A Avenida de Moscovo

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A derrota sofrida pelo Benfica em Moscovo colocou definitivamente Rui Vitória no fio da navalha. O cenário de despedimento, cenário que até à noite de ontem não passava de um mero cochicho murmurado debaixo das arcadas (nas barras de comentários de blogues; na língua viperina de um comentador mais rebelde e\ou abutre; é nesta última espécie que se insere por exemplo Rui Gomes da Silva) partilhado por um conjunto de adeptos descontentes com a prestação da equipa na presente edição da Liga dos Campeões e até no próprio campeonato, prova em que a equipa encarnada tem conquistado pontos aos solavancos (ora conseguindo vincar a sua supremacia sobre os adversários por força de acções individuais; ora ajudada por um ou outro erro de arbitragem) tornou-se uma hipótese bem real se a equipa encarnada não obtiver um bom resultado no próximo dia 1 de Dezembro na deslocação ao Estádio do Dragão. Independentemente dos feitos alcançados no passado (por mérito de quem? – é uma das perguntas que se deve colocar. Pela lavra de Rui Vitória ou pelo que foi deixado construído por Jorge Jesus?) feitos que o treinador encarnado faz questão de recordar estrategicamente na hora da derrota, para tentar justificar e salvaguardar a sua permanência no presente, passando um verdadeiro paninho quente sobre o que não fez e o que possivelmente não virá a fazer até ao final da temporada por manifesta falta de matéria-prima ou por manifesta incapacidade, quem anda pelo futebol sabe que para salvar a sua pele num momento de aperto, qualquer presidente acossado não hesita em culpabilizar o treinador pelo mau momento da equipa, despedindo-o. Continuar a ler “A Avenida de Moscovo”

A táctica dos 50 mil cruzamentos: sempre a pensar naquele auto-golo milagroso

Tantas vezes vai o cântaro à fonte que há de quebrar de qualquer forma. Frente a uma selecção algo expectante (com uma razoável organização defensiva, pese embora os espaços que está a permitir para a selecção portuguesa circular a bola no seu meio-campo; pressionante q.b nos momentos de transição e quando a bola entra nos corredorers; nunca concedendo superioridade numérica nas faixas, obrigando à construção de momentos de superioridade portuguesa com recurso aos deslocamentos de Ronaldo até aos flancos ou de André Silva, movimentos que começaram a surgir a partir da meia-hora; segura na transição; capaz de adormecer o jogo nos momentos de maior excitação ofensiva da selecção portuguesa) não denoto qualquer novidade nos processos de jogo ofensivos desta selecção.

William e Moutinho têm estado fantásticos na transição, retirando a bola das zonas de maior pressão suíça no miolo e lançando bem o ataque, com recurso ao passe preferencial para a ala direita (na ala esquerda, João Mário tem efectivamente tido mais oportunidades para acelerar nas acções de contragolpe, estando um pouco lesto a soltar a bola quando os adversários saem no seu encalce para matar a transição; Eliseu nem sempre sobe para apoiar as suas investidas), ala onde Bernardo tem recebido bem e contemporizado à espera da subida de Cedric quer pelo interior quer pelo exterior. Neste flanco, a presença constante de Ronaldo permite a criação de combinações que quase sempre redundam em oportunidades de cruzamento quer para Cédric quer para João Moutinho, jogador que também tem aparecido muito bem pela interior direita a apoiar as investidas dos flancos. No entanto, é no capítulo da definição e do último passe onde a selecção portuguesa tem vindo a falhar. Com pouca presença na área (André Silva começou o jogo sozinho frente aos dois laterais suíços; a partir da meia-hora, João Mário tem aparecido mais vezes em zona de finalização para dar mais uma opção a quem cruza) os cruzamentos tem saído bastante largos. Entalado entre os centrais adversários, André Silva não tem tido muitas oportunidades para atacar a bola e a verdade é que o avançado do AC Milan também não tem facilitado a vida de quem cruza. Bastará portanto uma movimentação para um determinado sentido (1º poste\2º poste) para pedir um cruzamento para um determinado espaço.

Um problema para Rui Vitória resolver

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Duas das características fulcrais, fundamentais e decisivas do comportamento defensivo (mais concretamente da fase de transição para a defesa) da formação de Rui Vitória reside na reacção dos jogadores à perda da bola e na capacidade (colectiva) que os jogadores encarnados possuem de se reorganizarem rapidamente no momento da perda de maneira a realizarem um contra-pressing imediato sobre o adversário, situação que permite à equipa encarnada estancar a iniciativa adversária e\ou obrigar o adversário a cometer erros na construção a partir de trás ou no momento da recuperação da posse de bola. Quando o adversário erra no momento de construção, a formação encarnada lucra porque tem processos demasiado bem trabalhados para capitalizar sobre o erro do adversário – um deles, o mais visível, é o ataque à profundidade (à procura das desmarcações de Haris Seferovic) que é realizado pelos seus dois médios (Pizzi e Fejsa) sempre que estes conseguem recuperar a bola a meio-campo.

Por outro lado, sempre que a equipa encarnada não é eficaz no primeiro momento de pressão (alta) existe sempre muito espaço para jogar nas costas do meio-campo, em especial no corredor central. Este problema agudiza-se ainda mais quando Rui Vitória não tem Ljubomir Fejsa em campo, visto deslocamentos constantes que são realizados pelo sérvio, quer para matar a transição adversária, quer para estar sempre perto do centro de jogo sempre que a equipa adversária consegue ultrapassar a pressão alta dos encarnados, de forma a intervir rapidamente na situação (apoiando quer os centrais, quer os laterais) para recuperar a posse (e lançar o ataque; característica que o sérvio adquiriu com Rui Vitória, diga-se em abono da verdade) são fulcrais para o sucesso defensivo da equipa encarnada.

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A confirmação do meu maior receio em relação à introdução do videoárbitro

Na sequência deste post. Em boa hora pude ir aos meus arquivos resgatar um dos meus escritos sobre esta questão, para realçar que um dos maiores receios que tinha a 6 de Maio, dia em que se soube que a Federação Portuguesa iria introduzir a partir da presente temporada a nova figura do videoárbitro e a nova tecnologia ao seu dispor, residia precisamente na possibilidade dos novos agentes poderem vir a enviesar as decisões que tomam em virtude do recurso a interpretações extensivas ou restritivas (muito subjectivas; enviesadas por motivos de outra índole) da lei. No caso de Eliseu, Vasco Santos usou uma interpretação muito restritiva da lei.

Bastaram portanto 4 semanas para perceber o esquema pelo qual se vai processar ao longo da presente temporada a aplicação da tecnologia nos jogos do Benfica. Sim, o videoárbitro terá uma legislação e um guião de conduta completamente diferente para os jogos do Benfica. Sempre que o objectivo de análise for contra ou favor do Benfica (exemplo: o penalty marcado sobre Jonas) o videoárbitro deve dizer prontamente afirmar ou omitir:

  • Nos lances contra os encarnados  – “não vi”, “não me pareceu”, “não havia motivos para avisar”, “não valia a pena rever”
  • Nos lances a favor – “sim”, “há puxão\agarrão\rasteira”, “não tem intenção de jogar a bola”, “impediu” ou simplesmente tomar uma atitude passiva sempre que o árbitro principal seja pronto a marcar a infracção.

O Reino da Impunidade volta a fazer escola

“Após ter visto o referido lance, através de diversas imagens que me foram disponibilizadas, entendi no momento não ter existido qualquer agressão ou prática de jogo violento por parte do jogador do Benfica naquela sua ação. Por esse motivo não comuniquei com o árbitro para lhe sugerir que visse as imagens do mesmo.”Vasco Santos em resposta ao Conselho de Disciplina quanto questionado com a pergunta-afirmação: “Em caso de resposta afirmativa, se na avaliação do mesmo, tendo em conta a ação do jogador do Benfica, entenderam não ter existido qualquer agressão ou, noutra hipótese, prática de jogo violento”

Entendo agora a razão pela qual, Vasco Santos, (o tal que tanto se moveu nos bastidores para ser um dos árbitros contemplados com a profissionalização da arbitragem) ainda é, aos 40 anos, segundo o seu o único perfil disponível, o da Wikipédia, um mero Estudante de Engenharia Electrotécnica. Um fraco Estudante de Engenharia Electrotécnica. Não há margem para dúvidas. Ao longo da minha vida universitária conheci vários estudantes de engenharia electrónica. Grande parte dos que conheci estudou até a uma idade compreendida entre os 25 e os 28 anos, facto que deve ser considerado absolutamente normal para a dificuldade e para o grau de exigência do Mestrado em questão. No entanto, confesso que não me lembro de ter conhecido um estudante de Electro de 40 anos. Para Vasco Santos, um lance violento deve ser quicá, talvez, na melhor das hipóteses, um lance que possa manifestar no cérebro do atleta um fenómeno electro-fisiológico anormal temporário, resultante de uma sincronização anormal da actividade elétrica neuronal, fenómeno que designamos vulgarmente como convulsão. Qualquer pancada que não gere uma convulsão ao adversário, é absolutamente normal para Vasco Santos. Como a pancada de Eliseu, dada segundo os mais elementares códigos futebolísticos (qualquer pessoa percebe que uma entrada a pés juntos de um jogador sobre o seu adversário só tem um único objectivo: magoar) só foi capaz de abrir um lenho na perna do jogador, é tudo normal e aceitável. Aos 40 anos, Vasco Santos não concluiu a sua escolaridade mas, com esta resposta, pode fazer escola. Eis a nova doutrina.

O problema é que o que é neste momento normal e aceitável para os árbitros (sem intenção de agredir, sem intenção de molestar, sem intenção de fazer falta) tem sido, para os jogadores do Benfica, um verdadeiro convite para jogar à margem de qualquer lei do jogo. Abre-se aqui um perigoso precedente para o resto do campeonato. Qualquer jogador da formação encarnada terá aqui, nesta decisão, a total garantia que sairá impune de qualquer atitude violenta que venha a realizar dentro de campo.

Veja-se o que aconteceu em Vila do Conde no lance entre Pizzi e Geraldes. Recorde-se a acção violenta que o médio do Benfica teve no passado perante Daniel Podence na final da Taça da Liga:

Não deixa de ser caricato por outro lado, a estranha fixação do médio encarnado nos jogadores do Sporting Clube de Portugal. Primeiro Daniel Podence, jogador que à data já tinha regresso marcado para Alvalade. Agora Francisco Geraldes, um dos maiores activos de futuro que é possuído pelo clube.

5 breves notas relativas à vitória do Benfica em Chaves

Nem o Chaves mereceu perder, nem o Benfica mereceu o sabor agridoce do  empate. O golo de Haris Seferovic (o esferovite; é um senhor jogador) aos 90+2″ deu um toque de justiça ao esforço empregue pelos encarnados no derrube de um muro defensivo que se formou, com maior ascendente na segunda parte, em virtude dos problemas físicos que se abateram sobre algumas das unidades mais preponderantes da formação flaviense mas não conseguiu apagar a excelente exibição que o Chaves realizou no capítulo da transição nem as dificuldades sentidas pelos encarnados nos momentos de transição defensiva. Continuar a ler “5 breves notas relativas à vitória do Benfica em Chaves”

Portugal 0-0 Chile (0-3 gp) – A sorte não dura para sempre, Engenheiro

Foi correcto. Correctíssimo. O resultado final. Ao fim de dois anos, e um Europeu conquistado com base no critério “sabe-se-lá como”, ainda ninguém percebeu (dou um pacote de gomas a quem me explicar) qual é o futebol desta equipa. Por vezes assistimos ao chutão para a frente à procura do Ronaldo, noutras, na sua esmagadora maioria, assistimos a um processo básico de abertura para as alas para que os extremos cruzem à procura do Ronaldo.

Foram pelo menos 90 minutos de abordagem tinhosa ao jogo, escolhas que não fazem o mínimo sentido (André Gomes, p.e), precipitação nos momentos de recuperação de bola, falta de critério na construção ofensiva,falta de criatividade no último terço, substituições realizadas tarde e a más horas, falta de paciência na construção ofensiva, unidades a jogar longe uma das outras, dois avançados a sair fora da área (falta de presença na área), incapacidade em ganhar as 2ªas bolas, um jogador que pede licença à perna esquerda para fuzilar com a direita (sempre por cima) quando consegue aparecer bem a ganhar a 2ª bola à entrada da área, um defesa esquerdo que permitiu constantemente ao lateral contrário a colocação de cruzamentos porque, vá-se lá imaginar, cola-se aos centrais, um falso esquerdo que raramente acompanha o opositor contrário, Um central de bota e bira (britânico) sem ponta de classe. Salvou-se o William pela capacidade que teve em retirar a bola das zonas de pressão para lançar o ataque.

Este é o resumo crítico mais lato de uma eliminação em que podemos dizer sem qualquer pejo que ficou muito por fazer face a uma selecção que apresentou processos de jogo bem mais vincados que os nossos, bem mais trabalhados que os nossos, mais intensidade nos momentos de pressão (infernal, a meio-campo; daí o facto de ter salientado a exibição de William Carvalho), mais organização defensiva (muito mais) e mais perigosa no capítulo ofensivo. Continuar a ler “Portugal 0-0 Chile (0-3 gp) – A sorte não dura para sempre, Engenheiro”

Portugal 4-0 Nova Zelândia – Passeata em São Petersburgo

15 minutos finais de aceitável futebol permitiram à selecção confirmar o apuramento na primeira posição do grupo num jogo em que os restantes 75 não foram verdadeiramente aceitáveis face ao adversário que defrontámos em São Petersburgo. Perante um adversário tão inofensivo que só construiu 2 situações de golo em 2 lances oferecidos pelos centrais e pelo guarda-redes português, e tão débil do ponto de vista defensivo, o jogo contra os neozelandeses deveria ter sido facilmente solucionado no primeiro tempo com uma goleada se não tivessem existido alguns dos erros a que este elenco nos tem habituado. Continuar a ler “Portugal 4-0 Nova Zelândia – Passeata em São Petersburgo”

Tardou mas não falhou


Na primeira vez que Eliseu subiu no flanco (até ao lance do 2º golo o lateral limitou-se a passar bolas para as acções de Quaresma, vendo de longe as suas acções e obrigando por vezes Ronaldo a baixar para tentar a tabela quando uma mera entrada externa poderia ser mais benéfica, porque criaria a situação de desequilíbrio com a presença de Ronaldo em zona de finalização) surge o lance mais bonito construído por Portugal na prova.

Contudo, continuo apreensivo com uma situação que tem vindo a repetir-se ao longo dos jogos nesta Taça das Confederações. Quando os jogadores portugueses recuperam a bola a meio-campo (em especial Danilo, Moutinho e os centrais) continua a existir pouca clarividência no momento da decisão “do que fazer com a bola”. É nessas situações em que me parece evidente um certo desnorte ao nível de inteligência porque por um lado o portador não assenta o jogo, ou seja, faz uma ligeira contemporização para que apareça (o mais imediatamente possível) um jogador a pedir a bola, para facilitar a situação de transição e, por outro lado, poucos são aqueles que são ávidos a desmarcar-se para vir pegar no jogo. Ronaldo  tem sido a excepção à regra (inépcia total) na frente de ataque portuguesa, numa primeira parte em que voltaram a existir aqueles inexplicáveis chutões para a frente que nada acrescentam ao jogo português (autênticas devoluções de bola) ou a resma habitual de passes falhados neste tipo de situações

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