O pré-Gelson e o pré-Bruno, o pós-Gelson e o pós-Bruno.

bruno fernandes 4

Houve um jogo antes da entrada de Gelson (um futebol completamente amorfo, acabrunhado, sem ligação entre sectores) e um jogo ligeiramente diferente após a entrada na partida de Gelson, pesem no entanto as dificuldades sentidas até à entrada de Bruno Fernandes aos 59″, pela dupla de centrais e de médios (Battaglia e Petrovic no capítulo da saída de jogo e da primeira fase de construção, dificuldades essas que naturalmente foram agudizadas pela disposição compacta e pela agressividade demonstrada no capítulo da pressão (montada à entrada do meio-campo) pelos jogadores da formação minhota (há que dar mérito à organização defensiva exemplar demonstrada pelos comandados de Dito), pela inserção forçada de Bruno César nos flancos face à ausência de Acuña (esperemos que Ruiz venha com vontade para colmatar essa lacuna de plantel), pela falta de velocidade, de mobilidade de algumas unidades (não se desmarcando convenientemente para abrir linhas de passe), de paciência na circulação e até de inteligência por parte de Petrovic, dificuldades que por outro lado foram amenizadas com as constantes (e habituais) entradas do extremo em zonas interiores para vir buscar jogo atrás, de forma a auxiliar a ligação do jogo entre sectores, em especial a ligação e a parceria com Daniel Podence.

Jorge Jesus continua na sua onda experimental, naquela onda experimental que só traz desgraças aos clubes que vai orientando. Casar no meio-campo um médio de cariz mais defensivo (Petrovic) que sente efectivamente muitas dificuldades para discernir o que é que deve fazer com a bola em cada lance concreto (se deve passar, se deve arriscar um passe para um jogador entre linhas, se deve procurar os laterais, se deve progredir com a bola para o espaço livre que lhe é oferecido pelo adversário para atrair jogadores para libertar outros espaços para jogar nos corredores; chegou a existir ali um período em que os jogadores famalicenses ignoraram-no por completo, deixando de pressionar o sérvio, quando Dito apercebeu-se  da natureza inofensiva de Petrovic ou seja, da sua evidente incapacidade em gerar progressão à equipa através do transporte de bola) com outro, Rodrigo Battaglia, que, embora tendo registado melhorias neste aspecto desde que entrou pela Porta 10A, continua a ter muitas dificuldades no capítulo do passe e na partida de hoje decidiu, para cúmulo das dificuldades criadas pelo adversário, assumir menos o esférico no momento de construção para realizar movimentações completamente distintos que lhe são habituais (procurando entrar muitas vezes entre linhas ou até mesmo nas costas da defesa contrária), foi uma decisão de génio. Na minha opinião, Bruno Fernandes deveria ter entrado de início para resolver este jogo cedo, fazendo-o descansar quando o jogo (e o próprio adversário) estivesse totalmente dominado.

Nos primeiros 20 minutos assistimos a um Sporting com muitas dificuldades para construir. Frente a uma equipa que se organizou num bloco compacto bastante bem organizado, e bastante producente, com uma 1ª linha de pressão efectiva à entrada do meio-campo e um sistema de coberturas muito bem montado no qual todos os jogadores demonstraram o mínimo de intensidade e agressividade nas disputas, era preciso abordar esta partida de outra forma completamente diferente. O que vimos foi uma mão cheia de jogadores verdadeiramente impacientes na saída de jogo, de processos lentos, tentando despachar o jogo rapidamente para as costas da linha média famalicense, ao invés de tentar circular pacientemente e em velocidade entre flancos e\ou de ter um jogador capaz de romper coma bola pelo centro para obrigar a estrutura defensiva famalicense a dançar, ou seja, a ter que deslocar mais unidades para o miolo quando um jogador entrasse com o esférico em condução pelo meio (atraindo jogadores para abrir naturalmente espaços para jogar nas alas; o que até poderia resultar numa 2ª fase na entrada da bola no jogo interior em Podence ou em Dost) ou a ser atraída para um flanco para rapidamente se executar uma variação para o outro de forma a criar espaço para os jogadores da ala esquerda progredir.

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Uma humilde perspectiva sobre Gelson e Acuña

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Gelson e Ristovski colocam Higuaín em linha no momento do passe de Cuadrado. Se o macedónio ainda tenta acompanhar a sua referência (Coátes) para subir rapidamente até a uma posição que não coloque em linha o avançado Argentino, o extremo, pouco habituado a ter que executar estes movimentos, não teve a percepção clara de quando sair, não acompanhando o movimento da sua referência que é, no seu caso, Ristovski. Acontece porém que o macedónio, na sua selecção, é um jogador habitualmente utilizado a central, facto que na minha modesta opinião, lhe confere maior rapidez na leitura, análise e reacção a este tipo de contextos particulares do jogo. Como referi, o extremo é um jogador que em função da sua posição, raramente é obrigado a descer até terrenos tão recuados para defender. É portanto natural que não saiba percepcionar e analisar algumas situações “de área” e não saiba portanto executar alguns movimentos no tempo correcto.

Nas últimas semanas tenho lido por aí, pelas redes sociais, alguns comentários de adeptos do Sporting que (confesso) me tem dado algumas voltas aos fígados, não só pela inverosimilidade de alguns dos enviesados argumentos apresentados como pela bárbara ignorância que estes demonstram em relação às coisas do futebol. Para um largo grupo de adeptos do meu clube, tanto Acuña como Gélson “devem ir para o banco porque a partir dos 60 minutos não tem uma produção ofensiva minimamente aceitável” – decerto que o meu caríssimo leitor, sportinguista que vai escutando e lendo as opiniões que são produzidas aqui e ali, já deu de caras com estes tipo de “não-argumentos” em diversas publicações nas redes sociais. Muitos “papam” este tipo de argumentos porque o seu conhecimento do jogo é tão ou mais limitado do que o conhecimento daquele que escreve tamanha barbaridade. No entanto, pela facilidade de intelecção que este tipo de comentários provocam naqueles que por diversas razões não conhecem ou jogo ou não se esforçam para conhecer (admito que existem pessoas que gostem de ver futebol pela sua estética; admito que essas pessoas, podem efectivamente ensinar-me muita coisa noutras áreas de conhecimento) vai-se criando, no eter da vida mundana e dos argumentos levianos, uma ideia completamente falsa que não só não informa as pessoas como as desinforma, desqualificando-as quando casualmente vêem a “sua opinião” confrontada pela opinião de quem conhece o jogo.

Vamos lá tirar a pratos limpos a questão. Para o efeito creio que não preciso sequer de suportes imagéticos ou vídeos para me expressar porque as coisas são demasiado óbvias. Continuar a ler “Uma humilde perspectiva sobre Gelson e Acuña”

Oh Fortuna, maldita Fortuna!

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Há 15 dias atrás, deixei aqui um conjunto de interrogações que, face ao que aconteceu esta noite em Alvalade, ainda se mantém válidas (quem sabe para Nou Camp; embora a esperança já não seja por motivos óbvios muita) visto que as respostas não foram finalmente encontradas. Creio que nos voltou a faltar a sorte em alguns lances e é um pouco por isso que a derrota de Turim e o empate agora conseguido frente aos italianos me sabem a pouco e me custam um mundo inteiro (talvez um feriado inteiro) a digerir.  Custam-me a digerir porque pior é a sensação de ter perdido um jogo onde fomos competentes do que ter perdido um jogo onde não podemos salientar um único aspecto positivo do rendimento da equipa. Sorte. Faltou sorte.

Faltou sorte para tamanha competência, para tamanha organização defensiva, para tamanha organização demonstrada em cada saída para o contra-ataque, para recompensar a garra exibida por Gelson, Acuña, e Bruno em cada saída para o contra-ataque, para recompensar cada pausa realizada por Bruno para pensar bem a construção de jogo (embora o Ristovski ainda esteja certamente a pensar porque é que o Bruno não lhe canalizou mais jogo na primeira parte quando o esvaziamento do flanco idealizado por Allegri lhe poderia ser benéfico; bastava por vezes ao médio olhar antes de receber para ler aquele sui géneris contexto apresentado pelos italianos na ala direita) e por Dost para o ligar convenientemente, para garantir posse de bola (retirando-a ao adversário; fazendo-o correr atrás do jogo; fazendo-o temer o leão), para tamanho espírito de batalha (interceptando cada bola, lutando por cada dividida como se fosse a última das nossas vidas e das vidas dos nossos jogadores – neste capítulo Rodrigo Battaglia foi enorme) para tamanha fome de vencer. Tamanha competência defensiva, apenas quebrada, como vamos ver mais à frente pela única falha defensiva grave cometida durante todo o jogo no capítulo do controlo à profundidade, numa fase em que a falta de força nas pernas já se alastrava para o foro psicológico. No único lance em que os enormes Gelson e Ristovski, jogadores que foram abnegados em todos os sentidos, correndo uma verdadeira maratona para por aquele flanco num verdadeiro lustro (até mesmo quando Allegri deu significado ao ditado “quem tem cú tem medo” – retirando o lateral direito para colocar toda a carne no assador com a entrada de um dos “nossos carrascos” de Turim, Douglas Costa, colocando Manduzkic na área para ver se o croata voltava a colher louros da burrice de Jonathan Silva) não subiram no terreno, colocando Higuaín em jogo no momento do redondinho passe de Cuadrado para a desmarcação do argentino. Faltou sorte naquele lance construído na direita por Bruno ao qual Bas Dost não chegou por uma unha negra. Se o holandês tivesse mais 35 cm de perna ou um arranque superior ao que tem, aquela tão desejada vitória seria certamente nossa. Continuar a ler “Oh Fortuna, maldita Fortuna!”

Juventus 2-1 Sporting – A deusa Fortuna voltou a trocar-nos as sortes

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Madrid e Lisboa, 1994. Milão e Lisboa, 1991 e 2001 (AC Milan) e 2002 (naquele empate sensaboroso obtido contra o Inter para a pré-eliminatória da Liga dos Campeões). Lisboa 2001, naquela partida de inglória euforia realizada frente ao Real Madrid. Lisboa, 2005, frente ao CSKA. Lisboa, 2008, frente ao Rangers. Lisboa e Bilbao, 2012. Madrid e Lisboa, 2016. Lisboa e Turim, 2017. O que é que tem faltado ao nosso Sporting para ser feliz nas competições europeias? O que é que devemos começar a trabalhar incansavelmente já a partir de amanhã ou que novenas deveremos todos, sem excepção, começar a rezar ininterruptamente para que o nosso Sporting seja feliz nos minutos finais das partidas que disputa contra os tubarões europeus? Que mal fizemos nós ao mundo para merecer tamanha falta de sorte?

Em Turim, voltámos a não ser fomos felizes e a verdade é que no futebol não existem vitórias morais. Existe sim o contentamento de termos visto o nosso Sporting a ombrear mano-a-mano contra o campeão e contra o vice-campeão europeu, mas esse contentamento per se não chega, não nos vale de nada, não nos traz benefícios. Dá-nos um certo conforto moral e aumenta as nossas expectativas em relação ao nosso principal objectivo doméstico (hoje acredito ainda mais que é possível quebrar em Maio de 2018 a longa travessia do deserto a que temos vindo a ser submetidos nos últimos 15 anos) mas, de facto não marcámos os pontos que deveríamos ter marcado nestas duas jornadas. O esforço e a entrega dos nossos jogadores nestes dois desafios não foram suficientemente recompensados, ficando portanto no ar aquele sentimento de injustiça, sentimento que no seio dos jogadores deverá ser esquecido o mais rapidamente possível porque a exibição compensou o resultado negativo averbado. Este resultado tem que dar ânimo a todo o grupo de trabalho. Com um bocadinho mais de esforço, creio que é possível corrigir este resultado em Alvalade.  Continuar a ler “Juventus 2-1 Sporting – A deusa Fortuna voltou a trocar-nos as sortes”

Sporting – Findo o segundo ciclo, o que é que se perspectiva?

Por Miguel Condessa*

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Findo o segundo ciclo, o que se viu, o que se perspectiva…

Depois de 2 jogos, em casa, de enorme grau de dificuldade, creio que a maioria dos adeptos conscientes ainda não terá percebido bem se temos realmente uma equipa para ganhar títulos este ano ou não. Todos nós, sportinguistas, temos essa esperança mas uns acharão que ainda nos falta algo e outros já pensam que estão reunidas todas as condições – ainda por cima com o VAR! – para ser este ano o nosso ano!

Eu, confesso, inicialmente pensei que sim, contrariando até a minha ideia inicial que nunca seremos campeões com o Jesus, mas agora penso que ainda nos faltam algumas coisas… Tivemos já dois grandes ciclos de jogos – entre o início da temporada e os jogos da selecção. No primeiro ciclo, em Agosto, fizemos 6 jogos – Aves (f), Setúbal (c), Steaua (c), Guimarães (f), Steaua (f) e Estoril (c) – com 5 vitórias e 1 empate. Neste segundo ciclo, em Setembro, em 7 jogos – Feirense (f), Olympiacos (f), Tondela (c), Marítimo (c), Moreirense (f), Barcelona (c) e Porto (c) – conseguimos 3 vitórias, 3 empates e 1 derrota, sendo que nos últimos 4 jogos não vencemos nenhum!

É da minha opinião que temos um bom plantel, o melhor das 5 épocas do Bruno de Carvalho, com algumas lacunas, que nos dá uma boa base para trabalhar daqui para a frente. Este ano as aquisições foram bastante assertivas – a excepção será o Matheus Oliveira que não tem, nunca teve, e acho que dificilmente terá, andamento para jogar num clube como o Sporting – e tivessem sido assim nos dois anos anteriores de certeza que não tínhamos as limitações que temos e seriamos muito mais fortes. Continuar a ler “Sporting – Findo o segundo ciclo, o que é que se perspectiva?”

Frente a uma equipa extremamente competente, o empate foi um mal menor

gelson

Confesso que estive aqui meia hora a sistematizar o jogo na minha cabeça para que nenhum pormenor me pudesse escraver na altura de escrever este post. O meu exercício acarreta porém, quase sempre uma inevitabilidade. Por mais que a tente fintar, o meu exercício acaba sempre gorado: a multiplicidade quase milionária de acções, posicionamentos, processos, situações, frames muito específicos nos quais virtudes e forças, erros e fraquezas, impedem-me de conseguir escarrapachar tudo no teclado.  A minha sistematização ajudou-me porém a compreender que o Sporting não fez contra o Porto um jogo tão bom quanto o que foi realizado contra o Barcelona. Já o FC Porto fez um jogo tão bom quanto o que fez no Mónaco, claudicando apenas na hora de finalizar. Muito mais fortes e mais competentes que os leões no primeiro tempo (no segundo tempo padeceram do estado físico que acompanhou a formação leonina durante os 90 minutos), a exibição do onze portista faz-me lembrar aquelas partidas de bilhar nas quais, em 7 tacadas, um jogador limpa o bolo de uma assentada mas não consegue finalizar a partida por falta de engenho para meter a bola preta à tabela.

Ao contrário do que aconteceu na partida realizada na quarta-feira frente aos culés, o Sporting não se exibiu a um nível tão eficiente no quadro da fase de organização defensiva (razão que explica em parte as 3 ou 4 situações de golo que os portistas tiveram no primeiro tempo) e ofensivamente voltou a padecer de vários males, males que de resto têm atormentado as exibições da equipa nos últimos jogos: os erros cometidos na transição ofensiva (uma amálgama de passes falhados e de decisões mal tomadas na hora de sair a jogar), indefinição na criação ofensiva (mais uma vez, o Sporting criou poucos lances de perigo real junto à área adversária) e dois matchpoints capitais desperdiçados por falta de engenho dos respectivos intervenientes. Se Bruno Fernandes… Se Bas Dost… Se William… se se se – uma equipa que quer praticar um futebol mais cínico nos jogos contra equipas grandes não se pode dar ao luxo de perder oferta que seja nem pode viver do se nos poucos lances que constrói. Tem que ser eficaz, segura e mais ousada do que aquilo que foi.

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A melhor exibição colectiva e táctica da temporada não resultou em mais porque houve falta de qualidade na definição e um ligeirinho complexo de inferioridade nos momentos-chave

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Um turbilhão de emoções. Quem viu no estádio deverá ter decerto sentido que o Sporting poderia ter retirado muito mais daquela segunda-parte. Não foi um verdadeiro “encostar do adversário” às cordas porque os catalães também defenderam bem (chegando a ter 8 unidades no interior ou nas imediações da área) e conseguiram a espaços, nos momentos de maior pressão adversária com muita classe, melhor, com a classe que estratifica jogadores como Jordi Alba, Andrés Iniesta, Sérgio Busquets e Lionel Messi como jogadores de 1ª linha mundial, ter mecanismos (os tais que faltaram ao Sporting para ser criterioso na saída para o contragolpe) para levar a bola para o meio-campo adversário, cumprindo a mais ortodoxa das estratégias de gestão da vantagem. Aquelas que nos faltaram cumprir por exemplos nos jogos contra o Feirense, Estoril e Olympiacos.

No entanto, o Sporting no 2º tempo fez o que 99% das equipas europeias não conseguiram fazer nos últimos 15 anos contra este Barça: encostar a equipa catalã ao seu último reduto, aplicar uma pressão altíssima e de certa forma asfixiante que não deixava os catalães sair “à lagardère” em construção (a defesa subida até perto da linha de meio-campo comportava os riscos e consequências depreendidas na primeira parte quando o Barça começou a explorar a profundidade devido à falta de alternativas concedida pela excelente organização defensiva do adversário) e roubar muitas bolas passíveis de se constituírem como contra-ataques bastante promissores.Nesses contra-ataques faltou-nos critério (bloco a subir rapidamente, falta de linhas de passe para dar continuidade às arrancadas de Bruno e Gelson; é certo que a cada recuperações caiam logo uma data de jogadores sobre o portador, a começar por Sergio Busquets, estacando imediatamente a transição com um desarme ou com uma falta cirúrgica; passes certeiros), faltou um certo apoio dos laterais às investidas nas alas e alguma qualidade no momento da definição das jogadas.

A melhor exibição colectiva e táctica da temporada (quase perfeita no primeiro tempo; arrojada e suicida no 2, mas que ao mesmo tempo nos encheu de tanto orgulho; cumprindo à risca o plano de jogo que já vinha desde há algumas semanas a antever) poderia ter sido selada com um tiro de glória se Bas Dost (a atravessar uma clara crise de confiança) tivesse optado por atacar aquela apetitosa bola com a fé que o caracteriza, ao invés da infrutífera decisão tomada com a assistência para o lado para a entrada o remate de Bruno Fernandes. Estivemos tão próximos de um resultado positivo susceptível de nos abrir a porta do sonho num verdadeiro mar de espinhos. Contudo, fiquei ciente de

  • se no domingo fizermos uma exibição deste quilate de pureza contra o Porto (creio que não é preciso alterar nada no onze titular e no plano de jogo; a melhor forma de respondermos à estratégia que Conceição apresentará em Alvalade será baixar linhas e dar-lhes toda a iniciativa no nosso meio-campo; temos suficiente estabilidade, segurança e organização defensiva para enfrentar qualquer equipa ) venceremos;
  • se formos um bocado mais organizados e menos temerários ofensivamente poderemos bater a Juventus.
  • A terceiro e não menos importante: este estádio atingido frente ao Barcelona ainda não é na minha opinião o nível de evolução máxima que esta equipa pode vir a atingir no decurso desta temporada.

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Mais uma vez a gestão da vantagem

olympiacos

Rodrigo Battaglia não foi o melhor em campo por um triz. O argentino fez uma partida maravilhosa, bem ao nível daquilo a que nos tem vindo a habituar neste início de temporada. Com um raio de acção e intervenção enorme a toda a largura do terreno, o argentino voltou a cair em cima dos adversários directos que nem um galgo no corredor central (acções que lhe valeram várias recuperações). No entanto, ao nível individual, a exibição que me encheu o olho foi a de William Carvalho. William foi titânico nos duelos corpo-a-corpo no meio-campo, lançando o ataque com a clarividência que lhe é reconhecida. Na 2ª parte, o médio foi o único jogador que compreendeu que o Sporting tinha de subir linhas para afastar o jogo da sua baliza e dominar o adversário pela posse, preferencialmente pausada e dentro do meio-campo adversário. Numa equipa de “aceleras”, William é o único jogador que sabe medir o pulso ao jogo, colocando o “critério rítmico” que a equipa tem de colocar para gerir as suas vantagens através da posse no meio-campo adversário. 

Estádio Giorgios Karaiskakis, Pireu, coração da capital helénica. Com uma estratégia de jogo extremamente bem planeada (fruto de uma boa observação à disposição do adversário e aos erros já identificados no post anterior ao nível das suas fases defensivas) e bem executada pelos onze que Jorge Jesus colocou em campo, os primeiros 45 minutos da partida foram “olímpicos” para a formação do Sporting. Os 3 golos alcançados até souberam a pouco se considerarmos que o Sporting dispôs de 7 oportunidades de golo, 2 das quais negadas pelos ferros da baliza de Kapinos.

A 2ª parte foi, porém, à semelhança do que acontecido noutros rosários (Estoril em Alvalade; Santa Maria da Feira), um imenso e penoso calvário de erros que me leva a interrogar se Jorge Jesus não tem o crematório de velas do Santuário de Fátima por sua conta, acrescidas de uma dúzia de missas encomendadas ao padre local na Igreja da Charneca da Caparica para o Sporting em troca de uma certa protecção divina à equipa nos últimos minutos.

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Muito desconforto e muito nervosismo na Feira

Fortíssimos nas transições e pouco mais. Ao dar apoio à acção de Gelson Martins, Alan Ruiz (jogador que finalmente começou a movimentar-se mais para as alas na 2ª parte, contrariando o estaticismo que enunciei no post anterior desde o momento em que entrou para dentro do terreno de jogo) permitiu a continuidade da acção a Gelson (no momento em que o argentino faz o movimento divergente para o lado direito para oferecer apoio ao companheiro, o jogador que o acompanha decide parar a sua acção para eventualmente esperar o 1×1 de Gelson; o jogador da Feira não acreditava na possibilidade do extremo colocar um cruzamento daquele sector do terreno).

O corte de Bas Dost é importantíssimo. Ao dar a entender ao central que tenciona atacar aquela bola, o ponta-de-lança do Sporting prende por completo o central, ou seja, não permite que este recue para estorvar a acção de quem vai realmente receber: Bruno Fernandes.

Inteligência do médio no timing de entrada nas costas, aproveitando a ausência do lateral direito Jean Sony.

O meu coração não aguenta. Depois do frenético final frente ao Setúbal, daquela cardíaca ponta final de partida frente ao Estoril (na qual esta equipa deu os primeiros indícios daquilo que viemos a confirmar na 2ª parte do jogo desta noite: uma equipa que tem muita dificuldade para gerir vantagens) e de uma salutar pausa de 2 semanas para recarregar baterias, na Feira, o alívio só veio mesmo no último minuto e veio porque um dos centrais da dupla de “paus-de-virar tripa” de Nuno Manta, o elo mais fraco desta galharda formação da Feira, cometeu um daqueles erros que vulgarmente designo como “erro provocado por desgaste e fadiga”

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O segredo esteve no engodo criado nos primeiros 15 minutos da segunda parte

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O parco conhecimento sobre futebol que possuo já me permite obter, em 2 ou 3 minutos de observação de uma equipa, um conhecimento mais ou menos alargado (e rigoroso; na maior parte das vezes rigoroso) sobre o modelo de jogo, processos (ofensivos e defensivos) e métodos de treino de uma determinada equipa ou treinador. Nesses 2 ou 3 minutos tento, identificar, com olhos de falcão, os processos de jogo padronizados (se bem que a padronização dos processos a médio e longo prazo é sinónimo de previsibilidade) e os diversos comportamentos assumidos em campo pela equipa (colectivamente) e pelas suas partes (os jogadores). Ao fim de 2 ou 3 observações, consigo perceber também as mais-valias que um jogador oferece às ideias e princípios de um determinado modelo trabalhado por um treinador, as suas lacunas e a forma em como se pode optimizar o seu rendimento.  Para quem assiste diariamente a jogos de futebol comigo, não deverá achar estranho se ao final de 5 minutos estiver em condições de dizer que tal equipa utiliza um processo de circulação x, com um comportamento y em momento defensivo. Tal análise leva-me indubitavelmente a crer que para criar problemas defensivos à equipa z, a equipa b precisa de praticar determinado tipo de processos, aplicar determinado sistema de pressão, limitar as acções do jogador d e assumir um determinado comportamento na sua organização defensiva ou explorar um determinado tipo de acções onde um dos seus jogadores é forte ou é criativo, por exemplo.

Na análise ao jogo da 1ª mão pude escrever que para desbloquear os jogos contra as equipas que praticam o mesmo modelo que é praticado pela formação romena, o Sporting teria de assumir uma de várias posturas:

Como é que se desbloqueiam jogos contra este tipo de equipas?

Existem a meu ver várias maneiras para desbloquear este tipo de adversários:

  • Recuando o bloco – O Sporting baixa as suas linhas, dá a posse ao adversário e com a posse leva o adversário a assumir um comportamento ofensivo mais expansivo e empolgado no qual mete mais unidades nos processos ofensivos, para, capitalizar todos os erros que possam ser cometidos na circulação a meio-campo. Uma equipa mais balanceada, com mais unidades presentes nos momentos de construção e criação, é uma equipa tendencialmente mais exposta defensivamente, porque nem sempre poderá ser rápida a fazer a transição para o momento defensivo.
  • Chamando a pressão adversária com uma circulação de bola mais prolongada à saída do seu meio-campo para que o Steaua sinta vontade de subir as suas linhas para pressionar mais alto. A subida de linhas permite a obtenção de espaços para jogar entre linhas se existir uma saída ordenada e em bloco ou permite o lançamento de mais bolas para as costas do adversário.
  • Rotação constante do segundo avançado entre o corredor central e as faixas para auxiliar tanto o jogo exterior (triangulações) como o jogo interior (fixando-se entre linhas para receber, virar, fintar ou servir desmarcações). Podence é um jogador capaz de cumprir estes requisitos.
  • Troca posicional constante ao longo do jogo. Já vimos que Acuña dá-se bem com o jogo interior e até o procura quando não tem bola no flanco ou quando é Coentrão quem sai a jogar. O Argentino sabe sempre o que fazer à bola. Pode assistir. Pode tentar cair sobre os defesas adversários em drible. Pode rematar de meia distância sempre que tiver uma aberta para tal. Porque não alterar o actual estado estaticista que se pode observar com clarividência ao longo de vários momentos do jogo com trocas posicionais entre Podence e Acuña, por exemplo?

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