Houve um jogo antes da entrada de Gelson (um futebol completamente amorfo, acabrunhado, sem ligação entre sectores) e um jogo ligeiramente diferente após a entrada na partida de Gelson, pesem no entanto as dificuldades sentidas até à entrada de Bruno Fernandes aos 59″, pela dupla de centrais e de médios (Battaglia e Petrovic no capítulo da saída de jogo e da primeira fase de construção, dificuldades essas que naturalmente foram agudizadas pela disposição compacta e pela agressividade demonstrada no capítulo da pressão (montada à entrada do meio-campo) pelos jogadores da formação minhota (há que dar mérito à organização defensiva exemplar demonstrada pelos comandados de Dito), pela inserção forçada de Bruno César nos flancos face à ausência de Acuña (esperemos que Ruiz venha com vontade para colmatar essa lacuna de plantel), pela falta de velocidade, de mobilidade de algumas unidades (não se desmarcando convenientemente para abrir linhas de passe), de paciência na circulação e até de inteligência por parte de Petrovic, dificuldades que por outro lado foram amenizadas com as constantes (e habituais) entradas do extremo em zonas interiores para vir buscar jogo atrás, de forma a auxiliar a ligação do jogo entre sectores, em especial a ligação e a parceria com Daniel Podence.
Jorge Jesus continua na sua onda experimental, naquela onda experimental que só traz desgraças aos clubes que vai orientando. Casar no meio-campo um médio de cariz mais defensivo (Petrovic) que sente efectivamente muitas dificuldades para discernir o que é que deve fazer com a bola em cada lance concreto (se deve passar, se deve arriscar um passe para um jogador entre linhas, se deve procurar os laterais, se deve progredir com a bola para o espaço livre que lhe é oferecido pelo adversário para atrair jogadores para libertar outros espaços para jogar nos corredores; chegou a existir ali um período em que os jogadores famalicenses ignoraram-no por completo, deixando de pressionar o sérvio, quando Dito apercebeu-se da natureza inofensiva de Petrovic ou seja, da sua evidente incapacidade em gerar progressão à equipa através do transporte de bola) com outro, Rodrigo Battaglia, que, embora tendo registado melhorias neste aspecto desde que entrou pela Porta 10A, continua a ter muitas dificuldades no capítulo do passe e na partida de hoje decidiu, para cúmulo das dificuldades criadas pelo adversário, assumir menos o esférico no momento de construção para realizar movimentações completamente distintos que lhe são habituais (procurando entrar muitas vezes entre linhas ou até mesmo nas costas da defesa contrária), foi uma decisão de génio. Na minha opinião, Bruno Fernandes deveria ter entrado de início para resolver este jogo cedo, fazendo-o descansar quando o jogo (e o próprio adversário) estivesse totalmente dominado.
Nos primeiros 20 minutos assistimos a um Sporting com muitas dificuldades para construir. Frente a uma equipa que se organizou num bloco compacto bastante bem organizado, e bastante producente, com uma 1ª linha de pressão efectiva à entrada do meio-campo e um sistema de coberturas muito bem montado no qual todos os jogadores demonstraram o mínimo de intensidade e agressividade nas disputas, era preciso abordar esta partida de outra forma completamente diferente. O que vimos foi uma mão cheia de jogadores verdadeiramente impacientes na saída de jogo, de processos lentos, tentando despachar o jogo rapidamente para as costas da linha média famalicense, ao invés de tentar circular pacientemente e em velocidade entre flancos e\ou de ter um jogador capaz de romper coma bola pelo centro para obrigar a estrutura defensiva famalicense a dançar, ou seja, a ter que deslocar mais unidades para o miolo quando um jogador entrasse com o esférico em condução pelo meio (atraindo jogadores para abrir naturalmente espaços para jogar nas alas; o que até poderia resultar numa 2ª fase na entrada da bola no jogo interior em Podence ou em Dost) ou a ser atraída para um flanco para rapidamente se executar uma variação para o outro de forma a criar espaço para os jogadores da ala esquerda progredir.
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