Que miserável final de carreira, Samu!
No momento da verdade, todos dizem o mesmo: “eu, dopar-me? não é possível. não acredito. juro que nunca tomei nada em toda a minha carreira para alterar o meu rendimento. estou incrédulo. juro que é verdade. nunca me dopei. juro. juro. juro”
Depois vem o resultado da amostra B e cai o carmo e a trindade. Porque a verdade também é esta: nesta questão em particular do doping, o ciclismo (no fundo, o desporto) espanhol é um autêntico regabofe, no qual só 1 em cada 10 atletas dopados são controlados positivamente (as autoridades anti-dopagem espanholas passam a vida literalmente a dormir a siesta; as federações espanholas deixam passar estes casos, preferindo a exposição internacional que é granjeada pelas vitórias dos seus atletas à verdade) e no qual gravitam centenas de agentes (médicos, fisiologistas, alegados nutricionistas) que trazem na algibeira todo o tipo de soluções miraculosas para os atletas, em especial, para todos os atletas que apresentam alguma descrença em relação às suas capacidades no epílogo das suas carreiras. Não tenham as mínimas dúvidas meus caros: grande parte do sucesso que o desporto espanhol obteve nas últimas 2 décadas, do futebol ao atletismo, passando pelas modalidades de pavilhão, deve-se em grande parte ao doping, à aceleração que o Dr. Eufemiano Fuentes deu à investigação neste sector e ao verdadeiro laissez-passer que foi garantido quer pelas federações quer pela agência antidopagem de Espanha.
O que é que levou um ciclista consagrado de 39 anos a dopar-se no final da sua carreira com uma hormona de crescimento (GHRP-2, uma hormona de crescimento que ajuda o atleta que a toma a diminuir a densidade de massa gorda presente no organismo; que aumenta a massa muscular; que ajuda o atleta a descansar melhor; que auxiliar a um reparo mais rápido dos tecidos celulares, auxiliando a uma cicatrização mais rápida de feridas provocadas por quedas, p.e) que altera significativamente o rendimento de um atleta? O corredor voltou a defender-se, 1 mês depois de ter negado determinantemente o uso da substância em causa: “I am 39, I have been a professional for 19 years, and I am at the point of retiring, “Why would I get into this?” – a vontade de voltar a lutar pela geral da Grande Volta que lhe escapou em várias ocasiões, quando as pernas eram efectivamente outras e o corpo precisava de um menor tempo de descanso para recuperar na perfeição para a etapa seguinte. Este controlo positivo por parte do ciclista espanhol é, na minha opinião, uma verdadeira parvoíce que não faz o mínimo sentido porque um mau desempenho na Vuelta não lhe retiraria um pingo da estima pelo que Samuel Sanchez fez ao longo de 19 anos. Ao terminar desta forma (como um verdadeiro cadáver andante; a negar as evidências controladas em duas amostras; como eu odeio a negação de factos comprovados) uma carreira de sonho, será normal acreditar que ao longo destas duas décadas nem tudo foi limpo na ficha deste corredor. Se com os métodos de despistagem e controlo que actualmente estão activos, o corredor foi apanhado, como é que poderemos ter a certeza que nos tempos da “drogaria generalizada”, os seus resultados foram conseguidos à custa das suas reais e naturais capacidades?