O facto de estar inserida no calendário a menos de 72 horas do arranque da última grande clássica da temporada, mais concretamente da última prova (Giro da Lombardia) que compõe os designados “5 monumentos do ciclismo” (epíteto que serve para qualificar as mais históricas e prestigiantes clássicas do calendário internacional: o Tour de Flandres, a Milão – São Remo, a Paris-Roubaix, a Liège-Bastogne-Liège e o Giro da Lombardia) e de ser uma prova categorizada com uma modesta classificação de 1.1 (para a sua história, grandeza e percurso ajustava-se claramente um aumento da categorização para 1HC ou até mesmo para evento integrante da World Tour) não transforma a Milão – Turim numa simples prova de aquecimento ou de aferição para o que vai acontecer no domingo na prova que se disputa na região lombarda.
Dotada de uma individualidade própria aromatizada pela agradável fragrância de média montanha fornecida pelos ares da rampa final de 4,9 km a 9% de pendente média de inclinação (a pendente máxima é de 14%) que conduz os ciclistas até ao alto da montanha de Superga (a trágica montanha onde, em 1952, a histórica equipa da década de 40 do Torino perdeu a vida num desastre aéreo – na viagem de regresso de Lisboa, cidade onde tinha disputado no dia anterior o jogo de homenagem organização pelo Benfica para a despedida do seu capitão Francisco Ferreira) a prova que liga as duas maiores cidades do norte de itália, é desde há alguns anos a esta parte uma prova muito apetecível para os maiores puncheurs e trepadores do mundo. Prova disso foram as presenças, presenças que de resto tem sido habituais nos últimas 6\7 edições (desde que a organização da prova decidiu, em 2012, modificar o percurso para colocar a chegada no final da subida para Superga) de nomes como Nairo Quintana, Thibaut Pinot, Dan Martin, Rigoberto Uran, Primoz Roglic, Tom Dumoulin ou Julian Alaphillippe.
Numa prova bastante atacada nos seus 20 km finais (no circuito final que contemplou duas passagens pela subida final), na qual não podiam faltar as habituais manobras tácticas e o “cerrar de marcações” entre ciclistas, verdadeiros clássicos desta estirpe de provas, Rigoberto Uran acabou por conseguir levar mais um triunfo para casa com um mortífero ataque a 3 km da meta.