kittel limpou 5 etapas. Na Vuelta, Matteo Trentin, o lançador do alemão ganhou 3, Julian Alaphillippe ganhou outra e Yves Lampaert também já sentiu a emoção de subir ao pódio no final de uma etapa. Quando até a 3ª escolha (ainda tem uma 4ª: Maximiliano Richeze) para os sprints limpa 3 etapas numa Grande Volta, o que é que poderemos acrescentar ao formidável rendimento desta equipa?

Ao todo, a equipa que representa um dos maiores fabricantes mundiais de pavimentos laminados já conquistou 56 vitórias repartidas entre 2 vitórias em classificações gerais individuais, 10 prémios categorizados, e 44 etapas\provas de um dia. Nas 53 etapas corridas nas 3 grandes voltas até ao dia de ontem, a formação comandada por Patrick Lefévère conquistou um total de 15 etapas. Na esmagadora maioria das vitórias, há um denominador comum que explica grande parte do sucesso: a organização que esta equipa demonstra nas chegadas ao sprint. A vitória conquistada na 13ª etapa da Vuelta, não foi excepção.  Continuar a ler “Vuelta – 13ª etapa – Em Tomares, nos arredores de Sevilla, tomara a muitos ter esta organização da Quickstep”

Vuelta – 10ª etapa – Matteo Trentin vence a 2ª etapa na Vuelta; Nicolas Roche recupera 29 segundos na frenética descida para Múrcia

Em Múrcia, mais concretamente à entrada do Parque Industrial da El Pozo, conhecida empresa de processamento de carnes, Matteo Trentin pode conquistar a sua 2ª etapa na prova, tirada que se tornou em simultâneo a 4ª (4!!) vitória da Quickstep em 10 etapas. Numa fantástica tirada animada pela subida de categoria ao Alto de Collado Bermejo (6,5 km a 8,5% de pendente média) e pela frenética descida de sensivelmente 18 km (dividida em dois sectores por uma pequena fase de plano), o italiano da Quickstep, líder da classificação dos pontos pode bater o espanhol José Joaquin Rojas da Movistar ao sprint. Ainda não é desta feita que a equipa de Eusébio Unzué, equipa que está a ser comandada nesta Vuelta pelo antigo ciclista Chente Garcia Acosta vê recompensados todos os esforços que tem alocado para as fugas.

No que concerne à geral individual, a descida para Múrcia fez mais diferenças que a subida. Apesar de Vincenzo Níbali ter ameaçado poder ganhar tempo durante a descida, quem veio a realizar um ataque vencedor foi Stephen Roche. O principal gregário de Tejay Van Garderen obteve da direcção de corrida da equipa carta branca para reduzir tempo para a liderança, decisão estratégica que me leva a crer que o irlandês está a responder melhor aos estímulos da corrida e está interessado em constituir-se como mais uma ameaça para Chris Froome.

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Vuelta – 5ª etapa – Alexei Lutsenko reforçou o seu estatuto no alto de Alcossebre

“É uma grande vitória para a minha carreira” – destacou à chegada o jovem casaque de 23 anos. Não duvido nem discordo da afirmação porque o palmarés exibido pelo atleta assim o afirma. Não quero com isto dizer que o palmarés de Lutsenko seja um palmarés pobre em vitórias porque de facto não o é. Um ciclista de 24 anos (grande parte dos ciclistas atinge a sua “maioridade competitiva” aos 26 anos) que já venceu etapas em provas tão competitivas como o Paris-Nice, a Volta à Suíça, o Tour de L´Avenir (Volta à França do Futuro), o montanhoso Giro Valle D´Aosta, e que já atingiu pódios nas gerais individuais de outras como os 3 dias de Panne (prova de preparação para o Tour de Flandres) tem de possuir alguma qualidade.

À partida para esta Vuelta, eu sabia no meu íntimo que o combativo e possante corredor da Astana poderia ter uma multiplicidade de oportunidades para continuar a afirmar-se como um dos mais interessantes corredores da nova geração do ciclismo mundial. Não esperava porém que o ciclista o conseguisse fazer no seio de um grupo onde “morava” tanta qualidade. Não sendo um trepador puro (tem potencial para vir a melhorar visto que é um ciclista muito combativo e muito possante que se adapta bem a qualquer tipo de terreno, sem esquecer também a sua fisionomia de 1,75m\68 kg; se perder algum peso, o ciclista casaque poderá melhorar o seu rendimento na montanha) Lutsenko “tem muito” do seu compatriota e director desportivo Alexandre Vinokourov. Uma das características “partilhadas” por ambos é a coragem para atacar sem temer qualquer consequência que possa derivar dos seus ataques. À semelhança de Vino, Lutsenko também é um ciclista que não se enrodilha em questões tácticas ou energéticas quando tem que lançar um ataque: vai e pronto.

Na chegada à difícil rampa de Alcossebre (Alto da Ermita de Santa Lúcia; 3,4 km a 10%) o atleta casaque da Astana concretizou uma vitória construída num audaz ataque realizado na companhia de 2 mais ciclistas nas contagens de montanha anteriores à final, fintando por completo outros nomes que pareciam à partida mais talhados para discutir a vitória na rampa final.

No que concerne à geral, na subida final, Chris Froome pode fazer mais uma pequena selecção na “sua corrida particular”.

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Vuelta – 4ª etapa – Quickstep: uma máquina a fabricar vitórias

A actual líder do Ranking UCI é uma verdadeira máquina a fabricar vitórias. A vitória na 4ª etapa de Matteo Trentin (com esta vitória o ciclista italiano completa o pleno de vitórias nas 3 grandes voltas; já tinha conquistado 2 vitórias no Tour nas edições de 2013 e 2014 e uma vitória de etapa no Giro na edição de 2016 da prova italiana) em Engordany, Catalunha, representou o 53º triunfo de temporada (2 gerais individuais; 9 gerais de prémios categorizados; 41 etapas\provas de um dia) da formação belga comandada por Patrick Lefévère. Das 4 etapas até agora disputadas na prova espanhola, a Quickstep levou 2.

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Vuelta – 3ª etapa – Vincenzo Nibali vence na primeira grande selecção de candidatos

No principado de Andorra, à 3ª etapa, as contas saíram furadas a Christopher Froome, apesar do ciclista britânico ter ascendido à liderança da geral. Sinto-me um bocado frustrado por não ter escrito no primeiro post de antevisão um pressentimento que tive quando pude avaliar pela primeira vez o seu perfil: era óbvia a possibilidade do inglês vir a atacar a subida para o Alto De La Cornella para começar a “desenrolar” a clássica estratégia de domínio da Sky. Com uma etapa tão dura logo no 3º dia, a presença da Sky na frente da corrida nos seus momentos decisivos (a ascensão a La Rabassa, a ascensão ao alto de Cornellá) acusava uma estratégia tão clara como a água: o inglês iria atacar na subida final para tentar cumprir 2 objectivos: chegar à liderança da prova, de preferência com alguma vantagem (pelo menos 30 segundos) para os seus principais adversários para poder colocar a sua equipa na frente a controlar a corrida.

Os planos do ciclista inglês (e da formação britânica) acabaram por ser contrariados por 6 homens. A saber:

  • Esteban Chavez, no momento em que o inglês lançou um ataque mortífero.
  • Romain Bardet e Fabio Aru – ambos decidiram não ir ao choque quando o inglês atacou, preferindo aproveitar a descida para recolar.
  • Tejay Van Garderen e Nicholas Roche – Se os 2 BMC não tivessem executado um excelente trabalho na descida, Vincenzo Nibali não teria chegado à frente em condições de disputar a vitória na etapa.
  • Vincenzo Nibali – o italiano valeu-se do facto de ser o melhor finalizador de todos os ciclistas no grupo para voltar a ganhar tempo a todos os rivais.

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Vuelta – 2ª etapa – Yves Lampaert materializou o show táctico da Quickstep nos quilómetros finais da chegada a Narbonne

O percurso desenhado pela organização para os 203 km da etapa que ligou Nimes a Narbonne aparentava, em teoria, mais facilidades do que aquelas que de facto se apresentavam no terreno. Os 203 km seriam corridos quase totalmente num terreno plano mas toda a caravana estava avisada para a possibilidade de virem a ocorrer durante a etapa vários períodos de ventos cruzados (laterais e frontais) que poderiam formar o que em ciclismo se designa como abanico ou bordieu. As dificuldades que viriam a preencher os prontuários dos directores desportivos para a etapa levaram, por exemplo, a Trek Segafredo a assumir, desde o início, a dianteira da corrida com o objectivo de proteger o seu líder Alberto Contador e o seu candidato à vitória na etapa John Degenkolb dos cortes que os abanicos poderiam provocar ao longo da etapa. Já se sabe que neste tipo de etapas, qualquer corte que o vento possa efectuar no pelotão, obrigará as equipas a terem que baixar para poderem auxiliar os seus chefes-de-fila a recolocar-se no pelotão, sem terem, porém, uma garantia de sucesso porque, por norma, sempre que um chefe-de-fila cai num grupo atrasado, as restantes equipas aproximam-se da dianteira do grupo principal para complicar a sua tarefa de recolagem.

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