Um breve olhar sobre o plantel do Sporting. Deverá Jesus atacar em força o mercado de inverno?

battaglia 3

Nas últimas semanas, tenho lido por aí, tanto nas redes sociais, como na blogosfera e na imprensa especializada diferentes perspectivas sobre o plantel do Sporting, sobre as exibições e a evolução trilhada por alguns jogadores nas diversas dimensões do jogo, tomando sempre como ponto de partida para a discussão o modelo de jogo e as ideias de Jorge Jesus, bem como algumas opiniões em relação às necessidades ou carências mais urgentes que são ditadas pelas exibições, pela evolução dos jogadores (em especial, pelo grau de assimilação destes aos princípios e ideias do teinador) e pelas lesões que recentemente abalaram algumas das peças-chave deste plantel, muito por culpa de dois factores que devem ser imputados a Jorge Jesus: a gestão do plantel e a exigência do seu modelo de jogo.

Demolhados alguns dos argumentos lidos por aí e devidamente contrapostos com a minha análise do “estado das coisas” defendi no início da época e continuo a defender que o Sporting terá forçosamente que procurar, interna ou externamente, quatro reforços, fulcrais, para consolidar o leque de opções à disposição do seu treinador em quatro posições do terreno: para a posição de central, para a esquerda da defesa,  para as alas e para a posição de ponta-de-lança. Continuar a ler “Um breve olhar sobre o plantel do Sporting. Deverá Jesus atacar em força o mercado de inverno?”

Oh Fortuna, maldita Fortuna!

bas dost 5

Há 15 dias atrás, deixei aqui um conjunto de interrogações que, face ao que aconteceu esta noite em Alvalade, ainda se mantém válidas (quem sabe para Nou Camp; embora a esperança já não seja por motivos óbvios muita) visto que as respostas não foram finalmente encontradas. Creio que nos voltou a faltar a sorte em alguns lances e é um pouco por isso que a derrota de Turim e o empate agora conseguido frente aos italianos me sabem a pouco e me custam um mundo inteiro (talvez um feriado inteiro) a digerir.  Custam-me a digerir porque pior é a sensação de ter perdido um jogo onde fomos competentes do que ter perdido um jogo onde não podemos salientar um único aspecto positivo do rendimento da equipa. Sorte. Faltou sorte.

Faltou sorte para tamanha competência, para tamanha organização defensiva, para tamanha organização demonstrada em cada saída para o contra-ataque, para recompensar a garra exibida por Gelson, Acuña, e Bruno em cada saída para o contra-ataque, para recompensar cada pausa realizada por Bruno para pensar bem a construção de jogo (embora o Ristovski ainda esteja certamente a pensar porque é que o Bruno não lhe canalizou mais jogo na primeira parte quando o esvaziamento do flanco idealizado por Allegri lhe poderia ser benéfico; bastava por vezes ao médio olhar antes de receber para ler aquele sui géneris contexto apresentado pelos italianos na ala direita) e por Dost para o ligar convenientemente, para garantir posse de bola (retirando-a ao adversário; fazendo-o correr atrás do jogo; fazendo-o temer o leão), para tamanho espírito de batalha (interceptando cada bola, lutando por cada dividida como se fosse a última das nossas vidas e das vidas dos nossos jogadores – neste capítulo Rodrigo Battaglia foi enorme) para tamanha fome de vencer. Tamanha competência defensiva, apenas quebrada, como vamos ver mais à frente pela única falha defensiva grave cometida durante todo o jogo no capítulo do controlo à profundidade, numa fase em que a falta de força nas pernas já se alastrava para o foro psicológico. No único lance em que os enormes Gelson e Ristovski, jogadores que foram abnegados em todos os sentidos, correndo uma verdadeira maratona para por aquele flanco num verdadeiro lustro (até mesmo quando Allegri deu significado ao ditado “quem tem cú tem medo” – retirando o lateral direito para colocar toda a carne no assador com a entrada de um dos “nossos carrascos” de Turim, Douglas Costa, colocando Manduzkic na área para ver se o croata voltava a colher louros da burrice de Jonathan Silva) não subiram no terreno, colocando Higuaín em jogo no momento do redondinho passe de Cuadrado para a desmarcação do argentino. Faltou sorte naquele lance construído na direita por Bruno ao qual Bas Dost não chegou por uma unha negra. Se o holandês tivesse mais 35 cm de perna ou um arranque superior ao que tem, aquela tão desejada vitória seria certamente nossa. Continuar a ler “Oh Fortuna, maldita Fortuna!”

Juventus 2-1 Sporting – A deusa Fortuna voltou a trocar-nos as sortes

pjanic

Madrid e Lisboa, 1994. Milão e Lisboa, 1991 e 2001 (AC Milan) e 2002 (naquele empate sensaboroso obtido contra o Inter para a pré-eliminatória da Liga dos Campeões). Lisboa 2001, naquela partida de inglória euforia realizada frente ao Real Madrid. Lisboa, 2005, frente ao CSKA. Lisboa, 2008, frente ao Rangers. Lisboa e Bilbao, 2012. Madrid e Lisboa, 2016. Lisboa e Turim, 2017. O que é que tem faltado ao nosso Sporting para ser feliz nas competições europeias? O que é que devemos começar a trabalhar incansavelmente já a partir de amanhã ou que novenas deveremos todos, sem excepção, começar a rezar ininterruptamente para que o nosso Sporting seja feliz nos minutos finais das partidas que disputa contra os tubarões europeus? Que mal fizemos nós ao mundo para merecer tamanha falta de sorte?

Em Turim, voltámos a não ser fomos felizes e a verdade é que no futebol não existem vitórias morais. Existe sim o contentamento de termos visto o nosso Sporting a ombrear mano-a-mano contra o campeão e contra o vice-campeão europeu, mas esse contentamento per se não chega, não nos vale de nada, não nos traz benefícios. Dá-nos um certo conforto moral e aumenta as nossas expectativas em relação ao nosso principal objectivo doméstico (hoje acredito ainda mais que é possível quebrar em Maio de 2018 a longa travessia do deserto a que temos vindo a ser submetidos nos últimos 15 anos) mas, de facto não marcámos os pontos que deveríamos ter marcado nestas duas jornadas. O esforço e a entrega dos nossos jogadores nestes dois desafios não foram suficientemente recompensados, ficando portanto no ar aquele sentimento de injustiça, sentimento que no seio dos jogadores deverá ser esquecido o mais rapidamente possível porque a exibição compensou o resultado negativo averbado. Este resultado tem que dar ânimo a todo o grupo de trabalho. Com um bocadinho mais de esforço, creio que é possível corrigir este resultado em Alvalade.  Continuar a ler “Juventus 2-1 Sporting – A deusa Fortuna voltou a trocar-nos as sortes”

Sporting – Findo o segundo ciclo, o que é que se perspectiva?

Por Miguel Condessa*

sporting 101

Findo o segundo ciclo, o que se viu, o que se perspectiva…

Depois de 2 jogos, em casa, de enorme grau de dificuldade, creio que a maioria dos adeptos conscientes ainda não terá percebido bem se temos realmente uma equipa para ganhar títulos este ano ou não. Todos nós, sportinguistas, temos essa esperança mas uns acharão que ainda nos falta algo e outros já pensam que estão reunidas todas as condições – ainda por cima com o VAR! – para ser este ano o nosso ano!

Eu, confesso, inicialmente pensei que sim, contrariando até a minha ideia inicial que nunca seremos campeões com o Jesus, mas agora penso que ainda nos faltam algumas coisas… Tivemos já dois grandes ciclos de jogos – entre o início da temporada e os jogos da selecção. No primeiro ciclo, em Agosto, fizemos 6 jogos – Aves (f), Setúbal (c), Steaua (c), Guimarães (f), Steaua (f) e Estoril (c) – com 5 vitórias e 1 empate. Neste segundo ciclo, em Setembro, em 7 jogos – Feirense (f), Olympiacos (f), Tondela (c), Marítimo (c), Moreirense (f), Barcelona (c) e Porto (c) – conseguimos 3 vitórias, 3 empates e 1 derrota, sendo que nos últimos 4 jogos não vencemos nenhum!

É da minha opinião que temos um bom plantel, o melhor das 5 épocas do Bruno de Carvalho, com algumas lacunas, que nos dá uma boa base para trabalhar daqui para a frente. Este ano as aquisições foram bastante assertivas – a excepção será o Matheus Oliveira que não tem, nunca teve, e acho que dificilmente terá, andamento para jogar num clube como o Sporting – e tivessem sido assim nos dois anos anteriores de certeza que não tínhamos as limitações que temos e seriamos muito mais fortes. Continuar a ler “Sporting – Findo o segundo ciclo, o que é que se perspectiva?”

A melhor exibição colectiva e táctica da temporada não resultou em mais porque houve falta de qualidade na definição e um ligeirinho complexo de inferioridade nos momentos-chave

barcelona

Um turbilhão de emoções. Quem viu no estádio deverá ter decerto sentido que o Sporting poderia ter retirado muito mais daquela segunda-parte. Não foi um verdadeiro “encostar do adversário” às cordas porque os catalães também defenderam bem (chegando a ter 8 unidades no interior ou nas imediações da área) e conseguiram a espaços, nos momentos de maior pressão adversária com muita classe, melhor, com a classe que estratifica jogadores como Jordi Alba, Andrés Iniesta, Sérgio Busquets e Lionel Messi como jogadores de 1ª linha mundial, ter mecanismos (os tais que faltaram ao Sporting para ser criterioso na saída para o contragolpe) para levar a bola para o meio-campo adversário, cumprindo a mais ortodoxa das estratégias de gestão da vantagem. Aquelas que nos faltaram cumprir por exemplos nos jogos contra o Feirense, Estoril e Olympiacos.

No entanto, o Sporting no 2º tempo fez o que 99% das equipas europeias não conseguiram fazer nos últimos 15 anos contra este Barça: encostar a equipa catalã ao seu último reduto, aplicar uma pressão altíssima e de certa forma asfixiante que não deixava os catalães sair “à lagardère” em construção (a defesa subida até perto da linha de meio-campo comportava os riscos e consequências depreendidas na primeira parte quando o Barça começou a explorar a profundidade devido à falta de alternativas concedida pela excelente organização defensiva do adversário) e roubar muitas bolas passíveis de se constituírem como contra-ataques bastante promissores.Nesses contra-ataques faltou-nos critério (bloco a subir rapidamente, falta de linhas de passe para dar continuidade às arrancadas de Bruno e Gelson; é certo que a cada recuperações caiam logo uma data de jogadores sobre o portador, a começar por Sergio Busquets, estacando imediatamente a transição com um desarme ou com uma falta cirúrgica; passes certeiros), faltou um certo apoio dos laterais às investidas nas alas e alguma qualidade no momento da definição das jogadas.

A melhor exibição colectiva e táctica da temporada (quase perfeita no primeiro tempo; arrojada e suicida no 2, mas que ao mesmo tempo nos encheu de tanto orgulho; cumprindo à risca o plano de jogo que já vinha desde há algumas semanas a antever) poderia ter sido selada com um tiro de glória se Bas Dost (a atravessar uma clara crise de confiança) tivesse optado por atacar aquela apetitosa bola com a fé que o caracteriza, ao invés da infrutífera decisão tomada com a assistência para o lado para a entrada o remate de Bruno Fernandes. Estivemos tão próximos de um resultado positivo susceptível de nos abrir a porta do sonho num verdadeiro mar de espinhos. Contudo, fiquei ciente de

  • se no domingo fizermos uma exibição deste quilate de pureza contra o Porto (creio que não é preciso alterar nada no onze titular e no plano de jogo; a melhor forma de respondermos à estratégia que Conceição apresentará em Alvalade será baixar linhas e dar-lhes toda a iniciativa no nosso meio-campo; temos suficiente estabilidade, segurança e organização defensiva para enfrentar qualquer equipa ) venceremos;
  • se formos um bocado mais organizados e menos temerários ofensivamente poderemos bater a Juventus.
  • A terceiro e não menos importante: este estádio atingido frente ao Barcelona ainda não é na minha opinião o nível de evolução máxima que esta equipa pode vir a atingir no decurso desta temporada.

Continuar a ler “A melhor exibição colectiva e táctica da temporada não resultou em mais porque houve falta de qualidade na definição e um ligeirinho complexo de inferioridade nos momentos-chave”

Empate merecido num jogo de teste em que Jorge Jesus ganhou algumas opções

ristovski

De todas as alternativas ao plano principal que Jorge Jesus fez subir ao tapete de Alvalade os únicos que me convenceram verdadeiramente foram Ristovski, Petrovic e André Pinto. Jonathan fez um jogo interessante, sem muitas falhas. Já Iuri e Matheus Oliveira destacaram-se pela negativa. Ao brasileiro, Jorge Jesus passou até um atestado de incompetência para a sua posição quando o passou para o flanco esquerdo a meio da primeira parte, colocando Bruno César no miolo. O macedónio provou mesmo que está disponível para lutar pela titularidade com Piccini ao longo da temporada. Veloz na condução (imprimindo velocidade ao jogo sempre que é chamado a participar) e nos momentos de recuperação defensiva, o combativo macedónio é dono de um óptimo posicionamento (foram várias as bolas que interceptou ao longo do jogo), é bastante raçudo na abordagem às acções 1×1 do adversário e nas divididas, projecta-se bem no terreno (dando profundidade ao jogo) e arrisca o 1×1 sempre que pode. 

O jogo de estreia na Taça da Liga serviu para Jorge Jesus rodar jogadores. Sem pressão (creio que Jesus terá dado de barato o resultado ao adversário em detrimento do crescimento do colectivo; do conjunto de soluções de banco que podem dar uma resposta imediata em caso de impedimento de qualquer um dos titulares) o treinador do Sporting aproveitou a ocasião para dar minutos aos jogadores menos utilizados com o intuito expresso de perceber se estes tem entrega suficiente para merecer a sua confiança num futuro próximo e se conseguem entrar nas dinâmicas exigidas pelo seu modelo de jogo. Se alguns jogadores responderam afirmativamente à chamada, aproveitando a oportunidade para dar novas opções ao seu treinador, outros não. Matheus é, como já pude referir no início do post, uma carta cada vez mais fora do baralho. O brasileiro não tem nada de Sporting: não tem intensidade, não é rápido a pensar e a executar, não é eficaz no passe, não pressiona. Nada. Depois do que vi da exibição do jogador, se fosse presidente do Sporting, mandava a factura dos ordenados e das comissões de transferência do jogador para o Bebeto pagar ou então pedia-lhe encarecidamente, em troca de uma compensação financeira, a sua presença em Alcochete para ensinar o filho a jogar e para ensinar ao Doumbia os movimentos que um avançado deve fazer na área para facilitar a vida de quem está nas linhas a cruzar.

Continuar a ler “Empate merecido num jogo de teste em que Jorge Jesus ganhou algumas opções”

Estamos no Olimpo

Só me apetece escrever: é histórico. Foram os melhores 45 minutos da história do Sporting na Champions League. Jesus (e os jogadores) exploraram ao pormenor todos os erros em cascata do adversário. O comportamento defensivo que o Olympiacos adoptou nestes primeiros 45 minutos lembra-me o comportamento defensivo errático do Sporting na temporada passada. Alguns dos comportamentos (falta de pressão quando a equipa perde posse\tempo e espaço para lançar em profundidade para as costas da defesa) foram os “tendões de Aquiles” que nos fizeram perder bastantes pontos na temporada transacta:

  1. O enorme espaçamento entre linhas que o adversário oferece. Este Olympiacos é uma equipa que se estende de área a área, deixando muito espaços para lançar entre a linha média e a linha defensiva.
  2. A pressão alta errática (individual; sempre que um jogador é suplantado, a equipa não tem mecanismos para o compensar) que é feita no meio-campo com vários jogadores a correr desalmadamente para tentar roubar a bola sem que outro por trás feche as linhas de passe ao portador de forma a obrigá-lo a errar.
  3. O enorme espaçamento entre linhas e a pressão errática que é feita, leva a que a defesa grega se sinta algo confusa. Não existindo pressão, Bruno Fernandes, William ou até mesmo Battaglia tem tempo e espaço para lançar Doumbia ou Gelson (mais próximo de Doumbia, funcionando quase como um 2º avançado)  em profundidade nas costas da defesa grega. Isso faz com que o quarteto defensivo grego, em particular os centrais, se sintam algo confusos no controlo à profundidade. Se não existe pressão à sua frente para limitar o lançamento adversário, não conseguem sair no timing ideal para colocar os avançados do Sporting em fora-de-jogo porque nunca sabem quando é que vai sair o passe.

Por outro lado, o Sporting tem vindo a demonstrar grande competência defensiva. Tanto William como Battaglia tem revelado uma enorme competência na forma em como na primeira fase de construção grega caem em cima dos médios interiores do Olympiacos (não os deixando virar de frente para o jogo; ou até desautorizando a construção, conseguindo portanto recuperações importantíssimas para lançar ataques rápidos) como numa segunda fase caem rapidamente nas alas ou no corredor central para evitar situações de sobreposição\superioridade numérica (são nítidos os triângulos que são formados nas alas entre os laterais, extremos e interiores; ), triangulações ou a possibilidade de Marin realizar o último passe para as desmarcações de Djurdjevic para as costas dos centrais.

Jonathan Silva tem sido o elo mais fraco da defensiva leonina. O argentino não cai em cima de Mehdi Carcela para impedir que este possa receber e criar nas suas costas.

Outro dos erros que o Sporting não deve cometer reside na subida das linhas quando, a construir a partir de trás, o Olympiacos tenta chamar a pressão. Sempre que o Sporting sobe as suas linhas para pressionar mais alto, os gregos conseguem fazer chegar a bola com mais facilidade (quase sempre de frente para o jogo) aos seus construtores Odidja e Marko Marin.

Muito desconforto e muito nervosismo na Feira

Fortíssimos nas transições e pouco mais. Ao dar apoio à acção de Gelson Martins, Alan Ruiz (jogador que finalmente começou a movimentar-se mais para as alas na 2ª parte, contrariando o estaticismo que enunciei no post anterior desde o momento em que entrou para dentro do terreno de jogo) permitiu a continuidade da acção a Gelson (no momento em que o argentino faz o movimento divergente para o lado direito para oferecer apoio ao companheiro, o jogador que o acompanha decide parar a sua acção para eventualmente esperar o 1×1 de Gelson; o jogador da Feira não acreditava na possibilidade do extremo colocar um cruzamento daquele sector do terreno).

O corte de Bas Dost é importantíssimo. Ao dar a entender ao central que tenciona atacar aquela bola, o ponta-de-lança do Sporting prende por completo o central, ou seja, não permite que este recue para estorvar a acção de quem vai realmente receber: Bruno Fernandes.

Inteligência do médio no timing de entrada nas costas, aproveitando a ausência do lateral direito Jean Sony.

O meu coração não aguenta. Depois do frenético final frente ao Setúbal, daquela cardíaca ponta final de partida frente ao Estoril (na qual esta equipa deu os primeiros indícios daquilo que viemos a confirmar na 2ª parte do jogo desta noite: uma equipa que tem muita dificuldade para gerir vantagens) e de uma salutar pausa de 2 semanas para recarregar baterias, na Feira, o alívio só veio mesmo no último minuto e veio porque um dos centrais da dupla de “paus-de-virar tripa” de Nuno Manta, o elo mais fraco desta galharda formação da Feira, cometeu um daqueles erros que vulgarmente designo como “erro provocado por desgaste e fadiga”

Continuar a ler “Muito desconforto e muito nervosismo na Feira”

O segredo esteve no engodo criado nos primeiros 15 minutos da segunda parte

FBL-POR-LIGA-SPORTING-BOAVISTA

O parco conhecimento sobre futebol que possuo já me permite obter, em 2 ou 3 minutos de observação de uma equipa, um conhecimento mais ou menos alargado (e rigoroso; na maior parte das vezes rigoroso) sobre o modelo de jogo, processos (ofensivos e defensivos) e métodos de treino de uma determinada equipa ou treinador. Nesses 2 ou 3 minutos tento, identificar, com olhos de falcão, os processos de jogo padronizados (se bem que a padronização dos processos a médio e longo prazo é sinónimo de previsibilidade) e os diversos comportamentos assumidos em campo pela equipa (colectivamente) e pelas suas partes (os jogadores). Ao fim de 2 ou 3 observações, consigo perceber também as mais-valias que um jogador oferece às ideias e princípios de um determinado modelo trabalhado por um treinador, as suas lacunas e a forma em como se pode optimizar o seu rendimento.  Para quem assiste diariamente a jogos de futebol comigo, não deverá achar estranho se ao final de 5 minutos estiver em condições de dizer que tal equipa utiliza um processo de circulação x, com um comportamento y em momento defensivo. Tal análise leva-me indubitavelmente a crer que para criar problemas defensivos à equipa z, a equipa b precisa de praticar determinado tipo de processos, aplicar determinado sistema de pressão, limitar as acções do jogador d e assumir um determinado comportamento na sua organização defensiva ou explorar um determinado tipo de acções onde um dos seus jogadores é forte ou é criativo, por exemplo.

Na análise ao jogo da 1ª mão pude escrever que para desbloquear os jogos contra as equipas que praticam o mesmo modelo que é praticado pela formação romena, o Sporting teria de assumir uma de várias posturas:

Como é que se desbloqueiam jogos contra este tipo de equipas?

Existem a meu ver várias maneiras para desbloquear este tipo de adversários:

  • Recuando o bloco – O Sporting baixa as suas linhas, dá a posse ao adversário e com a posse leva o adversário a assumir um comportamento ofensivo mais expansivo e empolgado no qual mete mais unidades nos processos ofensivos, para, capitalizar todos os erros que possam ser cometidos na circulação a meio-campo. Uma equipa mais balanceada, com mais unidades presentes nos momentos de construção e criação, é uma equipa tendencialmente mais exposta defensivamente, porque nem sempre poderá ser rápida a fazer a transição para o momento defensivo.
  • Chamando a pressão adversária com uma circulação de bola mais prolongada à saída do seu meio-campo para que o Steaua sinta vontade de subir as suas linhas para pressionar mais alto. A subida de linhas permite a obtenção de espaços para jogar entre linhas se existir uma saída ordenada e em bloco ou permite o lançamento de mais bolas para as costas do adversário.
  • Rotação constante do segundo avançado entre o corredor central e as faixas para auxiliar tanto o jogo exterior (triangulações) como o jogo interior (fixando-se entre linhas para receber, virar, fintar ou servir desmarcações). Podence é um jogador capaz de cumprir estes requisitos.
  • Troca posicional constante ao longo do jogo. Já vimos que Acuña dá-se bem com o jogo interior e até o procura quando não tem bola no flanco ou quando é Coentrão quem sai a jogar. O Argentino sabe sempre o que fazer à bola. Pode assistir. Pode tentar cair sobre os defesas adversários em drible. Pode rematar de meia distância sempre que tiver uma aberta para tal. Porque não alterar o actual estado estaticista que se pode observar com clarividência ao longo de vários momentos do jogo com trocas posicionais entre Podence e Acuña, por exemplo?

Continuar a ler “O segredo esteve no engodo criado nos primeiros 15 minutos da segunda parte”

A falta de criatividade e a previsibilidade de processos dá neste tipo de empates chochos

sporting 23

Na Vila das Aves acreditei. O recuo de linhas foi fulcral para se atingir o resultado que se atingiu. Os dois golos da vitória nasceram em períodos do jogo nos quais o recuo do bloco deu a ilusória sensação ao adversário que estava por cima no jogo. O Aves expôs-se e o Sporting capitalizou em duas acções no contra-ataque. Frente ao Setúbal duvidei. Frente ao Steaua confirmei: o Sporting terá imensas dificuldades para bater todas equipas que se apresentem em bloco recuado em Alvalade.

Não é preciso ser um génio do futebol para se compreender a previsibilidade dos processos ofensivos da equipa de Jorge Jesus. A equipa sai bem a construir de trás (porque o sistema de pressão do adversário o vai permitindo) chega bem aos 60 metros mas aí, aí meus caros leitores, começa toda uma construção previsível (excessivamente flanqueada) onde não existe um pingo de dinâmica e um pingo de criatividade. Continuar a ler “A falta de criatividade e a previsibilidade de processos dá neste tipo de empates chochos”

Blogue Insónias

Blogue Insónias onde o livre pensamento tem lugar!

The Daily Post

The Art and Craft of Blogging

WordPress.com News

The latest news on WordPress.com and the WordPress community.