Vuelta – 9ª etapa – Froome voltou a ser rei e senhor desta Vuelta no Alto de Puig de Llorença

Intratável. Obstinado. Confiante. Dominador. No Alto de Puig de Llorença, ascensão que abrilhantou o final da 9ª etapa (a última antes do primeiro dia de descanso, cumprido durante esta segunda-feira) o grande patrão do ciclismo mundial voltou a demonstrar quem é que manda nesta Volta à Espanha.

Eu não sou nem nunca fui grande fã de Froome, antes pelo contrário, sempre o odiei e nunca percebi como é que um ciclista semi-desconhecido que nada tinha feito de positivo na sua carreira até aos 25 anos, conseguiu de um momento para o outro, conquistar um 2º lugar na geral de uma prova de 3 semanas (Vuelta de 2010; o melhor resultado até então obtido numa grande volta tinha sido um modesto 36º lugar no Giro no ano anterior) e partir desse resultado para um verdadeiro ciclo de dominação sobre toda a sua geração. Confesso também que ao longo dos últimos anos fui um dos questionou seriamente (quando pude ver o ciclista a limpar etapas no Tour com uma cadência monstruosa) a “limpidez das suas prestações” – tive momentos em que pude ver nas suas prestações alguns lugares-comuns ao rendimento outrora demonstrado por Lance Armstrong no Tour. A cadência imprimida pelo inglês nos ataques que lhe deram as primeiras vitórias no Tour assim o faziam suspeitar. O rendimento do corredor da Sky não era de todo normal. Nesta Vuelta, o ciclista britânico voltou “às suas origens”, ou seja, a uma estratégia em que o ataque é a melhor defesa. Parece-me claro que esta estratégia se deve sobretudo ao facto do inglês não ter uma equipa tão pujante a acompanhá-lo, ou, melhor, uma equipa tão pujante quanto aquela que o acompanha no Tour. No entanto, os ataques realizados nas explosivas rampas que a prova espanhola tem oferecido nesta primeira metade, indiciam que, mesmo apesar de não se encontrar ao mesmo nível de forma em que se encontrava no Tour, sempre que ataca, Froome é melhor que toda a concorrência e não é, tão expansivo e tão denunciado quanto foi no passado Lance Armstrong. Continuar a ler “Vuelta – 9ª etapa – Froome voltou a ser rei e senhor desta Vuelta no Alto de Puig de Llorença”

Vuelta – 4ª etapa – Quickstep: uma máquina a fabricar vitórias

A actual líder do Ranking UCI é uma verdadeira máquina a fabricar vitórias. A vitória na 4ª etapa de Matteo Trentin (com esta vitória o ciclista italiano completa o pleno de vitórias nas 3 grandes voltas; já tinha conquistado 2 vitórias no Tour nas edições de 2013 e 2014 e uma vitória de etapa no Giro na edição de 2016 da prova italiana) em Engordany, Catalunha, representou o 53º triunfo de temporada (2 gerais individuais; 9 gerais de prémios categorizados; 41 etapas\provas de um dia) da formação belga comandada por Patrick Lefévère. Das 4 etapas até agora disputadas na prova espanhola, a Quickstep levou 2.

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Binckbank Tour – 5ª etapa – Lars Boom vence uma corrida com uma multiplicidade de equações em jogo

Nota prévia: Em primeiro lugar, cumpre-me saudar e elogiar o desenho escolhido pela organização da prova para a etapa corrida à volta da cidade de Sittard. O traçado desenhado para a etapa bem como aquele quilómetro dourado (3 sprints intermédios bonificados colocados no reduzido espaço de um quilómetro) que foi “inventado” pela organização a seguir à passagem dos ciclistas pela subida ao Schatzberg (800 metros com uma pendente média de 5%) era prometedor, à partida, de espectacularidade. Nesse quilómetro dourado, se um ciclista conseguisse passar na frente dos 3 sprints bonificados, conquistaria a preciosa vantagem de 18 segundos. A colocação dos 3 sprints intermédios à saída da ascensão para a última dificuldade do dia não foram colocados à toa pela organização. Se a corrida decorresse de acordo com os moldes previstos pela organização, os ciclistas com interesse à geral sentir-se-iam aliciados a atacar na subida final para ir buscar os segundos de bonificação.

A 5ª etapa da Binckbank Tour (antigo ENECO Tour) foi uma tirada de 1000 contornos estratégicos. Nos 163,7 km de corrida, os ciclistas teriam de enfrentar um complexo conjunto de 20 colinas até chegarem à recta da meta no Autódromo da Cidade de Sittard. À primeira vista, o traçado oferecia muitas oportunidades para puncheurs e afigurava-se como algo penoso para alguns roladores, pese embora o facto de terem chegado alguns no grupo que desde cedo tomou a dianteira da corrida. Continuar a ler “Binckbank Tour – 5ª etapa – Lars Boom vence uma corrida com uma multiplicidade de equações em jogo”

Tour de France – Etapa 5 – Aru aviou por completo as meninas bonitas!

O bombástico ataque realizado pelo italiano a 2,2 km do alto da Planche des Belles Filles merece mais do que um ousado título pornográfico para este post. A pornografia exibida na monumental cadência com que o italiano atacou a meta, merecia ser exibida na primeira página do Brazzers.com, ainda para mais se atendermos ao contexto de extrema dificuldade (para lançar um ataque) que a máquina de guerra da Sky colocou nos 5,8 km finais da árdua subida para o local de chegada da 5ª etapa. O italiano foi simplesmente sensacional! Fábio Aru subiu na bolsa de apostas. Se no final do Criterium Dauphiné afirmei de viva voz aqui neste blog que tanto o italiano como o seu colega Jakob Fuglsang (vencedor da geral individual do Criterium) seriam as principais ameaças com que Porte e Froome teriam que lidar no Tour devido ao excepcional momento de forma apresentado, no final da etapa de hoje acredito piamente que o italiano poderá conseguir vencer este Tour com as diferenças que será passível de realizar na alta montanha da prova.

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Tour de France – Etapas 1 e 2 – Geraint Thomas vence o crono de abertura com alguma surpresa; Marcel Kittel arrecada a vitória na chegada a Liège

A 104ª edição do Tour de França arrancou oficialmente para a estrada durante a tarde de ontem em Dusseldorf. Naquela cidade alemã, os 180 ciclistas em prova puderam cumprir, numa complicada secção de luta contra o relógio, os primeiros 14 dos 3540 km designados para a prova pela Amaury Sports Organization (ASO). Perante condições atmosféricas muito difíceis que obrigaram os ciclistas à adopção de posturas de corrida muito cautelosas, especialmente nas múltiplas viragens que o perfil de etapa oferecia, o galês Geraint Thomas (Sky) venceu com alguma surpresa (quando toda a gente previa a mais que provável vitória do campeão do mundo Tony Martin) o primeiro contra-relógio dos dois previstos para as 21 etapas, no dia que ficou marcado pela aparatosa queda que retirou Alejandre Valverde de combate. O espanhol acabou por sofrer uma queda muito aparatosa numa viragem. A prova ficou assim sem um dos seus principais agitadores.

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Volta à Suíça – Etapa 6 – Pozzo confirma o seu actual momento de forma na intempérie de La Punt

Com um fantástico ataque nos km´s finais da extensa e exigente subida para a estância de ski de La Punt, o italiano da AG2R pode obter a diferença que lhe permitiu conquistar a vitória na 6ª etapa da prova suíça e chegar à liderança da prova. Numa etapa de montanha que voltou a ser marcada por vários ataques e contra-ataques dos contenders, Rui Costa conseguiu realizar uma extraordinária corrida que lhe permitiu coleccionar mais um 2º lugar na presente temporada. Não obstante o facto de ter falhado novamente a vitória de etapa, o português pode angariar alguns segundos preciosos em relação aos rivais que lhe permitiram reentrar na luta pela vitória final.

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Criterium Dauphiné – Etapa 4 – Richie Porte está bem e recomenda-se

A 4ª etapa trouxe o primeiro grande desafio deste Criterium Dauphiné. O contra-relógio de 23 km disputado entre Le Tour du Pin e Bourgoin-Jallieu foi o primeiro estado de aferição às pernas e às sensações dos grandes candidatos à conquista da vitória na classificação geral individual desta emblemática prova de preparação para o Tour, e por conseguinte, do próprio Tour. Para além do momento de forma actual que se pretendia aferir, o contra-relógio realizado durante a tarde de hoje também serviria de certa forma de balão de ensaio para os “similares” cronos que se irão realizar na prova que começa curiosamente com uma luta individual contra o relógio de 14 km em Dusseldorf.

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Balanço do Giro de Itália – as grandes surpresas e as decepções da 100ª edição da prova italiana (1ª parte)

Quando o holandês Tom Dumoulin chegou à Sardenha para iniciar a sua prestação na 100ª edição do Giro de Itália, não estaria decerto convicto que poderia lutar pela vitória na geral individual. Na verdade, poucos foram aqueles previam nas suas mais optimistas previsões, a possibilidade do ciclista holandês poder vir intrometer-se na luta particular que se iria decerto travar nas estradas italianas entre Nairo Quintana, Vincenzo Nibali, Mikel Landa e Thibault Pinot. Tal cenário estava reservado, na melhor das hipóteses, a ciclistas como Ilnur Zakarin, Tejay Van Garderen ou Steve Kruijswijk. O holandês da Lotto-Jumbo era, dentro deste lote de possíveis outsiders, aquele que reunia mais consenso entre os especialistas na modalidade em virtude dos resultados obtidos pelo ciclista nas últimas edições da prova. O 7º lugar alcançado na geral em 2015 e o brilhante 4º lugar arrancado na edição do ano passado, prova em que esteve efectivamente muito próximo da conquista de um feito épico, não fosse a queda sofrida na recta final da mesma, colocavam imensa pressão (pressão à qual este não soube responder a preceito no decurso da prova) sobre os ombros do trepador holandês. Kruisjwijk viria a desistir na 20ª etapa numa fase da prova em que ainda lutava por uma posição nos 10 primeiros da prova. Na montanha, o ciclista da Lotto-Jumbo realizou exibições muito aquém das suas capacidades.

Tom Dumoulin, por sua vez, já tinha provado ser capaz de poder lutar por um lugar no top 10 de uma prova de 3 semanas. Com um excelente desempenho na edição de 2015 da Vuelta, prova em que andou durante várias etapas com a camisola vermelha, fechando a geral na 6ª posição, o holandês pode calar todos os críticos que consideravam que este jamais passaria de um excelente rolador com alguma propensão para o ataque em etapas de média montanha. Muitos consideraram portanto que o holandês dificilmente poderia assumir-se como um contender à geral individual porque teria muitas dificuldades para brilhar na alta montanha face à enorme concorrência dos trepadores puros como NairoMan, Thibault Pinot ou o Tiburon de Messina Vincenzo Nibali.

As baixas expectativas depositadas por vários analistas acabaram por funcionar muito bem a favor das pretensões que foram geradas pelo ciclista no decurso da prova. A partir do momento em que este conseguiu passar as duas primeiras grandes dificuldades montanhosas da prova (Monte Etna e Blockhaus) sem ceder tempo perante os principais favoritos, o holandês começou a ser mais respeitado dentro do pelotão. Quintana, Nibali e Pinot chegaram inclusive, na última tirada da prova, a unir esforços para tentar cavar uma diferença aceitável que lhes permitisse não terem que lidar com a ameaça que o holandês representava no contra-relógio final. Afinal de contas, o traçado desenhado pela organização para a 2ª metade da prova jogava parcialmente a seu favor. Com um contra-relógio longo (de altíssimo grau de dificuldade técnica) e outro de média distância a finalizar a prova, o holandês só precisava de não perder tempo na montanha.

Feita esta pequena introdução ao tema, e, relembrando a cobertura quase “exaustiva” (faltaram as duas etapas finais da prova, por manifesta falta de tempo) da prova ao longo das 3 semanas, este post visa essencialmente fazer um balanço global sobre a mesma, utilizando para tal uma estrutura crítica dividida em 3 partes assente no rendimento daqueles que consideramos terem sido as principais surpresas e as principais decepções da prova italiana. Continuar a ler “Balanço do Giro de Itália – as grandes surpresas e as decepções da 100ª edição da prova italiana (1ª parte)”

Giro de Itália – Etapa 18 – Tejay Van Garderen vence na chegada a Ortisei; Dumoulin, Quintana e Nibali concedem tempo na geral

Desenganem-se todos aqueles que ao longo dos últimos dias pensaram que a discussão pela vitória na 100ª edição do Giro está “fechada a 3 corredores” – qualquer descuido do trio da frente poderá incorrer a corrida na situação verificada durante esta tarde nos últimos km da subida para Ortisei (St Ulrich): a reentrada de Thibault Pinot (Française des Jeux), Ilnur Zakarin (Katusha) e Domenico Pozzovivo (AG2R) na luta pela vitória na prova. Se, no espaço de 3 km e uns pós, o trio, conseguiu sacar entre 58 segundos, no caso de Pinot e Pozzovivo, e 42 no caso do trepador russo da Katusha, ao trio que segue na frente da geral da prova (Dumoulin, Nairo Quintana e Vincenzo Nibali), se amanhã e sábado, persistir o clima de “marcação cerrada” e “diálogo” entre os 3 enquanto os outros ganham segundos na frente, poderemos ter um volte face surpresa na prova.

Noutra “corrida” completamente à parte, Tejay Van Garderen deu a 2ª vitória de etapa à sua BMC. O ciclista Norte-Americano tirou novamente o pão da boca ao chefe-de-fila da Sky Mikel Landa em cima da linha de meta (3ª derrota ao sprint para o espanhol na prova) num dia em que a Sky voltou “a dar tudo nas fugas” para conquistar a vitória na etapa.
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Giro de Itália – Etapa 16 – Vincenzo Nibali ganha em Bormio e reduz diferenças; Tom Dumourin segura a rosa por um triz num dia de muito sofrimento na etapa raínha do Giro

Ao 19º dia do Giro, veio finalmente uma vitória italiana. O herói e esperança de todos os italianos à vitória na geral, Vincenzo Nibali, pode vencer a etapa rainha da prova.

Passado o último dia de descanso que a organização traçou para a prova, os ciclistas partiram para a fase decisiva da prova nos últimos 6 dias de corrida. Na última semana foram traçadas 5 etapas de montanha (a primeira delas, a etapa rainha) e um contra-relógio final que ligará o autódromo de Monza a Milão. Na primeira das 5 batalhas épicas que esperamos ver na alta montanha, pode-se dizer que tivemos um espectáculo emocionante devido a várias condicionantes particulares. Nos duros 222 km da ligação entre Rovetta e Bormio, os ciclistas teriam que ultrapassar 3 montanhas de altíssima exigência: o Passo di Mortirolo (1ª categoria), o Passo di Stelvio (a 2700 metros de altitude, o Stelvio é a única montanha categorizada como categoria especial da prova) e o Umbrailpass (1ª categoria) antes de descerem para a conhecida estância de inverno.

Num dia em que o líder Tom Dumoulin passou mal devido a uma diarreia que o obrigou a interromper a marcha na aproximação à subida final, Vincenzo Nibali e Nairo Quintana atacaram com vigor no Umbrailpass. Trilhando distâncias para os mais directos concorrentes, Nibali fez uma descida soberba que lhe permitiu alcançar o último fugitivo do dia (Mikel Landa da Sky) e bater o espanhol em cima da linha de meta.
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