Durante a primeira parte, o futebol praticado pelos chilenos foi deveras delicioso. A colocação entre linhas de Arturo Vidal e Charles Aranguiz (a partir do corredor central para os corredores) dá uma dimensão brutal ao futebol chileno. Para além de permitir a criação de jogo no interior (passe de ruptura para uma desmarcação dos avançados pelo meio dos centrais; o poderoso remate de meia distância de Arturo Vidal) do bloco adversário, são estes dois médios quem, na maior parte das vezes interligam o jogo com os subidos laterais chilenos e lhes proporcionam oportunidades para cruzar para a área, onde, tanto Araguiz como Vidal costumam juntar-se aos avançados. Em todo o caso, os chilenos adoram circular a bola com rapidez entre flancos, apesar de não serem uma equipa demasiadamente inclinada a trabalhar exclusivamente através dos flancos. Sempre que possível, o jogo interior é a solução.
Deliciosa também se deve considerar a forma incisiva, acutilante a agressiva com que os chilenos pressionam os alemães à saída da sua área. Esta equipa chilena é uma equipa que pretende sempre estar a posse de bola.
Frente a um “bloco competente”, como já tive oportunidade de frisar neste post, ofensivamente, pode-se dizer que na primeira parte faltou apenas eficácia.
Outra coisa completamente distinta são os mecanismos utilizados quando a equipa chilena é obrigada a sair a partir de trás. Contra a modesta pressão executada pela primeira linha portuguesa, Aranguiz foi de facto muito efectivo a auxiliar os centrais nas saídas a partir de trás. Contra os alemães, Juan António Pizzi preferiu ceder tal tarefa a Marcelo Diaz, para ter Aranguiz mais adiantado no terreno.
3 perdas de bola em zonas proibidas ditaram um golo. Só não ditaram mais 2 porque Goretzka não finalizou convenientemente. Para além destas 3 oportunidades, os alemães construíram mais 2 através do contra-ataque em 2 perdas de bola dos chilenos a meio-campo. Contra uma selecção deste calibre (capaz de se fechar bem, de ocupar bem os espaços; na qual todos os jogadores tem uma noção posicional brilhante e jamais deixam um adversário sem marcação, com possibilidades de tirar vantagem através do seu posicionamento; capaz de sair em transição rápida com um ou dois toques, porque tem jogadores que se conseguem desdobrar rapidamente para estender o jogo, caso dos dois avançados; porque tem dois avançados que são rápidos a vir atrás buscar jogo, se necessário; porque tem dois médios que são muitos rápidos a chegar à área) não se podem cometer erros destes.