Oh Fortuna, maldita Fortuna!

bas dost 5

Há 15 dias atrás, deixei aqui um conjunto de interrogações que, face ao que aconteceu esta noite em Alvalade, ainda se mantém válidas (quem sabe para Nou Camp; embora a esperança já não seja por motivos óbvios muita) visto que as respostas não foram finalmente encontradas. Creio que nos voltou a faltar a sorte em alguns lances e é um pouco por isso que a derrota de Turim e o empate agora conseguido frente aos italianos me sabem a pouco e me custam um mundo inteiro (talvez um feriado inteiro) a digerir.  Custam-me a digerir porque pior é a sensação de ter perdido um jogo onde fomos competentes do que ter perdido um jogo onde não podemos salientar um único aspecto positivo do rendimento da equipa. Sorte. Faltou sorte.

Faltou sorte para tamanha competência, para tamanha organização defensiva, para tamanha organização demonstrada em cada saída para o contra-ataque, para recompensar a garra exibida por Gelson, Acuña, e Bruno em cada saída para o contra-ataque, para recompensar cada pausa realizada por Bruno para pensar bem a construção de jogo (embora o Ristovski ainda esteja certamente a pensar porque é que o Bruno não lhe canalizou mais jogo na primeira parte quando o esvaziamento do flanco idealizado por Allegri lhe poderia ser benéfico; bastava por vezes ao médio olhar antes de receber para ler aquele sui géneris contexto apresentado pelos italianos na ala direita) e por Dost para o ligar convenientemente, para garantir posse de bola (retirando-a ao adversário; fazendo-o correr atrás do jogo; fazendo-o temer o leão), para tamanho espírito de batalha (interceptando cada bola, lutando por cada dividida como se fosse a última das nossas vidas e das vidas dos nossos jogadores – neste capítulo Rodrigo Battaglia foi enorme) para tamanha fome de vencer. Tamanha competência defensiva, apenas quebrada, como vamos ver mais à frente pela única falha defensiva grave cometida durante todo o jogo no capítulo do controlo à profundidade, numa fase em que a falta de força nas pernas já se alastrava para o foro psicológico. No único lance em que os enormes Gelson e Ristovski, jogadores que foram abnegados em todos os sentidos, correndo uma verdadeira maratona para por aquele flanco num verdadeiro lustro (até mesmo quando Allegri deu significado ao ditado “quem tem cú tem medo” – retirando o lateral direito para colocar toda a carne no assador com a entrada de um dos “nossos carrascos” de Turim, Douglas Costa, colocando Manduzkic na área para ver se o croata voltava a colher louros da burrice de Jonathan Silva) não subiram no terreno, colocando Higuaín em jogo no momento do redondinho passe de Cuadrado para a desmarcação do argentino. Faltou sorte naquele lance construído na direita por Bruno ao qual Bas Dost não chegou por uma unha negra. Se o holandês tivesse mais 35 cm de perna ou um arranque superior ao que tem, aquela tão desejada vitória seria certamente nossa. Continuar a ler “Oh Fortuna, maldita Fortuna!”

Os golos da jornada (2ª parte)

A 10ª jornada da Liga Espanhola, “matéria” que abordei no primeiro post desta sequência, trouxe-nos momentos de bom futebol. Outro desses momentos de bom futebol foi a jogada do primeiro golo do Sevilla, na suada vitória dos andaluzes, actuais 5º classificados de La Liga com 19 pontos, frente ao Leganés.  Continuar a ler “Os golos da jornada (2ª parte)”

A humildade de Buffon

buffon

“Cada um tem o seu tempo. Sou obrigado a respeitar as decisões do clube, que compra guarda-redes mais novos e talvez melhores do que eu. Quero encerrar a carreira da melhor forma possível, honrá-la até ao último dia” referiu o guarda-redes no final da partida disputada entre a Juve e o Milan.

Não é falsa modéstia, é humildade.

Como? Repete lá? Melhores que quem? Quantos? Quantos é que o podem dizer no teu país? Sim, em toda a história do futebol italiano? Quantos no Mundo? Quantos na história? Paremos por breves segundos para esquadrinhar de fio a pavio a história do futebol. Quantos guarda-redes foram tão influentes na sua história do futebol? Quantos é que podem olhar em retrospectiva para a sua carreira de forma a poder afirmar: “Sim, a minha carreira é ou foi equiparável ao nível de grande à do Buffon” – Poucos. Certamente poucos. E actualmente? Sim, actualmente? Quantos? Quantos dos “novos” é que possuem a tua agilidade? Quantos é que ainda possuem a tua flexibilidade? E os teus reflexos? Quantos é que algum dia poderão atingir o teu nível e estatuto na história do futebol? Um, talvez. O teu homónimo Gigi Donnaruma. Se continuar a evoluir como tem evoluído. Se. Suposição. Quando tinhas a sua idade, no Parma, já ninguém alimentava qualquer suposição em relação ao teu potencial. Lembro-me perfeitamente. Já não eras o “se”. Eras o futuro. Contudo, neste momento, no futebol poucas são as certezas. Promessas haverão de existir sempre muitas porque o futebol vive literalmente de dúvidas, dívidas e promessas, mas certezas existirão sempre poucas. Quantos é que possuem ou possuíram o elan com que tu comunicas para a tua defesa, bastando por vezes uma única palavra para os galvanizar para uma excelente exibição, bastando por vezes um “estou aqui” para transformar um lance com potencial para o adversário numa bola que morre lentamente nas tuas mãos… Quantos guarda-redes é que poderão dizer que ofereceram segurança a mais de 3 gerações de defesas? Quantos? A verdade é só: uma grande parte daqueles que jogaram nestes últimos 20 anos à tua frente cresceram porque tu estavas lá, porque tu acrescentavas segurança e confiança a toda a equipa! O Lilian Thuram, o Paolo Montero, o Giorgio Chiellini, o Robert Kovac, o Domenico Criscito, o Balzaretti, o Fabio Cannavaro, o Jean-Alain Boumsong, o Alessandro Birindelli, o Jonathan Zebina, o Martin Cáceres, o Fabio Grosso, o Nicola Legrotallie, o Zdenek Grygera, o Leonardo Bonucci, o Andrea Barzagli – todos. Todos sabiam que em caso de falha, tu estarías nas suas costas, ávido para a compensar com uma das tuas monumentais estiradas junto ao poste. Todos sabiam que não bastava ao adversário passá-los em velocidade, dobrá-los com uma rabona, saltar mais alto nos pontapés de canto: havia uma muralha intransponível nas suas costas. Uma muralha que todos queriam bater. Ainda há poucos meses, o rapazito do Mónaco (actualmente no PSG), o Kylian, referiu, que o maior sonho da vida dele era marcar-te um golito. Ele bem tentou, mas tu estragaste-lhe, por ora, o desiderato.

Se efectivamente for verdade o que dizes, Gigi, os dirigentes da Juve revelam o que facto meia Itália pensa a seu respeito: os ingratos Agnelli pertencem à escola mais perigosa do capitalismo selvagem. Pertencem à escola daqueles que gastam vidas humanas até à exaustão para seu próprio benefício, descartando-os à posteriori com um belo de um chuto no rabo quando sentem que é hora de passar para outro que lhes possa dar mais rendimentos. É um pouco disso que se trata. Tu não estás velho por mais que o teu BI diga que já passaste dos 4. Todas as pessoas que te vêem semanalmente o compreendem facilmente. Tu poderás estender a tua carreira até ao ponto em que digas: “não estou em condições de ter um rendimento minimamente aceitável” ou simplesmente, “estou farto disto. Quero fazer mais da minha vida” – se te retirares por esses motivos, toda a sua gente te compreenderá e toda a gente saltará do sofá ou da cadeira de estádio para te prestar aquela longa salva de palmas que bem mereces na tua despedida. O que se trata neste caso é que os tipos da tua direcção acham que está na hora de contratar o teu homónimo do Milan para facturar mais uns milhões com a venda de camisolas e de direitos de imagem. Mesmo que não estivesses em condições de continuar, jamais seria capaz de te despedir dessa forma porque tu não foste somente importante nos títulos conquistados pelo clube, não foste somente importante no título conquistado pelo teu país em 2006, não foste somente importante no estilo que criaste, não foste somente importante pelas causas pelas quais deste a cara ao longo destes 20 anos – quer tu queiras, quer não queiras, tu foste o responsável pela saída de milhares de pessoas de uma condição de miséria absoluta. Não tenhas a menor dúvida. Esse será o teu maior legado. Podes não te aperceber mas foram centenas, provavelmente milhares aqueles que do nada, ao ver os teus voos estampados nos posters colados à chapa das suas habituações, interiorizam para consigo: “Um dia quero voar de poste a poste como o Buffon” – E voaram, tornando-se profissionais de futebol.

Esse é o teu legado.

O futuro está garantido – o brilharete dos miúdos na UEFA Youth League

Fonte: o Artista do Dia

Da goleada infligida pelos leõezinhos à equipa de sub-19 da Juventus, elenco que é apresentado pelo emblema bianconeri no ultra competitivo Campionato Nazionale Primavera. 

Não posso deixar de concordar que a equipa leonina jogou na tarde do dia de ontem contra uma formação muito pobre em todas as dimensões do jogo (em termos defensivos, a falta de qualidade desta Juve é efectivamente gritante e algo atípica para uma equipa de um país cujo pensamento futebolístico dá um especial enfoque, trabalha, melhor, especializa, desde tenras idades, acima de qualquer outro aspecto, o comportamento defensivo e o rigor táctico das suas equipas e dos seus jogadores) que nem sequer está no top 5 das melhores formações italianas do escalão. Se abrirem o link suprapostado verão que esta Juve está a realizar um penoso arranque de campeonato na sua principal competição doméstica, encontrando-se a anos-luz daquela que neste momento é considerada a melhor equipa de formação do futebol italiano: a Fiorentina. Desta formação da Juve, a creio que poucos (ou talvez nenhum) serão aqueles que conseguirão conquistar o seu espaço na equipa principal nos próximos 3 anos.

Por outro lado não posso ignorar de todo o contexto sob o qual se disputou esta partida. A UEFA Youth League é um palco de aferição privilegiado para os treinadores (das equipas principais) e uma enorme montra para os jogadores. Quero com isto dizer que já ninguém encara a competição como uma mera competição rotineira, cuja utilidade serve para oferecer experiência internacional aos jogadores – grande parte dos jogadores que “caem” nesta competição são jogadores que detém alguma ou até bastante experiência internacional – adquirida através da sua presença nas selecções jovens do seu respectivo país (na competição, há dezenas de jogadores que participaram nos últimos anos nas fases finais de europeus e mundiais de sub-17) ou através da presença, desde tenras idades, em torneios (em Portugal existem neste momento vários; a Castelo de Vide Cup, o histórico torneio da Pontinha, a Algarve Youth Cup ou o Pateira Cup – Torneio Internacional de Fermentelos – Águeda são alguns dos maiores) que contam com a participação de alguns dos principais emblemas internacionais. – Se por um lado para os treinadores das equipas principais, a pressão destes momentos pode ser o barómetro ideal para aferir o grau de resposta de um determinado jogador (que imaginemos, até já tem vindo a participar regularmente nos trabalhos da equipa principal) sob um contexto superior de pressão, constituíndo-se portanto como o teste ideal para perceber quem é que está pronto para embarcar (leia-se ser lançado) para o futebol profissional e quem é que ainda suscita dúvidas, (devendo ficar a demolhar em águas bacalhau até outra ocasião), para os jogadores estes momentos constiuem-se como os testes ideiais para provarem que estão aptos a embarcar ou para se mostrarem à elite do futebol europeu, no caso dos jogadores dos clubes de menor dimensão que participam na prova.

A equipa leonina provou acima de tudo ser uma equipa bastante madura, capaz de lidar com um ambiente de altíssima pressão e de cumprir um plano de jogo desenhado em função do adversário, com um futebol muito escorreito (muito cínico, muito pragmático mas ao mesmo tempo muito bem trabalhado ao nível de organização defensiva e saída para o contra-ataque) e eu creio que não terá sido fruto do acaso, a inclusão de vários jogadores que já trabalham (e jogam, em alguns dos casos) regularmente nas equipas principais e B do Sporting -casos do guarda-redes Luis Maximiano, dos laterais Tiago Djaló e Abdu Canté (dois autênticos pulmões, capazes de virar o flanco de cima a baixo durante 90 minutos) dos médios Pedro Ferreira e Miguel Luís (que fantástica capacidade de passe e visão de jogo; de todos os jogadores que vi, o jovem de 18 anos parece-me ser o talento mais sólido da nova fornada), do extremo esquerdo Jovane Cabral ou do técnico (muito técnico; muito frio; como pudemos constatar no fantástico trabalho individual realizado no primeiro golo) prometedor ponta-de-lança Rafael Leão, estes dois, jogadores que já obtiveram de Jorge Jesus, na passada quinta-feira, frente ao Oleiros, o bilhete para se estrearem na principal camera do futebol português. Não tenham a mínima dúvida: estes jogadores estão a participar “nesta prova de aferição” sob ordem de Jorge Jesus, para Jesus perceber quem é pode efectivamente puxar para os trabalhos da equipa principal e lançar nos momentos oportunos ou nos momentos em que uma ou outra lesão e um ou outro impedimento de índole disciplinar o obriguem a ir pescar às “equipas de formação” do clube.

Juventus 2-1 Sporting – A deusa Fortuna voltou a trocar-nos as sortes

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Madrid e Lisboa, 1994. Milão e Lisboa, 1991 e 2001 (AC Milan) e 2002 (naquele empate sensaboroso obtido contra o Inter para a pré-eliminatória da Liga dos Campeões). Lisboa 2001, naquela partida de inglória euforia realizada frente ao Real Madrid. Lisboa, 2005, frente ao CSKA. Lisboa, 2008, frente ao Rangers. Lisboa e Bilbao, 2012. Madrid e Lisboa, 2016. Lisboa e Turim, 2017. O que é que tem faltado ao nosso Sporting para ser feliz nas competições europeias? O que é que devemos começar a trabalhar incansavelmente já a partir de amanhã ou que novenas deveremos todos, sem excepção, começar a rezar ininterruptamente para que o nosso Sporting seja feliz nos minutos finais das partidas que disputa contra os tubarões europeus? Que mal fizemos nós ao mundo para merecer tamanha falta de sorte?

Em Turim, voltámos a não ser fomos felizes e a verdade é que no futebol não existem vitórias morais. Existe sim o contentamento de termos visto o nosso Sporting a ombrear mano-a-mano contra o campeão e contra o vice-campeão europeu, mas esse contentamento per se não chega, não nos vale de nada, não nos traz benefícios. Dá-nos um certo conforto moral e aumenta as nossas expectativas em relação ao nosso principal objectivo doméstico (hoje acredito ainda mais que é possível quebrar em Maio de 2018 a longa travessia do deserto a que temos vindo a ser submetidos nos últimos 15 anos) mas, de facto não marcámos os pontos que deveríamos ter marcado nestas duas jornadas. O esforço e a entrega dos nossos jogadores nestes dois desafios não foram suficientemente recompensados, ficando portanto no ar aquele sentimento de injustiça, sentimento que no seio dos jogadores deverá ser esquecido o mais rapidamente possível porque a exibição compensou o resultado negativo averbado. Este resultado tem que dar ânimo a todo o grupo de trabalho. Com um bocadinho mais de esforço, creio que é possível corrigir este resultado em Alvalade.  Continuar a ler “Juventus 2-1 Sporting – A deusa Fortuna voltou a trocar-nos as sortes”

Os golos da jornada (2ª parte)

 

Regresso ao tema interrompido no post anterior, para mostrar o 3º golo do Chaves frente ao Moreirense. A formação de Luís Castro é na minha sincera opinião uma das equipas que melhor futebol tem praticado neste arranque da Liga Portuguesa. No entanto a prática de um futebol de elevado quilate de qualidade, estético, no qual se denota a existência de imenso trabalho de um treinador na expressão e na operacionalização das suas ideias de jogo junto dos seus jogadores, nem sempre vem acompanhada de resultados, dos malvados resultados. Dos malvados resultados que catapultam treinadores medíocres (metodologicamente; aqueles cuja qualidade do plantel chega e sobra para se alcançarem vitórias, sem que por trás tenha existido todo um trabalho de fundo do treinador na construção identitária da equipa e na modelação de jogadores para uma determinada forma de jogar) para o estrelato e que empurram bons treinadores, aqueles que num mar de incertezas conseguem construir e consolidar um bom modelo de jogo, modelando um plantel inteiro (cuja matéria-prima é por vezes desconhecida quando este assume funções ou sistematicamente alvo da cobiça de outros clubes) cada jogador à sua forma de jogar, para o abismo ou para um certo estado de ostracismo junto do grande público.  Continuar a ler “Os golos da jornada (2ª parte)”

Bloco de Notas da História #21 – Lars Ricken – Dois golos que não me saem da cabeça

De vez em quando vem-me à memória, fazendo-me prender 30 ou 40 minutos numa viagem ao passado. 20 anos decorridos (como o tempo passa) sobre a grande vitória do BVB (leia-se em língua alemã BfB) na primeira edição do formato moderno da Liga dos Campeões frente à Juventus, ainda recordo com algum carinho a campanha da pragmática (para não dizer cínica; mais cínica que a Juve de Marcelo Lippi) equipa orientada por Otmar Hitzfeld. Continuar a ler “Bloco de Notas da História #21 – Lars Ricken – Dois golos que não me saem da cabeça”

Análise – Final da Champions – Juventus 1-4 Real Madrid – Que vendaval foi aquele que passou em Cardiff?

Que espécie de vendaval passou por Cardiff na noite de hoje? Que espécie de apagão, que autêntico reset foi aquele que se verificou na máquina de Massimiliano Allegri? Como é que se explica o facto de uma equipa experiente e cínica como a Juve, capaz de se adequar a todos os adversários sem abdicar dos seus princípios e da sua identidade, tenha tombado daquela forma em 45 minutos? Como é que se explica o facto desta equipa ter cometido mais erros defensivos em 45 minutos do que aqueles que tinha cometido em 12 partidas? Foi a pressão do momento? Foi o cansaço? Foi um enorme bloqueio emocional? Foi a maior frescura física das unidades adversárias? Foi o incansável trabalho dos médios merengues? Foi o maior dinamismo de todas as unidades do Real Madrid? Aqueles que viram o jogo com um mínimo de atenção conseguirão facilmente encontrar as pistas que ajudam a explicar a 12ª vitória na competição do bicampeão europeu Real Madrid.

Os merengues foram efectivamente mais fortes. Foram mais fortes e mais rígidos no plano defensivo. Foram mais fortes nas batalhas a meio-campo vencendo praticamente todos os duelos individuais. Foram mais fortes no capítulo da marcação ao adversário. Foram mais dinâmicos, fazendo da sua dinâmica posicional a sua melhor arma para destruir por completo o rígido bloco defensivo bianconeri. Foram também mais criativos, mais interventivos, mais cientes daquilo que pretendiam fazer com o jogo. Criaram mais oportunidades de ouro e voltaram a beneficiar do poder de finalização da sua grande máquina, do seu grande Deus do futebol. Aproveitaram as segundas bolas como se de oportunidades de ouro, de vida ou morte, se tratassem. Pudemos verificá-lo nos 2 golos que mudaram por completo uma partida que até teve uma primeira parte minimamente encaixada dentro das expectativas iniciais de equilíbrio. Os bianconeri fizeram um percurso perfeito na competição. Os madridistas não realizaram um percurso tão perfeito na competição. Pode-se até mesmo dizer que em determinadas ocasiões (contra o Sporting, contra o Bayern, contra o Atlético) a equipa foi conseguindo chegar ao seu objectivo final através de uma estrada cheia de solavancos, pedras e ressaltos. Mas, ao fim de 9 meses, pode-se dizer que foram a formação mais competente, revalidando o seu domínio quase completo do futebol europeu na presente década.

Claro que tenho pena que Gigi Buffon não tenha ganho o seu merecido troféu de campeão europeu. Por tudo o que deu ao futebol, o veterano merecia ter vencido a final de hoje. A formação de Turim voltou nos últimos anos a afirmar-se de acordo com os pergaminhos da sua imensa história. Allegri devolveu o orgulho europeu à Velha Senhora. O treinador italiano voltou a fazer da Juve um crónico candidato ao título europeu. O importante agora é não desistir. Se voltar a arrepiar caminho, os bianconeri terão o seu momento.

Cristiano Ronaldo volta, por outro lado, a fazer história. 600 golos como profissional. 12 golos na edição da Champions deste ano, voltando a coroar-se como o melhor marcados da história da competição. 4ª champions no bolso e a 5ª bola de ouro a caminho, numa temporada que promete voltar a ser inesquecível para o internacional português se aos quatro títulos conquistados na presente temporada (ao qual escapou apenas a Copa del Rey), o português puder novamente assinalar no seu palmarés a conquista da Taça das Confederações ao serviço da selecção portuguesa.
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Análise – Final da Coppa D´Italia – Juventus 2-0 Lazio

Um golo de Daniel Alves e outro de Leonardo Bonucci, deram, ainda no primeiro tempo, a 3ª dobradinha consecutiva dos bianconeri neste ciclo completamente devastador da formação de Turim. Num jogo da faces distintas (a 1ª primeira parte pertenceu quase por inteiro aos homens de Turim; na 2ª parte a Juventus concedeu algum domínio aos laziale) o resultado final pode, sumariamente, explicar-se por uma melhor entrada da turma de Allegri na partida, pela incapacidade demonstrada pela Lazio em pressionar as transições para o contra-ataque que a Juventus tão bem executa, pelos erros defensivos cometidos pela equipa de Simone Inzaghi no primeiro tempo e pela falta de eficácia na mão cheia de oportunidades que os romanos tiveram ao longo da partida. Perante uma equipa que é tão eficaz, qualquer erro cometido paga-se imensamente caro.  Continuar a ler “Análise – Final da Coppa D´Italia – Juventus 2-0 Lazio”

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