Tour de France – 15ª etapa – Bauke Mollema salva a honra do convento da Trek Segafredo

Quando a formação sediada no Luxemburgo tomou conhecimento da extinção da saudosa Tinkoff pela boca do seu excêntrico proprietário Oleg Tinkoff, tratou imediatamente de perceber se poderia atacar um ou mais activos da formação russa, com especial incidência sobre Alberto Contador. A contratação (imediata; foi comunicada pela sua nova equipa alguns dias depois de ser conhecido o final do projecto do banqueiro russo) do histórico trepador espanhol travou o progresso que a equipa vinha a realizar nos últimos anos com o seu chefe-de-fila absoluto Bauke Mollema.

Contratado em 2015 à Belkin (a equipa que comprou a licença de participação no World Tour da histórica Rabobank, máquina de formação que ao longo de décadas formou grande parte dos maiores talentos do ciclismo holandês) a Trek esperava que Mollema fosse capaz de reafirmar, nas grandes voltas, uma equipa sem grande rumo estratégico desde o momento em que os irmãos Schleck se finaram para o alto rendimento. À época, o trepador holandês já tinha alcançado resultados divinais nas grandes voltas, nas provas por etapas de uma semana e em algumas clássicas do calendário internacional. Para termos uma ideia, em 2015, Mollema já tinha realizado um prodigioso 4º lugar na Volta à Espanha de 2011, um 6º lugar no Tour de 2013 e um 10º lugar na edição de 2014. Tido em 2015 como um ciclista capaz de vir a lutar no futuro por uma vitória numa grande volta, estas eram as expectativas que a Trek depositava no corredor dos Países Baixos.

Mollema não desiludiu nos 2 anos em que foi o chefe-de-fila da equipa luxemburguesa. Mas também não evoluiu para o patamar que era esperado pelos responsáveis da equipa. Nas edições de 2015 e 2016, o holandês alcançou, respectivamente, um 7º lugar e um 11º lugar. Contudo, a formação luxemburguesa comandada pelo italiano Luca Guercilena apercebeu-se claramente das limitações do atleta: Mollema é um grande trepador (muito defensivo, é certo) mas não tem grande margem de evolução na arte do contra-relógio, facto que efectivamente lhe castra as possibilidades de vencer uma grande volta de 3 semanas.

A contratação de Alberto Contador surgiu portanto inserida como uma consequência dos resultados que o holandês obteve nos últimos 2 anos: ao contratar o espanhol, a formação luxemburguesa pretendeu apanhar os fogachos de virtuosismo que o consagrado espanhol ainda possa oferecer. Como tem vindo a provar ao longo dos últimos 15 dias, Alberto Contador não irá conseguir realizar melhor do que o resultado que foi obtido pelo holandês nos últimos dois anos. Mollema foi transformado portanto, no início desta temporada, numa espécie de sombra do espanhol. Nem se pode apelidar de gregário porque o italiano nunca está perto de El Pistolero quando este mais necessita.

Na chegada a Le-Puy-en-Velay, o holandês foi um dos numerosos ciclistas que tentaram a sorte logo no início da etapa. Com uma espantosa movimentação na descida que se realizou logo a seguir à primeira categoria de La Peyre Taillade, o holandês conseguiu “salvar a honra do convento da Trek” numa etapa caótica.

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Balanço do Giro de Itália – as grandes surpresas e as decepções da 100ª edição da prova italiana (2ª parte)

Nota Prévia: Este post é a 2ª parte do trabalho iniciado durante o dia de ontem no primeiro dos 3 posts dedicados ao Balanço da 100ª edição do Giro de Itália. 

Lukas Postlberger – Bora – Surpresa – Até à primeira etapa da prova, o austríaco Lukas Postlberger era para muitos um perfeito desconhecido. O ciclista só se tinha revelado ao grande público uma ou duas vezes ao longo da sua jovem carreira, quando venceu uma etapa no Tour de L´Avenir (A Volta à França dos jovens) e quando venceu uma das etapas da Volta à Austria. Sendo utilizado naquela primeira etapa como o principal lançador do sprinter que a Bora convocou para o Giro (o irlandês) Sam Bennett, o corredor de 25 anos aproveitou a fase de lançamento do primeiro sprint da prova para realizar um mortífero ataque que deu à Bora o seu principal objectivo para a prova: uma vitória de etapa e o direito a envergar a camisola rosa por um dia. Continuar a ler “Balanço do Giro de Itália – as grandes surpresas e as decepções da 100ª edição da prova italiana (2ª parte)”

Giro de Itália – Etapa 18 – Tejay Van Garderen vence na chegada a Ortisei; Dumoulin, Quintana e Nibali concedem tempo na geral

Desenganem-se todos aqueles que ao longo dos últimos dias pensaram que a discussão pela vitória na 100ª edição do Giro está “fechada a 3 corredores” – qualquer descuido do trio da frente poderá incorrer a corrida na situação verificada durante esta tarde nos últimos km da subida para Ortisei (St Ulrich): a reentrada de Thibault Pinot (Française des Jeux), Ilnur Zakarin (Katusha) e Domenico Pozzovivo (AG2R) na luta pela vitória na prova. Se, no espaço de 3 km e uns pós, o trio, conseguiu sacar entre 58 segundos, no caso de Pinot e Pozzovivo, e 42 no caso do trepador russo da Katusha, ao trio que segue na frente da geral da prova (Dumoulin, Nairo Quintana e Vincenzo Nibali), se amanhã e sábado, persistir o clima de “marcação cerrada” e “diálogo” entre os 3 enquanto os outros ganham segundos na frente, poderemos ter um volte face surpresa na prova.

Noutra “corrida” completamente à parte, Tejay Van Garderen deu a 2ª vitória de etapa à sua BMC. O ciclista Norte-Americano tirou novamente o pão da boca ao chefe-de-fila da Sky Mikel Landa em cima da linha de meta (3ª derrota ao sprint para o espanhol na prova) num dia em que a Sky voltou “a dar tudo nas fugas” para conquistar a vitória na etapa.
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Giro de Itália – Etapa 16 – Vincenzo Nibali ganha em Bormio e reduz diferenças; Tom Dumourin segura a rosa por um triz num dia de muito sofrimento na etapa raínha do Giro

Ao 19º dia do Giro, veio finalmente uma vitória italiana. O herói e esperança de todos os italianos à vitória na geral, Vincenzo Nibali, pode vencer a etapa rainha da prova.

Passado o último dia de descanso que a organização traçou para a prova, os ciclistas partiram para a fase decisiva da prova nos últimos 6 dias de corrida. Na última semana foram traçadas 5 etapas de montanha (a primeira delas, a etapa rainha) e um contra-relógio final que ligará o autódromo de Monza a Milão. Na primeira das 5 batalhas épicas que esperamos ver na alta montanha, pode-se dizer que tivemos um espectáculo emocionante devido a várias condicionantes particulares. Nos duros 222 km da ligação entre Rovetta e Bormio, os ciclistas teriam que ultrapassar 3 montanhas de altíssima exigência: o Passo di Mortirolo (1ª categoria), o Passo di Stelvio (a 2700 metros de altitude, o Stelvio é a única montanha categorizada como categoria especial da prova) e o Umbrailpass (1ª categoria) antes de descerem para a conhecida estância de inverno.

Num dia em que o líder Tom Dumoulin passou mal devido a uma diarreia que o obrigou a interromper a marcha na aproximação à subida final, Vincenzo Nibali e Nairo Quintana atacaram com vigor no Umbrailpass. Trilhando distâncias para os mais directos concorrentes, Nibali fez uma descida soberba que lhe permitiu alcançar o último fugitivo do dia (Mikel Landa da Sky) e bater o espanhol em cima da linha de meta.
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Giro de Itália – Etapa 14 – Tom Dumoulin volta a desafiar a Movistar

Não haja dúvida: Tom Dumoulin é um tipo de tomates! O holandês da Sunweb colocou o assunto da Geral a um nível pessoal, voltando a irritar todos aqueles que o perseguem com uma exibição de sonho coroada com uma vitória na linha de chegada na subida de 11,8 km ao Santuário de Oropa. O comportamento exibido pelo holandês no Blockhaus voltou a repetir-se: no início da subida, o mau posicionamento do holandês parecia indicar uma certa quebra física. A Movistar voltou a endurecer a corrida, seguindo-se o ataque de Nairo Quintana. Sem ir ao choque, o holandês tomou a dianteira da perseguição, colocou o ritmo mais confortável que poderia colocar face às circunstâncias da corrida e no final, ainda teve forças para vencer a etapa e cavar mais umas diferenças para os mais directos perseguidores.
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Giro de Itália – Etapa 10 – Tom Dumoulin dinamita a concorrência no crono e arremata a camisola rosa

Que prova do holandês! Que prova fantástica que o chefe-de-fila da Sunweb realizou no crono individual de 39,8 km disputado durante a tarde de hoje!

A prestação individual de Tom Dumoulin no crono era efectivamente um dos maiores senão o maior foco de interesse para a etapa. Para além de o considerar o principal favorito à vitória na etapa, sabia perfeitamente que o holandês poderia ganhar 1 minuto\1 minuto e meio a Nairo Quintana, diferença que lhe permitiria no final da etapa chegar à liderança da geral individual. Contudo, não previa, nem mais optimista das previsões a possibilidade deste cavar uma diferença abismal para todos os favoritos, dando 2 minutos e 7 segundos a Vincenzo Nibali (o ciclista da Bahrein-Mérida até acabou por se defender muito bem no contra-relógio) 2 minutos e 17 segundos de avanço a Bauke Mollema, 2:42 a Thibault Pinot, 2:53 a Nairo Quintana e 3:07 a Domenico Pozzovivo.  Continuar a ler “Giro de Itália – Etapa 10 – Tom Dumoulin dinamita a concorrência no crono e arremata a camisola rosa”

Giro de Itália – Etapa 9 – Nairo Quintana vence no Blockhaus numa lição estratégica da Movistar

Blockhaus – termo designado pelos soldados americanos e britânicos para caracterizar o bloco de gelo presente numa das montanhas do maçiço da Majella (região de Pescara) aquando da invasão à fascista Itália de Mussolini na 2ª guerra mundial. 14 km de subida a uma pendente média de 10% nos primeiros 10 km de subida e rampas de 14% dos 5 km finais. O espectáculo estava garantido para esta tarde bem como a possibilidade dos principais favoritos à gerais começarem a trilhar as primeiras diferenças entre si.

A Movistar pegou de estaca na corrida e nunca mais a largou, oferecendo a Nairo Quintana uma oportunidade de ouro para dinamitar toda a concorrência, incluindo Vincenzo Nibali, numa subida final que ficou marcada pela negativa pela queda sofrida por um grupo de corredores que incluía Geraint Thomas e Mikel Landa da Sky e Adam Yates da Orica logo no início da subida devido ao mau posicionamento na estrada de uma mota da polícia.

O colombiano pregou-nos um grande bluff quando afirmou, no final da subida que terminaria no colo do Monte Etna, “que não estava a 100%”  – 5 dias volvidos eis que nos brinda com uma exibição de altíssimo nível na montanha, conquistando a sua 3ª etapa no Giro. Continuar a ler “Giro de Itália – Etapa 9 – Nairo Quintana vence no Blockhaus numa lição estratégica da Movistar”

Tour of the Alps – Resumo da 3ª e 4ª etapa

No Alto de Funes San Pietro (subida na extensão de 8 km) Geraint Thomas foi mais forte que toda a concorrência. Partindo no último km de um 2º grupo, grupo que estava a 20 segundos dos homens da frente (o colega de equipa da Sky Mikel Landa e o chefe-de-fila da AG25 Doménico Pozzovivo, ciclistas que tinham atacado a meio da corrida), o galês da Team Sky não só teve pernas para conseguir anular a diferença como ainda acabou a atacar nos metros finais, cortando a meta lado-a-lado com Landa.

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Rohan Dennis confirma a sua evolução como ciclista na etapa 2 do Tour of the Alps

Numa etapa marcada pelas más condições climatéricas, facto que dificultou imenso a captação e envio de imagens por parte da empresa responsável pela transmissão televisiva, só pude ver o sprint final ganho pelo australiano da BMC. O ciclista nascido em 1991 em Adelaide voltou a provar que se está a transformar paulatinamente num corredor capaz de dar cartas na média montanha. Veremos no Giro (prova onde vai participar pela primeira na edição deste ano) será terá capacidade para acompanhar o seu chefe-de-fila TJ Van Garderen na alta montanha.

Em 2º lugar terminou Thibault Pinot. Os 6 segundos de bonus permitiram a ascensão do francês à camisola “Fuchsia” de líder da prova visto que recuperou os 4 segundos de atraso para Scarponi

A etapa ficou marcada por um ataque de Mikel Landa (Sky). O vencedor da edição de 2016 deu um arzinho da sua graça na descida que conduziu os ciclistas à subida final traçada. Na companhia do chefe-de-fila da Bardiani Stefano Pirazzi, o espanhol chegou a conseguir 20″ de vantagem para o grupo principal mas foi apanhado a meio da subida final.

Vitória de Scarponi na 1ª etapa do Tour of the Alps

Já cheira a Giro de Itália!

O Tour of the Alpes, nome do antigo Giro del Trentino, prova de categoria 2HC da UCI que liga Kufstein na Áustria a Trento na Itália em 5 etapas, é a primeira prova de preparação para o Giro D´Itália. Frequentada por quem tem ambições no Giro, a prova deste ano pode contar com nomes como Geraint Thomas e Mikel Landa (Sky; ainda está em péssima forma física), Thibault Pinot (Française des Jeux), Davide Formolo e Davide Villela (Cannondale), Doménico Pozzovivo (AG2R), Dario Cataldo e Michele Scarponi (Astana), Rohan Dennis e Damiano Caruso (BMC), José Mendes e Emmanuel Buchmann (Bora), Egan Bernal e Francesco Gavazzi (Androni) e Damiano Cunego (Vini Fantini).

O final da primeira etapa não poderia ser mais electrizante que aquele que aconteceu na curta (podemos chamar-lhe mesmo um muro) subida do Hungerburg, subida de 4km (pendente máxima de 7,6%; pendente média de 7%) nos arredores de capital do Tirol Innsbruck. Na subida final, o vencedor da edição do Giro de 2011, o italiano Michele Scarponi voltou a encontrar-se com as vitórias, 4 anos depois de ter vencido a sua última prova no Gran Premio della Costa Etruschi. A vitória do italiano é um bom prenúncio para as etapas de média e alta montanha que se seguem e é de certa forma sinal que Scarponi quer preparar bem a sua participação no Giro para quem sabe tentar batalhar por um lugar no top 10.
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