Dois puros momentos de rock and roll!

Continuo ainda debruçado em alguns dos pormenores da vitória alcançada pelo City na noite de ontem frente ao Southampton. Como fiz questão de referir no post anterior, os lances de bola parada, em especial os pontapés de canto (na defesa aos livres laterais que o Southampton dispôs a mais de 30 metros da baliza, livres em que a equipa aproveita naturalmente para tentar criar situações de finalização para os seus 3 centrais, todos eles bons cabeceadores, Pep voltou a pedir à equipa para se posicionar em linha, subida, no exterior da área; executando uma estratégia cujos objectivos eram, em primeiro lugar, como não poderia deixar de ser, impedir situações de finalização e promover a recuperação da posse\iniciativa de jogo, e em segundo lugar, caso não fosse possível impedir a finalização adversária, dificultá-la ao máximo ou seja, assegurar que o adversário nunca dispusesse de situações de finalização demasiado próximas da baliza e flagrantes. Como Ederson é um guarda-redes que sabe medir muito tempo o tempo de saída a um cruzamento, o catalão confia ao brasileiro a rectaguarda da sua defesa caso o jogador que vai cobrar a falta tente bombear a bola para além do ponto até onde a defesa poderá previsivelmente descer) foram uns dos vários problemas colocados para formação orientada por Maurizio Pellegrino. Posso até afirmar, com conhecimento de causa que esta fase do jogo tem sido o verdadeiro tendão de aquiles da equipa de Manchester na presente temporada.

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O futebol de altíssimo quilate praticado pelo Manchester City frente ao Burnley

Para preencher as horas mortas dos aficionados que visitam diariamente este blog, (o meu obrigado!) deixo-vos aqui alguns momentos do meu “atípico” sábado (confesso que neste sábado só vi “partida e meia”; felizmente, pude ver, na íntegra, os 90 minutos da partida disputada entre o Manchester City e o Burnley e a primeira parte do FC Porto frente ao Paços de Ferreira) pouco desportivo:

Jogada 1

No meu humilde entendimento esta foi a jogada que melhor resume a filosofia de jogo  operacionalizada por Pep Guardiola nos Citizens. Em 22 segundos, 4 passes e 16 toques na bola (contando com os 9 toques dados por Bernardo Silva naquela admirável arrancada na qual o internacional português meteu a linha média do Burnley no bolso) os citizens fizeram chegar a bola da entrada da sua área à área adversária? Futebol minimalista? Não. Este futebol muito que se lhe diga ao nível de dinâmicas:  Continuar a ler “O futebol de altíssimo quilate praticado pelo Manchester City frente ao Burnley”

Verticalidade, velocidade, mobilidade e o apoio frontal certeiro de Gabriel Jesus para abrir o espaço que permitiu a DeBruyne abrir o marcador e limitou a acção de Christensen

É isto que Guardiola gosta de ver. Verticalidade no início da construção, velocidade, mobilidade ( o arrastamento promovido por Gabriel na cedência do apoio frontal permite a criação de um espaço que vai ser aproveitado por DeBruyne para a entrar no espaço vazio que existe ali à entrada da área, limitando posteriormente a intervenção do central no momento em que de Bruyne se prepara para armar o remate; Christensen chega atrasado ao lance, não lhe sendo portanto possível limitar a acção de remate do belga) e pragmatismo.

Os golos do dia (1ªparte)

Um auspicioso início de temporada para Romelu Lukaku

Ultrapassada que está, creio, a ligeira incongruência cometida por José Mourinho relativa à contratação de um jogador, por 75 milhões de euros, duas épocas depois de o ter dispensado quando era treinador de um adversário directo do United, num processo que conduziu à sua contratação por parte do clube que vendeu o jogador à posteriori para o clube de Manchester, a cada vez mais influência do jogador no futebol do United está à vista.

Eu não sou muito fã de estatísticas, reconheço. No entanto sei reconhecer a sua preciosa utilidade para avaliar determinados aspectos de evolução técnica ou táctica de um jogador e utilizo-as de vez em quando para esse efeito quando as estatísticas desse jogador combinam com uma ou mais observações nas quais vislumbro qualidade nas acções. Ao contrário do que vejo por aí em alguns jornais, sites e blogs de especialidade não as utilizo de forma abundante para explicar o quer que seja porque não sou, de todo, adepto de modelos de observação tecnocratas mas sim de modelos de observação qualitativos, modelos nos quais os aspectos matemáticos do jogo são meros exemplos complementares para reforçar essa mesma qualidade. Não me adiantam portanto os milhares de quadros estatísticos disponíveis em vários sites para perceber se um rendimento de um jogador traz qualidade ao futebol de uma equipa porque a qualidade nas várias vertentes do jogo só pode ser aferida qualitativamente através dos proveitos que o seu rendimento traz para o futebol dessa equipa, mediante a satisfação de um conjunto de factores de aferição nos quais devem estar sempre presentes o sistema táctico e modelo de jogo utilizado\operacionalizado pelo seu treinador, a interacção com os companheiros de equipa no terreno jogo e o benefício ofensivo ou defensivo que certa acção praticada oferece ao jogo da equipa.  Continuar a ler “Os golos do dia (1ªparte)”

A perfeição

54 toques, 2 minutos e meio com a posse de bola e um golo a abrir, sem que o adversário tivesse oportunidade para acariciar a redondinha. Quem não gostaria de ter na sua equipa estes processos de circulação? Quem não gostaria de ter uma equipa com jogadores com este nível de mobilidade, abrindo sempre linhas de passe a quem tem bola, e entregando a bola a quem se desmarca para receber? Quem é que não gostaria de ter uma equipa capaz de abrir o posicionamento defensivo adversário uma, duas e três vezes por cada jogada? Isto é ter controlo absoluto sobre tudo – sobre a bola, sobre o adversário, sobre o tempo, sobre a vantagem (alcançada), sobre tudo! Simplesmente magnífico. Vem do génio de guardiola e de um elenco que finalmente dá todas as garantias ao treinador catalão.

A 3 razões pelas quais Guardiola continua a ser extremamente revolucionário no futebol actual

guardiola

Depois de uma temporada de estreia em que o modelo de jogo clássico de verticalidade e controlo do adversário pela posse de bola do treinador catalão não foi totalmente assimilado e operacionalizado pelos jogadores do City em função das dificuldades sentidas pelo mesmo na modelação dos seus laterais (Clichy, Kolarov, Sagna; todos saíram do clube no final da temporada, dando lugar às entradas de Danilo, Kyle Walker e Benjamin Mendy) e dos próprios centrais à saída de jogo apoiada pretendida (basta recordar que o City é eliminado da Champions pelo Mónaco em duas partidas nas quais a equipa deu imensa barraca na saída de jogo, oferecendo um conjunto de bolas ao fortíssimo contragolpe da formação de Leonardo Jardim) Guardiola regressa na presente temporada às suas vestes de revolucionário do futebol, detendo para efeito no plantel os jogadores que necessita para operacionalizar o seu revolucionário modelo de jogo. Este post visa conceder algumas pistas para compreender o modelo de jogo do City, a visão revolucionária do treinador sobre o jogo, e as mais-valias que os 3 laterais recentemente contratados oferecem à equipa.

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Notas soltas sobre a goleada do City ao Real Madrid

Manchester City

  • Pressão alta eficaz no meio-campo adversário. Regra de ouro da filosofia de jogo de Guardiola. Pressionar para recuperar. Pressionar e recuperar para conter, controlar, dominar ou até asfixiar o adversário.
  • Processos de jogo ofensivos altamente verticalizados. Assim que a equipa recupera a bola, o jogador que recupera procura passar a bola imediatamente para o acelerador de jogo que estiver em campo (neste jogo foi Kevin DeBruyne) para que este possa acelerar rapidamente o jogo ou criar progressão através do passe. Assim que o belga recebia, os avançados procuram imediatamente desmarcar-se para o espaço vazio.
  • Outro dos processos de jogo verticalizados consiste na colocação de bolas nas antecipações aos centrais dos avançados. Tanto Gabriel Jesus como Aguero descem para vir buscar jogo. Quando um desce para vir buscar o jogo entre a linha média e a linha defensiva, o outro inicia automaticamente a desmarcação para a área. Se o avançado não ceder imediatamente a desmarcação, ambos os jogadores dispõem de uma útil ferramenta: o seu remate de meia distância. A recepção longe dos centrais permite-lhes a preparação do remate sem muita pressão.
  • Excelente dinâmica nas bolas paradas para libertar o (os) jogador(es)-alvo. Os jogadores-alvo deste City nas bolas paradas são por norma os centrais.
  • Facilidade na retirada da bola de zonas de pressão. Veja-se por exemplo, o lance exibido ao minuto 9:15 do vídeo. A bola não só é retirada com facilidade da zona de pressão por Kyle Walker, Sterling e DeBruyne como até culminará (através do passe do belga e da desmarcação do extremo pelo meio de dois adversários) numa situação de muito perigo para a baliza de Navas.
  • Dois avançados muito dinâmicos, muito laboriosos e muito empreendedores, com carta branca para atirar de qualquer distância, lado ou feitio.

Real Madrid

  • A ausência da principal referência de ataque, Cristiano Ronaldo, torna a equipa menos objectiva e mais errática. Benzema é naturalmente mais individualista do que costuma ser com o português em campo
  • Falta de intensidade na pressão.
  • Indefinição das zonas de pressão (já era um dos defeitos da equipa na temporada passada) de cada jogador a meio-campo. Nos momentos defensivos, os jogadores não assumem o mesmo posicionamento do princípio ao fim do jogo nem fazem uma ocupação inteligente e direccionada de todos os espaços necessários para pressionar e roubar a bola ao adversário.
  • Algum espaço entre a linha média e a linha defensiva para o adversário colocar a bola (os movimentos de antecipação do City foram frutos desse espaço).
  • Linha defensiva algo errática ao longo da partida.

Talento ou fogo de vista?

Não tenho palavras. É uma dádiva. Há muito que não via nada assim…” – Guardiola sobre Phil Foden, o miúdo de 17 anos que deslumbrou no amigável realizado contra o Manchester United.

Já vimos e até o próprio Guardiola já viu este filme vezes sem conta. Não quero de todo ir novamente contra as suas declarações, porque obviamente não sou nada nem ninguém no mundo do futebol para criticar os ímpetos de paixão de um treinador consagrado sobre um jogador cuja informação disponível é neste momento diminuta. O técnico espanhol trabalha diariamente com o jogador. Reconheçamos portanto ao treinador esse conhecimento de causa que não possuímos. Continuar a ler “Talento ou fogo de vista?”

Por falar em grandes laterais direitos

Na sequência do post anterior sobre Nélson Semedo. Pep Guardiola também foi buscar uma das melhores opções “oferecidas pelo mercado”, se considerarmos que o Arsenal não está disposto a vender Hector Bellerin. Kyle Walker, o verdadeiro Kubota dos laterais direitos, jogará em Manchester nos próximos anos. O City contratou um extraordinário lateral direito de altíssima rotação e altíssima influência no futebol de qualquer equipa.

O miúdo que tinha que nascer 9 vezes para Jesus lhe dar uma oportunidade na equipa principal do Benfica

… acaba de render 60 milhões aos cofres do Mónaco. Não há como não adorar o seu adocicado pé esquerdo, a vertigem que coloca no jogo com as suas acelerações no drible, a inteligência com que pensa todas as suas acções e a sua capacidade de finalização. Continuar a ler “O miúdo que tinha que nascer 9 vezes para Jesus lhe dar uma oportunidade na equipa principal do Benfica”

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