A gestão da vantagem – exemplo oferecido na noite de ontem pelos virtuosos médios croatas

Na ressaca do fantástico desempenho alcançado pelos seus comandados no jogo da 1ª mão, o seleccionador Zlatko Dalic preparou muito bem o plano de jogo para a 2ª mão. O futebol praticado pelos croatas em Atenas andou muito longe do ofensivo, desenrolado, e estético jogo exibido no jogo da 1ª mão em Zagreb, mas a verdade é que a vantagem de 3 golos alcançada no Estádio Maksimir obrigava os jogadores da selecção balcânica a ter que exibir outra atitude e outra abordagem no Estádio Karaiskákis, de forma a evitar uma ou outra surpresa que o adversário ainda pudesse vir tentar realizar.  Continuar a ler “A gestão da vantagem – exemplo oferecido na noite de ontem pelos virtuosos médios croatas”

O enleante futebol dos croatas no explosivo ambiente do Maksimir

croacia

Estádio Maksimir, 32 mil adeptos em puro estado colectivo de euforia. O Maksimir é, historicamente, uma casa de grandes portentos técnicos, não fosse, o estádio, a alma mater do espantoso Dinamo de Zagreb, uma das maiores referências mundiais ao nível da formação de jogadores.

Os primeiros 45 minutos da eléctrica partida disputada frente aos gregos (a contar para o playoff de apuramento da zona de qualificação europeia para o Mundial 2018), partida na qual os croatas tombaram os helénicos por expressivos 4-1, tiveram o condão de realçar o bem operacionalizado modelo de jogo (os princípios, os processos, as dinâmicas individuais e colectivas) ultra ofensivo do seleccionador Zlatko Dalic, modelo que encaixa que nem uma luva às características da verdadeira máquina de guerra que este dispõe no elenco com o qual tem trabalhado nos últimos meses (podendo-se até dizer que face ao diminuto tempo de trabalho deste com os jogadores, pesando a qualidade destes em todas as dimensões do jogo, os resultados práticos são bastante surpreendentes, e por outro lado esconderam (é certo que a parca ofensividade pelos gregos também ajudou à festa) as limitações defensivas dos croatas, limitações resultantes, na minha opinião de uma dupla de centrais muito medíocre em vários aspectos, com especial enfoque para os lances de bola parada.

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Oh Fortuna, maldita Fortuna!

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Há 15 dias atrás, deixei aqui um conjunto de interrogações que, face ao que aconteceu esta noite em Alvalade, ainda se mantém válidas (quem sabe para Nou Camp; embora a esperança já não seja por motivos óbvios muita) visto que as respostas não foram finalmente encontradas. Creio que nos voltou a faltar a sorte em alguns lances e é um pouco por isso que a derrota de Turim e o empate agora conseguido frente aos italianos me sabem a pouco e me custam um mundo inteiro (talvez um feriado inteiro) a digerir.  Custam-me a digerir porque pior é a sensação de ter perdido um jogo onde fomos competentes do que ter perdido um jogo onde não podemos salientar um único aspecto positivo do rendimento da equipa. Sorte. Faltou sorte.

Faltou sorte para tamanha competência, para tamanha organização defensiva, para tamanha organização demonstrada em cada saída para o contra-ataque, para recompensar a garra exibida por Gelson, Acuña, e Bruno em cada saída para o contra-ataque, para recompensar cada pausa realizada por Bruno para pensar bem a construção de jogo (embora o Ristovski ainda esteja certamente a pensar porque é que o Bruno não lhe canalizou mais jogo na primeira parte quando o esvaziamento do flanco idealizado por Allegri lhe poderia ser benéfico; bastava por vezes ao médio olhar antes de receber para ler aquele sui géneris contexto apresentado pelos italianos na ala direita) e por Dost para o ligar convenientemente, para garantir posse de bola (retirando-a ao adversário; fazendo-o correr atrás do jogo; fazendo-o temer o leão), para tamanho espírito de batalha (interceptando cada bola, lutando por cada dividida como se fosse a última das nossas vidas e das vidas dos nossos jogadores – neste capítulo Rodrigo Battaglia foi enorme) para tamanha fome de vencer. Tamanha competência defensiva, apenas quebrada, como vamos ver mais à frente pela única falha defensiva grave cometida durante todo o jogo no capítulo do controlo à profundidade, numa fase em que a falta de força nas pernas já se alastrava para o foro psicológico. No único lance em que os enormes Gelson e Ristovski, jogadores que foram abnegados em todos os sentidos, correndo uma verdadeira maratona para por aquele flanco num verdadeiro lustro (até mesmo quando Allegri deu significado ao ditado “quem tem cú tem medo” – retirando o lateral direito para colocar toda a carne no assador com a entrada de um dos “nossos carrascos” de Turim, Douglas Costa, colocando Manduzkic na área para ver se o croata voltava a colher louros da burrice de Jonathan Silva) não subiram no terreno, colocando Higuaín em jogo no momento do redondinho passe de Cuadrado para a desmarcação do argentino. Faltou sorte naquele lance construído na direita por Bruno ao qual Bas Dost não chegou por uma unha negra. Se o holandês tivesse mais 35 cm de perna ou um arranque superior ao que tem, aquela tão desejada vitória seria certamente nossa. Continuar a ler “Oh Fortuna, maldita Fortuna!”

Os golos da jornada (2ª parte)

A 10ª jornada da Liga Espanhola, “matéria” que abordei no primeiro post desta sequência, trouxe-nos momentos de bom futebol. Outro desses momentos de bom futebol foi a jogada do primeiro golo do Sevilla, na suada vitória dos andaluzes, actuais 5º classificados de La Liga com 19 pontos, frente ao Leganés.  Continuar a ler “Os golos da jornada (2ª parte)”

Juventus 2-1 Sporting – A deusa Fortuna voltou a trocar-nos as sortes

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Madrid e Lisboa, 1994. Milão e Lisboa, 1991 e 2001 (AC Milan) e 2002 (naquele empate sensaboroso obtido contra o Inter para a pré-eliminatória da Liga dos Campeões). Lisboa 2001, naquela partida de inglória euforia realizada frente ao Real Madrid. Lisboa, 2005, frente ao CSKA. Lisboa, 2008, frente ao Rangers. Lisboa e Bilbao, 2012. Madrid e Lisboa, 2016. Lisboa e Turim, 2017. O que é que tem faltado ao nosso Sporting para ser feliz nas competições europeias? O que é que devemos começar a trabalhar incansavelmente já a partir de amanhã ou que novenas deveremos todos, sem excepção, começar a rezar ininterruptamente para que o nosso Sporting seja feliz nos minutos finais das partidas que disputa contra os tubarões europeus? Que mal fizemos nós ao mundo para merecer tamanha falta de sorte?

Em Turim, voltámos a não ser fomos felizes e a verdade é que no futebol não existem vitórias morais. Existe sim o contentamento de termos visto o nosso Sporting a ombrear mano-a-mano contra o campeão e contra o vice-campeão europeu, mas esse contentamento per se não chega, não nos vale de nada, não nos traz benefícios. Dá-nos um certo conforto moral e aumenta as nossas expectativas em relação ao nosso principal objectivo doméstico (hoje acredito ainda mais que é possível quebrar em Maio de 2018 a longa travessia do deserto a que temos vindo a ser submetidos nos últimos 15 anos) mas, de facto não marcámos os pontos que deveríamos ter marcado nestas duas jornadas. O esforço e a entrega dos nossos jogadores nestes dois desafios não foram suficientemente recompensados, ficando portanto no ar aquele sentimento de injustiça, sentimento que no seio dos jogadores deverá ser esquecido o mais rapidamente possível porque a exibição compensou o resultado negativo averbado. Este resultado tem que dar ânimo a todo o grupo de trabalho. Com um bocadinho mais de esforço, creio que é possível corrigir este resultado em Alvalade.  Continuar a ler “Juventus 2-1 Sporting – A deusa Fortuna voltou a trocar-nos as sortes”

Os golos da jornada (2ª parte)

 

Regresso ao tema interrompido no post anterior, para mostrar o 3º golo do Chaves frente ao Moreirense. A formação de Luís Castro é na minha sincera opinião uma das equipas que melhor futebol tem praticado neste arranque da Liga Portuguesa. No entanto a prática de um futebol de elevado quilate de qualidade, estético, no qual se denota a existência de imenso trabalho de um treinador na expressão e na operacionalização das suas ideias de jogo junto dos seus jogadores, nem sempre vem acompanhada de resultados, dos malvados resultados. Dos malvados resultados que catapultam treinadores medíocres (metodologicamente; aqueles cuja qualidade do plantel chega e sobra para se alcançarem vitórias, sem que por trás tenha existido todo um trabalho de fundo do treinador na construção identitária da equipa e na modelação de jogadores para uma determinada forma de jogar) para o estrelato e que empurram bons treinadores, aqueles que num mar de incertezas conseguem construir e consolidar um bom modelo de jogo, modelando um plantel inteiro (cuja matéria-prima é por vezes desconhecida quando este assume funções ou sistematicamente alvo da cobiça de outros clubes) cada jogador à sua forma de jogar, para o abismo ou para um certo estado de ostracismo junto do grande público.  Continuar a ler “Os golos da jornada (2ª parte)”

Os golos do dia

Começo pelo quentinho clássico disputado no Olímpico entre a Roma e o Inter (1-3) mais concretamente pelo lance do golo que deu vantagem aos romanos numa partida em que a formação de Eusébio Di Francesco mandou 3 bolas aos ferros da baliza de Samir Handanovic.

Bom trabalho de Grégoire Defrel a encontrar a linha de passe para Naingollan perante a desvantagem que possuia frente aos 2 jogadores do Inter que estavam a realizar a cobertura. O cruzamento do belga é soberbo assim como também é a desmarcação do ponta-de-lança bósnio no meio dos dois centrais da formação de Spalletti. Aproveitando a falha de marcação, o bósnio pede atempadamente a bola para as costas, posiciona-se no limite da linha defensiva, entra nas costas dos centrais, mata a bola no peito e coloca um daqueles remate secos dignos do killer instinct que só os grandes pontas-de-lança conseguem ter no momento de finalizar.

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Análise – Final da Champions – Juventus 1-4 Real Madrid – Que vendaval foi aquele que passou em Cardiff?

Que espécie de vendaval passou por Cardiff na noite de hoje? Que espécie de apagão, que autêntico reset foi aquele que se verificou na máquina de Massimiliano Allegri? Como é que se explica o facto de uma equipa experiente e cínica como a Juve, capaz de se adequar a todos os adversários sem abdicar dos seus princípios e da sua identidade, tenha tombado daquela forma em 45 minutos? Como é que se explica o facto desta equipa ter cometido mais erros defensivos em 45 minutos do que aqueles que tinha cometido em 12 partidas? Foi a pressão do momento? Foi o cansaço? Foi um enorme bloqueio emocional? Foi a maior frescura física das unidades adversárias? Foi o incansável trabalho dos médios merengues? Foi o maior dinamismo de todas as unidades do Real Madrid? Aqueles que viram o jogo com um mínimo de atenção conseguirão facilmente encontrar as pistas que ajudam a explicar a 12ª vitória na competição do bicampeão europeu Real Madrid.

Os merengues foram efectivamente mais fortes. Foram mais fortes e mais rígidos no plano defensivo. Foram mais fortes nas batalhas a meio-campo vencendo praticamente todos os duelos individuais. Foram mais fortes no capítulo da marcação ao adversário. Foram mais dinâmicos, fazendo da sua dinâmica posicional a sua melhor arma para destruir por completo o rígido bloco defensivo bianconeri. Foram também mais criativos, mais interventivos, mais cientes daquilo que pretendiam fazer com o jogo. Criaram mais oportunidades de ouro e voltaram a beneficiar do poder de finalização da sua grande máquina, do seu grande Deus do futebol. Aproveitaram as segundas bolas como se de oportunidades de ouro, de vida ou morte, se tratassem. Pudemos verificá-lo nos 2 golos que mudaram por completo uma partida que até teve uma primeira parte minimamente encaixada dentro das expectativas iniciais de equilíbrio. Os bianconeri fizeram um percurso perfeito na competição. Os madridistas não realizaram um percurso tão perfeito na competição. Pode-se até mesmo dizer que em determinadas ocasiões (contra o Sporting, contra o Bayern, contra o Atlético) a equipa foi conseguindo chegar ao seu objectivo final através de uma estrada cheia de solavancos, pedras e ressaltos. Mas, ao fim de 9 meses, pode-se dizer que foram a formação mais competente, revalidando o seu domínio quase completo do futebol europeu na presente década.

Claro que tenho pena que Gigi Buffon não tenha ganho o seu merecido troféu de campeão europeu. Por tudo o que deu ao futebol, o veterano merecia ter vencido a final de hoje. A formação de Turim voltou nos últimos anos a afirmar-se de acordo com os pergaminhos da sua imensa história. Allegri devolveu o orgulho europeu à Velha Senhora. O treinador italiano voltou a fazer da Juve um crónico candidato ao título europeu. O importante agora é não desistir. Se voltar a arrepiar caminho, os bianconeri terão o seu momento.

Cristiano Ronaldo volta, por outro lado, a fazer história. 600 golos como profissional. 12 golos na edição da Champions deste ano, voltando a coroar-se como o melhor marcados da história da competição. 4ª champions no bolso e a 5ª bola de ouro a caminho, numa temporada que promete voltar a ser inesquecível para o internacional português se aos quatro títulos conquistados na presente temporada (ao qual escapou apenas a Copa del Rey), o português puder novamente assinalar no seu palmarés a conquista da Taça das Confederações ao serviço da selecção portuguesa.
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Análise – Final da Coppa D´Italia – Juventus 2-0 Lazio

Um golo de Daniel Alves e outro de Leonardo Bonucci, deram, ainda no primeiro tempo, a 3ª dobradinha consecutiva dos bianconeri neste ciclo completamente devastador da formação de Turim. Num jogo da faces distintas (a 1ª primeira parte pertenceu quase por inteiro aos homens de Turim; na 2ª parte a Juventus concedeu algum domínio aos laziale) o resultado final pode, sumariamente, explicar-se por uma melhor entrada da turma de Allegri na partida, pela incapacidade demonstrada pela Lazio em pressionar as transições para o contra-ataque que a Juventus tão bem executa, pelos erros defensivos cometidos pela equipa de Simone Inzaghi no primeiro tempo e pela falta de eficácia na mão cheia de oportunidades que os romanos tiveram ao longo da partida. Perante uma equipa que é tão eficaz, qualquer erro cometido paga-se imensamente caro.  Continuar a ler “Análise – Final da Coppa D´Italia – Juventus 2-0 Lazio”

Análise: Juventus 2-1 Mónaco – Mais uma lição de bom futebol

Splendido! Suntuoso! Perfetto lavoro! A Juventus chega pela 2ª vez nas últimas 3 temporadas à final da Champions, carimbando a maravilhosa exibição no Stade Louis II com uma excelente primeira parte no Juventus Stadium. O Millenium de Cardiff será o palco onde os bianconeri jogarão novamente os sonhos de uma década.

A vitória da Juve nesta eliminatória, frente um Mónaco que ficou aquém das expectativas que foram naturalmente depositadas em função dos resultados que a turma de Leonardo Jardim acumulou nas anteriores eliminatórias, alicerçou-se essencialmente em factores: comportamento defensivo, rigor táctico e uma ampla capacidade de fazer a diferença no ataque através do “ataque posicional” (os jogadores aparecerem nas posições em que devem estar) nas saídas rápidas para o contra-ataque.
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