Vuelta – 21ª etapa – Matteo Trentin dá a 6ª vitória à Quickstep na prova, no dia de consagração de Froome e de homenagem a Alberto Contador

Seria difícil à partida para qualquer equipa conquistar este sprint à Quickstep. Para além de ser actualmente a equipa mais bem apetrechada de corredores para a disputa ao sprint e a mais organizada na preparação para a ponta final de qualquer etapa, a jogar a favor da vitória de Matteo Trentin estava ainda a possibilidade do italiano poder vir a subir ao pódio para receber da organização a merecida camisola verde se o italiano pudesse somar os 29 pontos máximos em disputa (4 do sprint intermédio mais os 25 relativos à vitória de etapa) desde que Christopher Froome não somasse mais de 3 pontos na etapa.

O italiano e a sua equipa prepararam muito bem o seu guião, dispuseram-se com avidez na frente para anular qualquer surpresa que pudesse surgir de um ou outro ciclista mais atrevido (Rui Costa e Alessandro DeMarchi bem tentaram resistir na frente nas voltas finais do habitual circuito desenhado pela organização no centro de Madrid), abandonando a frente temporariamente quando controlaram a fuga para guardar algumas energias para o acto de lançamento (foi aí que outras equipas como a Bahrain, a Bora e a Cannondale demonstraram as suas pretensões à etapa) mas tiveram na ponta final um pequeno percalço que seguramente não esperavam. Bem posicionado na dianteira do pelotão, Chris Froome não abdicou do seu direito real à camisola verde. O 11º lugar na etapa deu-lhe os pontos necessários (5) para juntar à entrega da encarnada e da branca (prémio combinado) a vitória na classificação dos pontos, categoria que dividiu em tomos iguais ao longo da prova com o lançador de Marcel Kittel.

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Vuelta – 20ª etapa – A despedida em ombros de Alberto Contador

O Campeão. O Grande Campeão.

Hoje fechou-se um ciclo muito importante na história do ciclismo: ao que tudo indica (confesso que ainda tenho uma réstia de esperança na possibilidade do ciclista vir a revogar a decisão tomada no início do mês de Agosto) não voltaremos a ver o gingar de Alberto Contador na montanha. Com a saída de cena do madrileno, encerra-se uma história muito bonita, todo um mundo de 14 anos na qual El Pistolero arrasou os corações de todos os amantes desta modalidade. Sentiremos saudade do seu gingar característico (movimento pastilha elástica) na bicicleta, da sua alma, da sua garra, das suas ganas, e da sua irreverência. Sentiremos também saudade da sua ousadia, daquela sua vontade em quebrar as mais instituídas regras (lembrei-me subitamente daquela afronta às ordens de Johann Bruyneel no Tour de 2009) e daqueles ataques que nos faziam levantar do sofá e gritar como loucos. Sentiremos saudades de todas as emoções que o madrileno nos deu quando naquele célebre ataque que deixou Andy Schleck à beira de um ataque de nervos, daqueles dois contra-relógios magníficos que lhe deram duas vitórias na Vuelta, daqueles ataques suicidas a dezenas de quilómetros da meta que lhe valiam as mais incríveis e vitórias. Para atacar não é preciso pensar-se duas vezes. Alberto Contador nunca parou para pensar: pedalou. Pedalou sempre à saciedade, sempre à procura de mais, sempre à procura de mais vitórias que o pudessem satisfazer.  Continuar a ler “Vuelta – 20ª etapa – A despedida em ombros de Alberto Contador”

Vuelta – 17ª etapa – Stefan Denifl deu a vitória da época à Aqua Blue Sport, no primeiro dia em que Christopher Froome revelou uma quebra física

Obra do multimilionário irlandês Rick Delaney, visionário empresarial irlandês nascido em Cork que tem feito a sua fortuna ao longo da última década na fabricação e distribuição de um conjunto de bebidas alcoólicas vendidas mundialmente como a Royal Dutch lager, Kah Tequila,ou a Oranjeboom, a equipa Aqua Blue Sports nasceu, no ano passado, com a vontade de ligar o útil (a vertente empresarial de Delaney) ao agradável, ou seja, a uma das grandes paixões do empresário; o ciclismo. Com um investimento total a rondar os 4 milhões de euros por temporada (500 mil recolhidos sob a modalidade de crowdfunding; segundo uma das mais recentes entrevistas feitas pelo Irish Examiner ao empresário, a empresa estima que o ciclismo possa garantir um retorno três vezes superior ao investimento nos próximos 2 anos) e um patrocínio garantido para 2 anos pela fabricante de bicicletas belga Ridley, Delaney não veio para o ciclismo “para ver a volta”. Logo no acto de abertura, o empresário irlandês confirmou que tendo estabelecido o projecto para esta e para as próximas 3 temporadas, todos os ciclistas contratados teriam que assinar contratos para as duas primeiras temporadas. O objectivo estabelecido pelo empresário passa por conseguir subir ao World Tour nas próximas 4 temporadas. Continuar a ler “Vuelta – 17ª etapa – Stefan Denifl deu a vitória da época à Aqua Blue Sport, no primeiro dia em que Christopher Froome revelou uma quebra física”

Vuelta – Etapa 12 – Tomasz Marczinski bisa na chegada a Los Dólmenes; Alberto Contador volta a dar espectáculo na montanha

Vuelta 2. World Tour 0. Se porventura dissessem, no início da prova, a Tomasz Marczynski que ele iria vencer duas etapas na dita, o polaco seria capaz de responder com uma tirada irónica. Qualquer ciclista com o potencial do polaco (3 vezes campeão nacional de estrada polaco; um palmarés com algumas vitórias, mas, quase todas em provas de menor importância e menor categorização) acredita que, num dia bom, pode conquistar uma vitória numa fuga, mas, daí até achar que iria vencer com imensa categoria duas etapas numa grande prova, vai um longo passo. Até à semana passada, o ciclista polaco nunca tinha conquistado qualquer etapa numa prova de World Tour. No espaço de duas semanas, conquistou 2 numa das maiores provas do calendário da categoria máxima.

Embalado pelo triunfo na semana passada, o ciclista polaco galvanizou-se quando acreditou que poderia surpreender todos os trepadores que consigo se encontravam no momento do ataque na 2ª categoria do Alto del Torcal.

Os grandes momentos do dia haveriam de ser protagonizados por dois homens: com um ousado ataque na subida para o Alto del Torcal, Alberto Contador voltou a ousar desafiar a liderança de Froome e os lugares dos 9 homens que se encontram à sua frente na geral, no dia em que Froome teve dois percalços que o levaram a perder alguns segundos para os mais directos rivais.  Continuar a ler “Vuelta – Etapa 12 – Tomasz Marczinski bisa na chegada a Los Dólmenes; Alberto Contador volta a dar espectáculo na montanha”

Vuelta a Espanha – 11ª Etapa – “Superman” Miguel Angel López vence no Observatório de Calar Alto; Chris Froome volta a defender a liderança

Com o seu dedo indicador bem erguido para o céu e consciente do que tinha acabado de fazer frente aos melhores desta Vuelta, Miguel Angel Lopez validou, na subida ao Observatório de Calar Alto, todo o potencial que lhe atribuem para o futuro. O colombiano nascido há 23 anos em Pesca, cidade da histórica região de Boyacá, casa de grandes trepadores responsável pela formação de uma generosa fatia dos grandes talentos dos “escarabajos” (Nairo Quintana, Winner Anacona, Edward Beltran, Fabio Parra, Ivan Parra, Dayer Quintana, Daniel Rincón e Maurício Soler) confirmou no Alto do Observatório de Calar Alto a razão que leva muitos analistas a apontá-lo com um dos mais promissores nomes a ter em conta para as grandes voltas do futuro. Depois de ter conquistado as gerais individuais de provas como a Volta à Suiça ou o Tour de L´Avenir (Volta à França do Futuro) e de ter conquistado também importantíssimas vitórias na Volta à Colômbia (1 etapa e a geral para sub-23), Vuelta a Burgos (3 etapas e a classificação da Juventude em 2015), na Clássica Milão – Turim, e na Ruta de San Luís (1 vitória de etapa e Prémio da Juventude), o colombiano pode juntar ao seu currículo uma fantástica vitória alcançada numa etapa de montanha da Vuelta, sem ter necessitado, para o efeito, de sair numa fuga.  Continuar a ler “Vuelta a Espanha – 11ª Etapa – “Superman” Miguel Angel López vence no Observatório de Calar Alto; Chris Froome volta a defender a liderança”

As imagens do dia

alberto contador

Se Froome foi durante o dia de ontem, rei e senhor na chegada ao Alto de Puig de Llorença, Alberto Contador e Alejandro Valverde são os verdadeiros reis do ciclismo espanhol. Enquanto o primeiro se despede do seu amado publico no final de cada etapa (Contador tem dado voltas à zona da meta para saudar todos aqueles que o tem acarinhado e aplaudido ao longo de anos na estrada) o segundo, ainda recupera da terrível lesão no joelho sofrida naquele malogrado prólogo de Dusseldorf.

valverde 6

A dar os primeiros passos em cima da bicicleta após o fatídico dia 1 de Julho, Balaverde, El Bala ou simplesmente La Flèche Murciana (aposto com vocês que para o ano, Valverde ainda vai ganhar a Flèche Wallone e a Liège) foi até ao hotel onde se encontram os seus companheiros de equipa dar um verdadeiro sinal de carinho, esperança e optimismo a todos os meninos da formação espanhola que se encontram, sem os seus chefes-de-fila, a lutar por um resultado que dignifique o valioso e histórico jersey que vestem. Montado na sua bicicleta, Alejandro Valverde treinou com os seus companheiros no suave treino de recuperação e manutenção que é realizado nos dias de descanso.

Quando alguns (nem todos; o meu avô por exemplo pode ver todos e sinceramente até já me confessou que esta geração não é inferior em nada às outras) falam que gostariam de ter nascido numa era susceptível de poderem ver nomes como Polidor, Merck, Ocaña, Delgado, Anquetil, Hinault, Fignon, Van Impe ou LeMonde (entre outros) eu sinto-me extremamente orgulhoso de ter nascido numa época que permitiu ver Valverde ou Contador. Daqui a 10 ou 20 anos, as novas gerações apreciadoras da modalidade falarão em Valverde e Contador com o mesmo carinho que a minha (a entrar na casa dos 30) fala de Jalabert, Virenque, Pantani, Ullrich, Tyler Hamilton, Beloki, Cadel Evans, Carlos Sastre, Zulle, Cippolini, Freire, Ballan, Bettini ou Erik Zabel.

 

Vuelta – 9ª etapa – Froome voltou a ser rei e senhor desta Vuelta no Alto de Puig de Llorença

Intratável. Obstinado. Confiante. Dominador. No Alto de Puig de Llorença, ascensão que abrilhantou o final da 9ª etapa (a última antes do primeiro dia de descanso, cumprido durante esta segunda-feira) o grande patrão do ciclismo mundial voltou a demonstrar quem é que manda nesta Volta à Espanha.

Eu não sou nem nunca fui grande fã de Froome, antes pelo contrário, sempre o odiei e nunca percebi como é que um ciclista semi-desconhecido que nada tinha feito de positivo na sua carreira até aos 25 anos, conseguiu de um momento para o outro, conquistar um 2º lugar na geral de uma prova de 3 semanas (Vuelta de 2010; o melhor resultado até então obtido numa grande volta tinha sido um modesto 36º lugar no Giro no ano anterior) e partir desse resultado para um verdadeiro ciclo de dominação sobre toda a sua geração. Confesso também que ao longo dos últimos anos fui um dos questionou seriamente (quando pude ver o ciclista a limpar etapas no Tour com uma cadência monstruosa) a “limpidez das suas prestações” – tive momentos em que pude ver nas suas prestações alguns lugares-comuns ao rendimento outrora demonstrado por Lance Armstrong no Tour. A cadência imprimida pelo inglês nos ataques que lhe deram as primeiras vitórias no Tour assim o faziam suspeitar. O rendimento do corredor da Sky não era de todo normal. Nesta Vuelta, o ciclista britânico voltou “às suas origens”, ou seja, a uma estratégia em que o ataque é a melhor defesa. Parece-me claro que esta estratégia se deve sobretudo ao facto do inglês não ter uma equipa tão pujante a acompanhá-lo, ou, melhor, uma equipa tão pujante quanto aquela que o acompanha no Tour. No entanto, os ataques realizados nas explosivas rampas que a prova espanhola tem oferecido nesta primeira metade, indiciam que, mesmo apesar de não se encontrar ao mesmo nível de forma em que se encontrava no Tour, sempre que ataca, Froome é melhor que toda a concorrência e não é, tão expansivo e tão denunciado quanto foi no passado Lance Armstrong. Continuar a ler “Vuelta – 9ª etapa – Froome voltou a ser rei e senhor desta Vuelta no Alto de Puig de Llorença”

Vuelta – 8ª Etapa – Julian Alaphillipe vence no Xorret de Catí; Christopher Froome volta a demonstrar a sua supremacia

Na última das 4 etapas de colinas\média montanha que fecharam a diabólica primeira semana da competição, as duras rampas dos 5 km da ascenção ao Xorret de Catí, subida cujas pendentes oscilaram entre os 11% e os 21%, tivemos direito aquele que me parece ter sido, na minha opinião o melhor espectáculo da prova até ao momento.

Julian Alaphillippe (Quickstep) pode, a partir de uma fuga, abençoar o seu regresso à competição após 6 meses de paragem e Christopher Froome voltou a dar uma valente malha nos seus rivais mais directos. Com um ataque, o ciclista britânico deu mais um passo para o cumprimento dos objectivos para os quais tem estado a lutar com afinco, foco, tenacidade e obstinação. Numa condição física excepcional, o chefe-de-fila da Sky, nem parece ter corrido há um mês atrás o Tour. As “ganas” de querer juntar à vitória alcançada na geral do Tour, a sua primeira vitória na Vuelta (tornando-se assim o 13º ciclista da História a conquistar duas grandes voltas no mesmo ano; o 3º a conquistar o Tour e a Vuelta no mesmo ano; até ao presente, apenas Bernard Hinault e Jacques Anquetil conseguiram alcançar tal feito) têm conduzido a estratégia do ciclista britânico, estratégia que tem sido uma espécie de regresso às suas origens. Na prova espanhola, Froome tem sido mais ofensivo e menos controlador (consequências derivadas do facto de não ter uma formação tão boa quanto aquela que apresenta no Tour) do que aquilo a que nos habituou. No Xorret de Catí, Froome voltou a atacar, levando consigo, apenas, Alberto Contador. Continuar a ler “Vuelta – 8ª Etapa – Julian Alaphillipe vence no Xorret de Catí; Christopher Froome volta a demonstrar a sua supremacia”

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