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Eu sou desde há muitos anos um admirador confesso da Torre de Tandil. Não tanto pela estirpe do seu ténis (um ténis mais pragmático, mais directo; daquela clássica tipologia de tenistas que não gosta de prolongar muito os pontos, que gosta de finalizar os pontos cedo, usando de toda a sua Potência nos serviços e nas respostas de serviço) que não encaixa muito nas minhas linhas de preferência (nesse aspecto em particular, admiro mais o ténis de Marin Cilic, ou seja, um ténis tecnicamente dotado embora Cilic também se tenha tornado um verdadeiro craque do serviço desde que passou a treinar-se com o “Rei Ibisevic”, cerebral, táctico, cheio de variabilidade, um ténis que encosta o adversário ao canto não lhe permitindo fazer “um único pintelho” da jogada, mas repúdio por exemplo a sua vontade de ganhar a qualquer custo, vontade que o levou há uns anos a cair nas malhas do doping) mas sim pelo seu espírito inquieto, resiliente e abnegado. Um atleta que passou pelo que passou o argentino nos últimos anos, muito dificilmente teria passado da segunda operação. Delpo ultrapassou 4 intervenções, todas no espaço de 2 anos. E mesmo assim, ainda conseguiu arranjar força mental para recomeçar a sua carreira literalmente do zero, sem quaisquer garantias de regresso ao olímpo do ténis. Outros, com menos força mental, continuariam provavelmente a viver do passado, daquele título memorável conquistado na década anterior, a gozar dos louros desse título ao largo de uma ilha paradísica do pacífico, a bordo de um iate, de cigarrinho na boca, meia dúzia de miúdas de bikini copa D na ilharga…
Delpo continua a batalhar pelo seu sonho. No Rio, poucos meses após o seu regresso À alta competição, Delpo foi sacar a prata. Entretanto ganhou 2 títulos ATP (ambos em Estocolmo) voltou a subir ao top 20 do ranking mundial (actualmente é 19º e até ao final do ano ainda poderá subir mais 4 ou 5 lugares, dependendo a sua subida do desfecho da importante partida que terá amanhã), limpou um cansado Federer do quadro de 2017 de US Open e está em condições de voltar a fazer a desfeita amanhã na final do ATP de 500 Basileia – ou seja, na casa do suíço, palco onde, por respeito, Roger deveria ser declarado vencedor ad-eternum.
Pelo meio, frente um Cilic que jogou melhor mas cometeu mais erros não-forçados, ficaram na retina aquelas duas esquerdas realizadas pelo argentino no verdadeiro climax do jogo.