Último dia do mercado de transferências: reforços ou um mero dia de suposições?

O último dia da longa janela de transferências autorizada pela FIFA para a contratação de jogadores que se encontrem sobre contrato (a partir de amanhã os clubes só poderão contratar jogadores que se encontrem livres de qualquer obrigação contratual) é historicamente, um dia de grande azáfama para todos os clubes. Da solução ideal para a posição ao simples reforço de plantel para as posições em são denotadas carências face ao modelo de jogo idealizado pelo treinador, são muitos os clubes que tentam desesperadamente conseguir realizar os últimos acertos no seu plantel para a primeira metade da temporada. Pagando valores altamente inflaccionados pela aquisição de jogadores (quem conseguiu segurar as suas pérolas até ao dia de hoje, joga naturalmente com a escassez que se vai acentuando até ao último minuto disponível e com o grau de necessidade de determinado clube na aquisição de um jogador com determinadas características que são do agrado do seu treinador; como sabemos sempre que a procura supera a oferta, o vendedor tentará maximizar os seus ganhos; o dia de hoje é por norma um dia de extremos: alguns jogadores o mercado enche, inflacciona enquanto que para a contratação de outros, existem clubes dispostos a pagar para despachar) ou recebendo a custo zero ou a custos reduzidos jogadores que não se constituem como opções para outros treinadores, todos os clubes encaram este dia como a ultima possibilidade de satisfazerem as necessidades ou as vontades dos seus treinadores, de forma a dotá-los de matéria-prima suficiente para a realização de um bom trabalho nos próximos 4 ou 10 meses. Continuar a ler “Último dia do mercado de transferências: reforços ou um mero dia de suposições?”

Um ensaio que ficará para a História do Rugby Português

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A portentosa arrancada do primeiro centro (interior) do Grupo Desportivo de Direito José Luís Cabral para o 2º ensaio obtido na partida de ontem frente à selecção uruguaia.

Alejandro Gomez

Existem casos no futebol mundial que me causam alguma estranheza. Um desses casos é o do criativo argentino Alejandro Gomez da Atalanta. Não consigo perceber como é que um jogador tão talentoso, com um trato de bola tão fácil, tão criativo e desequilibrador (sem ser um brinca na areia; Gomez não é um jogador de futebol rendimento, antes pelo contrário; é um jogador super objectivo, de altíssima rotação, sempre com os olhos postos na progressão e na criação de situações de ruptura\finalização) o, tão forte no drible, no último passe e na tomada de decisão, com uma prestação tão boa nas últimas 2 temporadas (23 golos e 19 assistências; 2,5 passes para oportunidades de golo por jogo, 5 dribles em média) continua, aos 29 anos, votado ao desprezo por parte dos grandes emblemas do futebol italiano. O jogador não é, se assim posso dizer, um talento forjado no presente, uma espécie de fruto colhido ao sabor do momento, cuja fiabilidade é incerta e cuja mentalidade pode não obedecer aos critérios vencedores dos grandes. É um jogador sólido, de provas dadas ano após ano no futebol italiano, cujo rendimento na época passada alterou por completo as probabilidades que eram atribuídas no início da época à Atalanta. Gomez foi um dos responsáveis (senão o principal responsável) pela subita transformação de um candidato crónico à descida num clube que irá disputar a presente edição da Liga Europa. Não é portanto um jogador de quem se possa vir a afirmar “ah e tal, é um jogador bom para clubes pequenos que acusará a pressão da camisola se for para um clube grande\só enquadra numa estratégia de jogo em contra-ataque” – os grandes jogadores, em especial, aqueles que demonstram todo o seu talento nos clubes pequenos, são aqueles que mais merecem os grandes palcos para explanar todo o seu futebol.

Vuelta a Espanha – 11ª Etapa – “Superman” Miguel Angel López vence no Observatório de Calar Alto; Chris Froome volta a defender a liderança

Com o seu dedo indicador bem erguido para o céu e consciente do que tinha acabado de fazer frente aos melhores desta Vuelta, Miguel Angel Lopez validou, na subida ao Observatório de Calar Alto, todo o potencial que lhe atribuem para o futuro. O colombiano nascido há 23 anos em Pesca, cidade da histórica região de Boyacá, casa de grandes trepadores responsável pela formação de uma generosa fatia dos grandes talentos dos “escarabajos” (Nairo Quintana, Winner Anacona, Edward Beltran, Fabio Parra, Ivan Parra, Dayer Quintana, Daniel Rincón e Maurício Soler) confirmou no Alto do Observatório de Calar Alto a razão que leva muitos analistas a apontá-lo com um dos mais promissores nomes a ter em conta para as grandes voltas do futuro. Depois de ter conquistado as gerais individuais de provas como a Volta à Suiça ou o Tour de L´Avenir (Volta à França do Futuro) e de ter conquistado também importantíssimas vitórias na Volta à Colômbia (1 etapa e a geral para sub-23), Vuelta a Burgos (3 etapas e a classificação da Juventude em 2015), na Clássica Milão – Turim, e na Ruta de San Luís (1 vitória de etapa e Prémio da Juventude), o colombiano pode juntar ao seu currículo uma fantástica vitória alcançada numa etapa de montanha da Vuelta, sem ter necessitado, para o efeito, de sair numa fuga.  Continuar a ler “Vuelta a Espanha – 11ª Etapa – “Superman” Miguel Angel López vence no Observatório de Calar Alto; Chris Froome volta a defender a liderança”

Vuelta – 10ª etapa – Matteo Trentin vence a 2ª etapa na Vuelta; Nicolas Roche recupera 29 segundos na frenética descida para Múrcia

Em Múrcia, mais concretamente à entrada do Parque Industrial da El Pozo, conhecida empresa de processamento de carnes, Matteo Trentin pode conquistar a sua 2ª etapa na prova, tirada que se tornou em simultâneo a 4ª (4!!) vitória da Quickstep em 10 etapas. Numa fantástica tirada animada pela subida de categoria ao Alto de Collado Bermejo (6,5 km a 8,5% de pendente média) e pela frenética descida de sensivelmente 18 km (dividida em dois sectores por uma pequena fase de plano), o italiano da Quickstep, líder da classificação dos pontos pode bater o espanhol José Joaquin Rojas da Movistar ao sprint. Ainda não é desta feita que a equipa de Eusébio Unzué, equipa que está a ser comandada nesta Vuelta pelo antigo ciclista Chente Garcia Acosta vê recompensados todos os esforços que tem alocado para as fugas.

No que concerne à geral individual, a descida para Múrcia fez mais diferenças que a subida. Apesar de Vincenzo Níbali ter ameaçado poder ganhar tempo durante a descida, quem veio a realizar um ataque vencedor foi Stephen Roche. O principal gregário de Tejay Van Garderen obteve da direcção de corrida da equipa carta branca para reduzir tempo para a liderança, decisão estratégica que me leva a crer que o irlandês está a responder melhor aos estímulos da corrida e está interessado em constituir-se como mais uma ameaça para Chris Froome.

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A confirmação do meu maior receio em relação à introdução do videoárbitro

Na sequência deste post. Em boa hora pude ir aos meus arquivos resgatar um dos meus escritos sobre esta questão, para realçar que um dos maiores receios que tinha a 6 de Maio, dia em que se soube que a Federação Portuguesa iria introduzir a partir da presente temporada a nova figura do videoárbitro e a nova tecnologia ao seu dispor, residia precisamente na possibilidade dos novos agentes poderem vir a enviesar as decisões que tomam em virtude do recurso a interpretações extensivas ou restritivas (muito subjectivas; enviesadas por motivos de outra índole) da lei. No caso de Eliseu, Vasco Santos usou uma interpretação muito restritiva da lei.

Bastaram portanto 4 semanas para perceber o esquema pelo qual se vai processar ao longo da presente temporada a aplicação da tecnologia nos jogos do Benfica. Sim, o videoárbitro terá uma legislação e um guião de conduta completamente diferente para os jogos do Benfica. Sempre que o objectivo de análise for contra ou favor do Benfica (exemplo: o penalty marcado sobre Jonas) o videoárbitro deve dizer prontamente afirmar ou omitir:

  • Nos lances contra os encarnados  – “não vi”, “não me pareceu”, “não havia motivos para avisar”, “não valia a pena rever”
  • Nos lances a favor – “sim”, “há puxão\agarrão\rasteira”, “não tem intenção de jogar a bola”, “impediu” ou simplesmente tomar uma atitude passiva sempre que o árbitro principal seja pronto a marcar a infracção.

O Reino da Impunidade volta a fazer escola

“Após ter visto o referido lance, através de diversas imagens que me foram disponibilizadas, entendi no momento não ter existido qualquer agressão ou prática de jogo violento por parte do jogador do Benfica naquela sua ação. Por esse motivo não comuniquei com o árbitro para lhe sugerir que visse as imagens do mesmo.”Vasco Santos em resposta ao Conselho de Disciplina quanto questionado com a pergunta-afirmação: “Em caso de resposta afirmativa, se na avaliação do mesmo, tendo em conta a ação do jogador do Benfica, entenderam não ter existido qualquer agressão ou, noutra hipótese, prática de jogo violento”

Entendo agora a razão pela qual, Vasco Santos, (o tal que tanto se moveu nos bastidores para ser um dos árbitros contemplados com a profissionalização da arbitragem) ainda é, aos 40 anos, segundo o seu o único perfil disponível, o da Wikipédia, um mero Estudante de Engenharia Electrotécnica. Um fraco Estudante de Engenharia Electrotécnica. Não há margem para dúvidas. Ao longo da minha vida universitária conheci vários estudantes de engenharia electrónica. Grande parte dos que conheci estudou até a uma idade compreendida entre os 25 e os 28 anos, facto que deve ser considerado absolutamente normal para a dificuldade e para o grau de exigência do Mestrado em questão. No entanto, confesso que não me lembro de ter conhecido um estudante de Electro de 40 anos. Para Vasco Santos, um lance violento deve ser quicá, talvez, na melhor das hipóteses, um lance que possa manifestar no cérebro do atleta um fenómeno electro-fisiológico anormal temporário, resultante de uma sincronização anormal da actividade elétrica neuronal, fenómeno que designamos vulgarmente como convulsão. Qualquer pancada que não gere uma convulsão ao adversário, é absolutamente normal para Vasco Santos. Como a pancada de Eliseu, dada segundo os mais elementares códigos futebolísticos (qualquer pessoa percebe que uma entrada a pés juntos de um jogador sobre o seu adversário só tem um único objectivo: magoar) só foi capaz de abrir um lenho na perna do jogador, é tudo normal e aceitável. Aos 40 anos, Vasco Santos não concluiu a sua escolaridade mas, com esta resposta, pode fazer escola. Eis a nova doutrina.

O problema é que o que é neste momento normal e aceitável para os árbitros (sem intenção de agredir, sem intenção de molestar, sem intenção de fazer falta) tem sido, para os jogadores do Benfica, um verdadeiro convite para jogar à margem de qualquer lei do jogo. Abre-se aqui um perigoso precedente para o resto do campeonato. Qualquer jogador da formação encarnada terá aqui, nesta decisão, a total garantia que sairá impune de qualquer atitude violenta que venha a realizar dentro de campo.

Veja-se o que aconteceu em Vila do Conde no lance entre Pizzi e Geraldes. Recorde-se a acção violenta que o médio do Benfica teve no passado perante Daniel Podence na final da Taça da Liga:

Não deixa de ser caricato por outro lado, a estranha fixação do médio encarnado nos jogadores do Sporting Clube de Portugal. Primeiro Daniel Podence, jogador que à data já tinha regresso marcado para Alvalade. Agora Francisco Geraldes, um dos maiores activos de futuro que é possuído pelo clube.

Uma estreia de sonho vale a primeira vitória aos portugueses no Mundial de sub-20 (Trophy)

mundial

créditos: Federação Portuguesa de Rugby

Uma das coisas que me dá algum conforto em saber é que o futuro do rugby português nos próximos 12 a 15 anos está bem assegurado nas mãos destes meninos e das gerações que aí vem. No meio de todo o clima de todo o clima de instabilidade, decadência, caos financeiro, falta de ideias exequíveis para todos os departamentos do rugby português (ou ideias irrealizáveis a mais, segundo a óptica de alguns), do recrudescimento de uma atitude bairrista em certos clubes, e acima de tudo, na letargia que impele alguns decisores de tentar dar a volta ao lodo em que nos encontramos através de atitudes, acções e comportamentos mais inclusivos ao invés dos clássicos comportamentos exclusivos e marginalizadores em relação aqueles que tem o rugby no sangue mas “não são da malta”, encontramos uma geração que em em meia dúzia de momentos bem conseguidos (suados, trabalhados, sangrados, chorados) consegue dar-nos um bote salva vidas para nos agarrarmos ao futuro. Estas vitórias (a vitória no Campeonato Europeu) tem sido para nós, os que observamos, os que perdemos dias inteiros à chuva a tentar fazer algo de produtivo pelo Rugby Nacional, o “elemento combustor” de um mecanismo de perda de memória em relação ao que não vai bem no Rugby Nacional.

A todos eles:

  • Jogadores que deram o litro numa verdadeira serenata à chuva, que nunca se desviaram do caminho a seguir, que nunca cederam às tentações da Juventude, que nunca atiraram a toalha ao chão…
  • Seleccionador nacional Luís Pissara, adjuntos, demais técnicos que colaboraram na formação destes atletas, aguadeiros, médicos, fisioterapeutas, team managers e todos os dirigentes que perderam uma boa parte dos últimos anos a projectar este resultado, a moralizar os miúdos e a dar-lhes alma a conteúdo…
  • Pais – o verdadeiro móbil que garante a existência e a prática desta modalidade em Portugal. Se não fossem os pais, esta modalidade teria uma expressão ainda mais diminuta daquilo que tem.
  • Dirigentes e Treinadores dos clubes

O nosso obrigado.

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Os golos da jornada

O regresso do Mónaco de Jardim

Após a realização de uma pré-temporada algo periclitante no qual se depreendeu claramente que Leonardo Jardim terá que refazer a sua equipa (sem abdicar do seu tradicional modelo de jogo e da sua abordagem às partidas) com outros craques que a extraordinária formação (e direcção) monegasca lhe oferece, face às saídas de jogadores importantes como Benjamin Mendy, Tiemoué Bakayoko, Bernardo Silva e ao que tudo indica, Kylian Mbappé, a formação monegasca voltou, frente ao Marselha, ao seu estilo habitual. Do pouco que pude ver vi que a equipa voltou a recuperar os seus processos de jogo habituais (pressão alta à saída adversária, ataque à profundidade, tabelas no jogo interior, aceleração no contra-ataque seguida de abertura para a entrada de Thomas Lemar na esquerda) e foi muito eficaz nos lances de bola parada. O exemplo disso foram os golos apontados pelo central internacional polaco Kamil Glik e Radamel Falcão, em dois lances nos quais a formação orientada por Rudi Garcia cometeu dois inexplicáveis erros de marcação. No primeiro lance é inacreditável, para uma equipa que treina semanalmente lances de bola parada, o facto de terem aparecido 4 jogadores em zona de finalização sem marcação ou sem que a equipa pudesse justificar as falhas de marcação com um acto de subida da linha defensiva no momento do passe para deixar os monegascos em offside.

Thumbs down para Rudy Garcia. Este é um daqueles lances que deixa qualquer treinador à beira de um ataque de nervos. Ou melhor: lances. O Mónaco marcou 3 golos dos 6 golos em lances de bola parada. Garcia terá portanto muito trabalho pela frente neste capítulo durante os próximos 15 dias.

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As imagens do dia

alberto contador

Se Froome foi durante o dia de ontem, rei e senhor na chegada ao Alto de Puig de Llorença, Alberto Contador e Alejandro Valverde são os verdadeiros reis do ciclismo espanhol. Enquanto o primeiro se despede do seu amado publico no final de cada etapa (Contador tem dado voltas à zona da meta para saudar todos aqueles que o tem acarinhado e aplaudido ao longo de anos na estrada) o segundo, ainda recupera da terrível lesão no joelho sofrida naquele malogrado prólogo de Dusseldorf.

valverde 6

A dar os primeiros passos em cima da bicicleta após o fatídico dia 1 de Julho, Balaverde, El Bala ou simplesmente La Flèche Murciana (aposto com vocês que para o ano, Valverde ainda vai ganhar a Flèche Wallone e a Liège) foi até ao hotel onde se encontram os seus companheiros de equipa dar um verdadeiro sinal de carinho, esperança e optimismo a todos os meninos da formação espanhola que se encontram, sem os seus chefes-de-fila, a lutar por um resultado que dignifique o valioso e histórico jersey que vestem. Montado na sua bicicleta, Alejandro Valverde treinou com os seus companheiros no suave treino de recuperação e manutenção que é realizado nos dias de descanso.

Quando alguns (nem todos; o meu avô por exemplo pode ver todos e sinceramente até já me confessou que esta geração não é inferior em nada às outras) falam que gostariam de ter nascido numa era susceptível de poderem ver nomes como Polidor, Merck, Ocaña, Delgado, Anquetil, Hinault, Fignon, Van Impe ou LeMonde (entre outros) eu sinto-me extremamente orgulhoso de ter nascido numa época que permitiu ver Valverde ou Contador. Daqui a 10 ou 20 anos, as novas gerações apreciadoras da modalidade falarão em Valverde e Contador com o mesmo carinho que a minha (a entrar na casa dos 30) fala de Jalabert, Virenque, Pantani, Ullrich, Tyler Hamilton, Beloki, Cadel Evans, Carlos Sastre, Zulle, Cippolini, Freire, Ballan, Bettini ou Erik Zabel.

 

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