Os processos bem operacionalizados do Besiktas nas acções de contragolpe

Os dois processos clássicos, cínicos, muito cínicos, muito eficazes, utilizados pela equipa turca nas acções de contragolpe. Señol Guñes está de parabéns pelo trabalho realizado ao longo dos últimos 26 meses no capítulo da operacionalização das suas ideias de jogo. Estes exemplos, já verificados quer no jogo do Dragão quer na vitória sobre o Leipzig são as amostras que confirmam a operacionalização total das suas ideias para as fases ofensivas da equipa. A formação turca não é um primor defensivo (acho que até que não se constitui como um exemplo a seguir ao nível de organização defensiva) e quem viu o jogo contra o Mónaco depreendeu que aos monegascos de Leonardo Jardim só faltou uma pitada de discernimento na hora de finalizar para capitalizar, na plenitude, o vasto número de erros (de posicionamento, de abordagem) cometidos pelos defesas da formação de Istambul. Contudo, cada recuperação que é realizada no interior do seu meio-campo é transformada, no contragolpe, num lance de perigo. E isso deriva do trabalho exaustivo que foi feito no capítulo da transição para o contra-ataque e obviamente da qualidade dos seus jogadores:

  1. Em primeiro lugar, da capacidade recuperadora que é possuída pelos médios Atiba Hutchinson, Ozyakup e Tolgay Arslan em terrenos mais recuados.
  2. Em segundo lugar, pela capacidade que estes médios tem de conseguir sair bem da pressão adversária no momento da transição para o contra-ataque.
  3. Em terceiro lugar, pela rápida projecção até ao último terço que é realizada pelos quer pelos seus extremos, quer por Anderson Talisca (Babel em zona mais interior, Quaresma totalmente aberto junto à faixa; Talisca avança até às imediações da meia-lua) no momento em que a bola é recuperada por um dos médios
  4. Em quarto lugar, pela eficaz capacidade de passe (curto e longo) que é possuída pelos médios para fazer a bola chegar rapidamente da entrada do meio-campo ou até de zonas mais recuadas até aos homens da frente.
  5. Quando recebe na meia-lua, Talisca procura imediatamente lançar Babel na esquerda. O holandês opta imenso por lances individuais, mas, sabe que na área, terá sempre a presença do brasileiro e de Cenk Tosun.
  6. O mesmo acontece no processo em que Quaresma recebe na direita. Quando cruza, o português tem a vida facilitada porque sabe que Tosun ou Anderson Talisca irão fazer um movimento de abordagem ao primeiro poste.

Os golos da jornada

O regresso do Mónaco de Jardim

Após a realização de uma pré-temporada algo periclitante no qual se depreendeu claramente que Leonardo Jardim terá que refazer a sua equipa (sem abdicar do seu tradicional modelo de jogo e da sua abordagem às partidas) com outros craques que a extraordinária formação (e direcção) monegasca lhe oferece, face às saídas de jogadores importantes como Benjamin Mendy, Tiemoué Bakayoko, Bernardo Silva e ao que tudo indica, Kylian Mbappé, a formação monegasca voltou, frente ao Marselha, ao seu estilo habitual. Do pouco que pude ver vi que a equipa voltou a recuperar os seus processos de jogo habituais (pressão alta à saída adversária, ataque à profundidade, tabelas no jogo interior, aceleração no contra-ataque seguida de abertura para a entrada de Thomas Lemar na esquerda) e foi muito eficaz nos lances de bola parada. O exemplo disso foram os golos apontados pelo central internacional polaco Kamil Glik e Radamel Falcão, em dois lances nos quais a formação orientada por Rudi Garcia cometeu dois inexplicáveis erros de marcação. No primeiro lance é inacreditável, para uma equipa que treina semanalmente lances de bola parada, o facto de terem aparecido 4 jogadores em zona de finalização sem marcação ou sem que a equipa pudesse justificar as falhas de marcação com um acto de subida da linha defensiva no momento do passe para deixar os monegascos em offside.

Thumbs down para Rudy Garcia. Este é um daqueles lances que deixa qualquer treinador à beira de um ataque de nervos. Ou melhor: lances. O Mónaco marcou 3 golos dos 6 golos em lances de bola parada. Garcia terá portanto muito trabalho pela frente neste capítulo durante os próximos 15 dias.

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O golo do dia

Na partida inaugural desta temporada da Ligue 1, o Toulouse de Pascal Dupraz deu água pela barba à defesa do campeão em título, o Mónaco de Leonardo Jardim. Prova disso foi o lance do primeiro golo, lance construído numa sublime jogada estudada num lance de bola parada.

Apontem-se as falhas que se quiserem apontar ao comportamento da formação monegasca neste lance: o trabalho de Dupraz e dos seus jogadores foi limpinho e cristalino com a água. O mérito da obtenção deste golo pertence claramente às acções desenvolvidas pelos jogadores do Toulouse. Ora vejamos:  Continuar a ler “O golo do dia”

Sporting 2-1 Mónaco: os aspectos positivos e os aspectos negativos da exibição dos leões no seu jogo de apresentação

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O miúdo que tinha que nascer 9 vezes para Jesus lhe dar uma oportunidade na equipa principal do Benfica

… acaba de render 60 milhões aos cofres do Mónaco. Não há como não adorar o seu adocicado pé esquerdo, a vertigem que coloca no jogo com as suas acelerações no drible, a inteligência com que pensa todas as suas acções e a sua capacidade de finalização. Continuar a ler “O miúdo que tinha que nascer 9 vezes para Jesus lhe dar uma oportunidade na equipa principal do Benfica”

A corrida de Mbappé para o título merecido de Leonardo Jardim

Kylian Mbappé bem como tantos outros, foram o corolário de uma aposta trilhada pelo português na juventude, quando os sonhos milionários incutidos pela direcção de Dmitry Rybolovlev se finaram. O português conseguiu, a pulso, alterar as novas ideias e estratégias trazidas pelos novos oligarcas para o futebol ao apostar no desenvolvimento de jovens com potencial em detrimento de estratégias que visam dotar as equipas de nomes sonantes contratados e pagos a peso de ouro.

Leonardo Jardim chega finalmente ao topo do futebol europeu. Suspeito que este título não marcará o topo da carreira do treinador português: Jardim provou-se ao longo dos anos como um treinador capaz de vingar, de atingir sucesso em todo o tipo de realidades: desde o clube mais modesto ao milionário Mónaco, o madeirense tornou-se capaz de transformar em ouro toda a matéria prima em que tocou, colocando equipas a jogar um excelente futebol com os recursos possuídos, atingindo sempre óptimos desempenhos e resultados. Creio portanto que o treinador tem todas as capacidades para finalmente dar o salto para um tubarão europeu.

A carreira português no Mónaco realçou-lhe todas as características que um grande treinador deve possuir para o ser. Todas: capacidade metodológica para trabalhar uma equipa de acordo com os seus princípios de jogo, adequação táctica personalizada a todos os adversários sem violar os princípios colectivos construídos, um excelente trabalho na optimização dos pontos fortes de todos os jogadores com quem trabalha, reconhecendo-lhes valor, um excelente trabalho no desenvolvimento de jogadores jovens e um discurso humilde assente no trabalho, sem floreados nem qualquer tipo de showoff. Neste último ponto, é correcto afirmar que ao longo destes anos nunca vimos o treinador perder, em qualquer momento, aquela postura de seriedade de quem, confiante, humilde e pacientemente trabalha para o sucesso e sabe que vai alcançá-lo mais dia menos dia, mostrando outra face diante dos jogadores. 

Este título, tem ainda mais sabor se pensarmos que o treinador português conseguiu inverter o pensamento estratégico dos dirigentes do clube. Quando chegou em 2014 à turma monegasca, adquirida na altura por um excêntrico multimilionário russo, o paradigma oferecido a Leonardo Jardim era efectivamente um paradigma de luxo. As contratações pagas a peso de ouro acabaram por surtir algum efeito a curto prazo com a conquista de uma vaga na Liga dos Campeões mas não conquistaram títulos de maior. Por outro lado, os nomes sonantes levaram o treinador português a exacerbar a sua veia pragmática e excessivamente resultadista, facto completamente antagónico à atitude que o pode içar desde o excelente trabalho desenvolvido pelo Beira-Mar, Braga e Sporting até ao principado do Mónaco. A venda dos nomes sonantes teve um efeito destruidor nos sonhos incutidos quando Jardim assinou pelo Mónaco, levando o treinador português a inverter a estratégia seguida pelo clube quando decidiu, em conjunto com o director desportivo Antonio Cordon, convencer a direcção monegasca a voltar a desenvolver a estratégia que tantos triunfos deu no passado ao clube do principado: uma aposta vincada na formação e no desenvolvimento de jovens talentos.

Este foi portanto o fruto dessa aposta, libertando o treinador português das amarras do pragmatismo para uma maior liberdade criativa. Essa liberdade criativa permitiu-lhe construir a equipa que hoje foi campeã de França, 17 anos depois de uma equipa que curiosamente também tinha um conjunto de jogadores formados ou desenvolvidos no clube como David Trezeguet, Phillipe Christanval, Julian Rodriguez, Tony Sylva (formados) ou Ludovic Giuly, Dado Prso, Fabien Barthez, Rafa Marquez, John Arne Riise e Willy Sagnol (desenvolvidos).

Análise: Juventus 2-1 Mónaco – Mais uma lição de bom futebol

Splendido! Suntuoso! Perfetto lavoro! A Juventus chega pela 2ª vez nas últimas 3 temporadas à final da Champions, carimbando a maravilhosa exibição no Stade Louis II com uma excelente primeira parte no Juventus Stadium. O Millenium de Cardiff será o palco onde os bianconeri jogarão novamente os sonhos de uma década.

A vitória da Juve nesta eliminatória, frente um Mónaco que ficou aquém das expectativas que foram naturalmente depositadas em função dos resultados que a turma de Leonardo Jardim acumulou nas anteriores eliminatórias, alicerçou-se essencialmente em factores: comportamento defensivo, rigor táctico e uma ampla capacidade de fazer a diferença no ataque através do “ataque posicional” (os jogadores aparecerem nas posições em que devem estar) nas saídas rápidas para o contra-ataque.
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Análise: Mónaco 0-2 Juventus – Um trio mortífero!

O topo do cinismo ou o topo da inteligência na gestão de um jogo? Esta é a pergunta de partida que deixo no início desta crónica para que os leitores possam reflectir sobre o que se passou no jogo desta noite no Estádio Louis II. Uns dirão que a Juventus foi uma equipa cínica que viveu no erro do adversário, aproveitando os erros adversários para criar as jogadas de perigo que a turma italiana criou na partida. Outros dirão que os piemontesi foram muito inteligentes na forma em como abordaram todos os contextos que o jogo ditou. Nenhuma das “correntes de opinião” está totalmente errada mas também não explica 100% o desfecho final da partida. Temos obrigatoriamente que juntar ao cinismo e à inteligência\eficácia táctica defensiva dos bianconeri, o receio acumulado pelo Mónaco desde o início da partida e a subtil mudança que Leonardo Jardim protagonizou à identidade de jogo da equipa.  Continuar a ler “Análise: Mónaco 0-2 Juventus – Um trio mortífero!”

A vitória dos processos simples

A vitória do Nice sobre o PSG, vitória que garante praticamente a conquista do título (merecida) para o Mónaco de Leonardo Jardim, é um dos destaques do fim-de-semana. Esta vitória traz no entanto algum sentimento de injustiça para a equipa da riviera francesa: se a equipa não tivesse deslizado recentemente com os empates somados frente a Toulouse, Nantes (apesar do Nantes estar a realizar uma razoável campanha com Sérgio Conceição na presente temporada) e Caen, poderia estar neste momento a lutar pelo título com as “mesmas armas” do Mónaco, premiando de certa forma o enorme trabalho do seu treinador Lucien Favre na construção de uma equipa (de processos simples, de recuperação e lançamento do contra-ataque) que tinha tudo para dar “errado” – aliás, que tinha tudo para dar errado pela quantidade de jogadores inadptados (para não dizer “perdidos para o futebol”) noutras paragens do futebol europeu.

Dante, Ricardo Pereira, Younés Belhanda, Mario Balotelli e Valentin Eysseric são os exemplos mais crassos de jogadores que foram “recauchutados” para o futebol pelo técnico suiço de 59 anos, constituindo uma equipa de processos simples que cumpre os básicos do futebol: defende bem (é a 2ª melhor defesa do campeonato com os mesmos golos sofridos que o Mónaco, 29), tem uma capacidade de pressão admirável a meio-campo (Belhanda é um dos responsáveis pela capacidade de pressão e recuperação da bola a meio-campo) e consegue criar sempre perigo no lançamento do contra-ataque com poucas unidades porque a equipa está formatada para um conjunto de processos que lhe permite contra-atacar de forma eficaz com poucas unidades: assim que a bola é recuperada, os médios tendem a servir as entradas dos homens dos corredores (Dalbert e Ricardo), ficando a expensas destes a criação de desequilíbrios no drible e\ou o serviço dos homens da frente, sem que a equipa perca contudo uma noção muito objectiva do jogo que é rematar. É portanto uma equipa constituída por jogadores que não tem medo de rematar, de rematar muito, mesmo que a percentagem de sucesso seja diminuta face ao número de remates. Claro que nesta mecânica haverão jogos em que a taxa de sucesso é alta. O jogo de ontem foi um dos exemplos.

A divinal jogada de Gil Dias


No Rio Ave vs Arouca desta noite. Seria provavelmente um dos golos do ano. Apesar de não ter marcado, fica aqui o registo de um jogador que está cada vez mais rápido, mais forte na finta, mais inteligente na forma em como ataca os espaços e muito mais criativo. O diamante foi bem lapidado em Vila do Conde. Agradece Leonardo Jardim, o homem que decerto irá catapultar este jogador para a alta roda do futebol mundial!

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