Arpad Sterbik: o gorila do Vardar

A doutrina “andebolística” diverge. Se uns acham que o melhor guarda-redes da história foi o sueco Mats Olsson, outros acreditam que o melhor guarda-redes da história da modalidade é o ágil francês Thierry Omeyer, jogador que ainda espalha magia (os melhores jumping backs de sempre seguramente) por esses pavilhões ao serviço do poderoso PSG. Ainda existe quem tenha apreciado a solidez do espanhol David Barrufet, a elasticidade do sueco Mattias Anderson, a frieza e simplicidade de movimentos do alemão Henning Fritz, a loucura e excentricidade do croata Vlado Sola, ou a inegável classe e estilo do dinamarquês Niklas Landin Jakobsen. Posso afiançar que não desgosto em particular de nenhum, mas tenho dificuldades para estratificar uma lista concreta de preferências. A todos estes monstros da baliza tenho porém que juntar o “King Kong” Arpad Sterbik, veterano guardião sérvio, de origem húngara, naturalizado espanhol em 2008 que actualmente actua nos macedónios do Vardar de Skopje.

Sterbik é monstruoso em todos os sentidos. Os seus imponentes e certos 2 metros de altura e sua envergadura impõem respeito a qualquer jogador que tente visar aquele mínusculo e preenchido target de 2 metros de altura por 3 metros de largura. Uma das virtudes do veterano guarda-redes de 38 anos assenta precisamente na forma em como utiliza todo aquele caparro para preencher a baliza no momento do remate, movendo-se rapidamente no sentido do posicionamento em que é realizado o remate pelo rematador, para o intimidar e lhe fechar opções de remate: com os braços no ar, o keeper impede a saída de remate para os ângulos superiores. Com os movimentos de perna, para os inferiores, embora também consiga fazer chegar a perna ao nível do ombro para defender remates a meia altura. Por vezes, em remates realizados na ponta, o sérvio até dá o primeiro poste de barato ao rematador de tão controlado que o tem (o primeiro poste), podendo a qualquer momento mudar a sua trajectória para defender o remate com os braços ou com um arquear de pernas. A remates de primeira linha, a suavidade dos seus deslocamentos é ímpar em todo o mundo. Se adivinhar o lado para o qual o rematador vai exercer o remate, a Sterbik basta-lhe um passito para a esquerda ou para a direita para estar em condições de defender o remate, com os braços\mãos, com o corpo e com o pé.

Liga dos Campeões de Andebol – Sporting 29-33 Montpellier – Tivesse sido a atitude outra…

Terminou há minutos no Pavilhão João Rocha a partida referente à 5ª jornada do Grupo (última ronda da primeira volta) do Grupo C de qualificação entre Sporting e os vice-campeões franceses do Montpellier, formação que reforçou em Alvalade a sua invicta liderança do grupo.

Face ao altíssimo desempenho defensivo e ofensivo que a formação comandada por Hugo Canela conseguiu realizar nos últimos 15 minutos da partida, em contraste com o péssimo (em alguns períodos foi medíocre) desempenho nos restantes 45 minutos (em especial nos primeiros 15) posso afirmar sem qualquer pejo que a formação leonina, poderia ter sacado outro resultado (um resultado mais positivo para as suas aspirações; aspirações que ficaram hoje completamente comprometidas – para passar aos oitavos-de-final, os leões necessitarão de vencer todos os jogos que lhe restam, tarefa que não será propriamente fácil se considerarmos que ainda terá de jogar nos terrenos hóstis do Medvedi e do Montpellier e ainda dependerá de uma muito peculiar conjugação de resultados) se tivesse adoptado uma atitude mais positiva, mais ousada, mais agressiva e menos receosa nos minutos iniciais. Não posso porém deixar de referir que do outro lado da quadra estava uma das equipas mais poderosas do actual panorama do andebol europeu. Repleta de internacionais (vários internacionais franceses; e não falo de internacionais de circunstância; Valentin Porte e Michael Guigou são dois jogadores históricos da selecção francesa) esta equipa do Montpellier, formação que no ano passado conseguiu rumar até aos quartos-de-final da prova, não tem dado hipóteses à 2 e 3ª divisão do andebol europeu que têm encontrado nesta fase de grupos. Sabendo que qualquer deslize neste grupo é fatal (em função dos diminutos lugares passíveis de apuramento para as fases seguintes da prova), os franceses não facilitaram. Se por um lado poderia considerar  como natural (nada atípico) um comportamento mais receoso por parte da equipa do Sporting (porque na verdade, a formação leonina é na sua quase total globalidade, uma equipa com pouca experiência nestas andanças – excepção feita a jogadores como Carlos Ruesga, Ivan Nikcevic e Tiago Rocha) por outro lado creio que o jogo desta tarde também se poderia ter constituído como o palco perfeito para a equipa do Sporting empolgar-se para uma boa exibição, “soltando as amarras” de um pequeno complexo de inferioridade que teima em desaparecer do andebol português. Exemplo disso tem sido por exemplos as exibições descomplexadas da equipa do Besiktas, a formação que em teoria é a mais fraca do grupo. Os turcos tem sido completamente descomplexados no seu jogo, facto que lhes tem valido exibições e vitórias muito interessantes na prova nas últimas edições desta.

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Sporting 31-29 Chekhovskie Medvedi (resumo)

Frente ao eterno e poderoso campeão russo do Chekhovskie Medvedi (vencedor das últimas 18 edições do campeonato daquele país) os bravos leões arrecadaram, com alguma distinção até (liderando o marcador a partir do 8-7, resultado que se verificava aos 13″ de jogo) a 2ª vitória (em 4 partidas realizadas) no grupo D da fase de grupos da edição da temporada 2017\2018 da EHF Champions League. Para bater a formação russa, a formação comandada por Hugo Canela contou com uma soberba exibição do indomável Frankis Carol (6 golos; em dia sim, o cubano é o panico total para as defesas adversárias) e com uma eficaz exibição do pivot Michal Kopco, jogador que à semelhança de Carol também terminou a partida com 6 tentos somados. Pelo meio, ainda houve espaço para uma demonstração de poder físico do panzer Pedro Valdés (o poderoso lateral cubano que o Sporting foi recrutar à Artística de Avanca) e para alguns momentos de espectáculo, caso do lance aéreo protagonizado entre os dois pontas (finalização de Nikcevic).

champions league

Fonte: O Artista do Dia 

A equipa leonina é neste momento 4ª do Grupo D com os mesmos pontos do Motor Zaporozhye e do Besiktas, tendo no entanto mais uma partida realizada que estas equipas. De acordo com o actual formato da competição, a formação leonina precisa de se apurar nas duas primeiras posições do grupo para disputar uma espécie de “meia-final” na qual os dois primeiros dos Grupos C e D se enfrentarão por duas vagas para os oitavos-de-final da competição, visto que, as equipas primeiras classificadas dos grupos A e B (disputadas a 8 equipas pelas equipas mais cotadas nos coeficientes de clubes da EHF) passarão directamente aos quartos-de-final enquanto as 10 que se posicionarem entre a 2ª a 6ª posição da tabela seguirão para os oitavos.

Na próxima jornada, a 15 de Outubro, o Sporting receberá a fortíssima formação Montpellier, formação que conta no seu plantel com diversos jogadores de top mundial como são os casos dos internacionais franceses no activo Vincent Gerard, Michael Guigou, Valentin Porte, Mathieu Grébille e Ludovic Fabregas e do internacional argentino Diego Simonet, e do lateral direito internacional esloveno Vid KavticinicNa edição da época passada a formação francesa chegou até aos quartos-de-final da competição. Para ter hipóteses de continuar na luta, a equipa de Hugo Canela precisa obrigatoriamente de vencer esta partida, sabendo de antemão que também precisará de conquistar a difícil partida que terá na Ucrânia face ao Motor Zoporozhye.

A magiar excelência técnica de Maté Lékai

Velocidade na decisão, movimentos de aproximação que visam atrair o máximo número de defesas para criar situações (décalage) de finalização sem oposição noutra zona do terreno, criatividade na procura de espaços para atacar (para armar o seu fortíssimo 1×1, registo maravilhoso que é provido por um hipnótico jogo de pés; ou para finalizar aos 6 metros), um fortíssimo remate em apoio e um tempo de voo na suspensão que não está ao alcance de muitos jogadores e que não é verdadeiramente normal para um central. Estas são as principais qualidades do patrão do andebol húngaro Maté Lékai.

A indissociável dupla do Veszprém

Lékai e o veterano Lazslo Nagy, o comandante supremo da história do andebol húngaro. Dupla indissociável de sucesso da fortíssima formação do Veszprém. Uma espécie de Leiber e Stoller (a famosa dupla que compôs vários sucessos de Elvis Presley) do andebol magiar.

Karol Bielecki: uma história de perseverança, determinação e amor ao andebol

A eleição do polaco para o melhor 7 da 2ª Jornada da Liga dos Campeões Europeus de Andebol, abre portas para poder contar uma boa história, uma daquelas histórias que só o desporto proporciona: a história de um consagrado jogador de andebol (o jogador polaco é indiscutivelmente um dos melhores e mais eficazes laterais esquerdos da sua geração) que continua a ter a mesma paixão pela modalidade mesmo depois da situação trágica que se abateu sobre a sua vida em Junho de 2010, momento no qual, a meio de um jogo amigável entre as selecções croata e polaca, o jogador polaco ficou cego do olho esquerdo em virtude de um viril choque contra um adversário no momento em que o jogador polaco tentava interceptar um passe adversário.  Continuar a ler “Karol Bielecki: uma história de perseverança, determinação e amor ao andebol”

Paris Saint Germain: uma escola de artistas que vai bem para além do futebol

Das clássicas rosquetas dos pontas Uwe Gensheimer e “Lucky” Luc Abalo, de ângulo aberto ou de ângulo totalmente fechado (repare-se o ângulo de ataque que tem Abalo no momento do remate) passando pela eficácia do enorme monstro das balizas (que só não é na minha opinião o melhor guarda-redes da história do Andebol porque vi jogar no passado personagens de importância, eficácia e estilo transcendente como Mats Olsson, Andrey Lavrov e o alemão Henning Fritz) que é Thierry Omeyer, à magia que sai constantemente das mãos do lateral direito Nedim Remili: em Paris a magia ultrapassa por completo os relvados. E não se esgota em todos os actores citados. O carácter possante dos dinamarqueses Henrik Mollgard e Mikkel Hansen (laterais esquerdos) do pivot sueco Jesper Nielsen, e a magia e organização que os centrais Daniel Narcisse e Nikola Karabatic colocam no jogo dos parisienses, fazem desta a equipa mais completa e espectacular da história do andebol.

A imagem do dia

sporting andebol 3

A nossa casa. Agora sim, as modalidades do Sporting tem reunidas todas as condições para poderem acelerar a tão desejada projecção internacional desejada pela direcção do Sporting e pelos adeptos leoninos. O Pavilhão João Rocha recebeu o Fafe (para bem do espectáculo, os fafenses não foram “o bombo da festa” e até criaram muitas dificuldades na primeira parte com o seu 5×1 agressivo e com os seus processos de jogo bem trabalhados na 1ª linha e no pivot) na sua estreia oficial. O novo reforço Tiago Rocha (bem-vindo ao Sporting) marcou, de 7 metros o primeiro dos esperáveis milhões que esperamos vir a celebrar na nova meca do desporto nacional.

manuel gaspar

No entanto o grande protagonista foi na minha opinião o jovem Manuel Gaspar, titular da selecção portuguesa de sub-19, atleta que recentemente foi 7º no Mundial de Juniores do escalão. Ao jovem guarda-redes foi confiada a missão de ser o titular da baliza face à ausência do gigante Matej Asanin, jogador que está outra vez a contas com uma lesão. De pequenino se torce o pepino. O puto não se intimidou com semelhante responsabilidade e fez uma extraordinária exibição na qual defendeu um par de livres de 7 metros, fez uma série de elásticas defesas quer a remates de 1ª linha quer a remates de 2ª linha e ainda teve tempo para aproveitar uma situação de “transição” para marcar um golo de campo-a-campo. Quando um jovem de 18 anos, não só não acusou a pressão do momento, como “sentou” no banco de suplentes um guardião experiente (Aljosa Cudic) que já conquistou vários títulos ao serviço do Celje Pivovarna Lasko e já foi titular da baliza de uma das maiores equipas da fortíssima liga polaca e que teve, na temporada passada, alguma importância na conquista dos títulos conquistados face à ausência de Matej Asanin, creio que está tudo dito sobre o potencial deste miúdo.

Que sejas abençoado e nos tragas muito sucesso e títulos Pavilhão João Rocha

pavilhão joão rocha

Dentro de meia hora, no Andebol, frente ao Fafe, abrem-se as portas da mais maravilhosa obra de todo o sportinguismo, obra para a qual também pude contribuir na medida das minhas capacidades: o Pavilhão João Rocha. Obra da mais elementar necessidade para um clube que ousa atrever-se a tudo vencer no panorama nacional das modalidades colectivas e quer, fazendo jus às históricas palavras do seu fundador, “ser um dos maiores clubes da Europa”, o Pavilhão João Rocha finalmente termina com um calvário de cerca de 15 anos, calvário que não permitia de forma alguma alavancar as nossas modalidades para um estado de exigência minimamente aceitável. No desporto moderno, o investimento não é o único factor de sucesso. Se o investimento na contratação de bons jogadores e bons treinadores não for acompanhado de investimento na criação de boas infraestruturas e bons equipamentos de treino, nenhum clube atingirá, por muito boa que seja a matéria-prima, o sucesso.

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Um grande momento que resume a especial importância de Carlos Ruesga na equipa de andebol do Sporting 16\17

 

carlos ruesga

https://streamable.com/s/630dk/fyzbbc

clique neste link para abrir o vídeo. 

Ao longo da fase final do Campeonato Nacional de Andebol, nas análises que fui escrevendo sobre a equipa de andebol do Sporting fiz sempre questão de referir a importância do central espanhol nesta estrutura. Carlos Ruesga Pasarin foi um jogador que veio dar toneladas de experiência, liderança coerência, critério e cérebro às acções ofensivas. O espanhol, atleta que é naturalmente um consagrado do Balonmano de nuestros hermanos em virtude das 70 internacionalizações que lhe valeram 2 grandes conquistas internacionais com a camisola da Roja, e dos variadíssimos títulos (nacionais; no Sporting pode conquistar o seu único título europeu) conquistados ao serviço de clubes como o Portland San Antonio (histórico clube de Pamplona que entretanto faliu, tendo sido uma equipa que conquistou 4 títulos europeus entre 1999 e 2002) Barcelona e os húngaros do Vezsprém, foi o verdadeiro líder desta equipa nos momentos menos positivos. Posso até mesmo afirmar que a equipa suplicou em vários momentos pela sua liderança. Nos momentos em que a equipa tinha muitas dificuldades para concretizar, passando largos minutos sem marcar, Ruesga foi o jogador mais procurado pelos companheiros porque sabiam que o central tinha sempre um coelho pronto a saltar da cartola. Até quando era obrigado a ser mais dinâmico do que o normal para poder superar as impiedosas marcações individuais que eram constantemente realizadas pelos adversários. O seu explosivo e imprevisível remate de anca, as suas fantásticas incursões aos 6, aquele drible sobre o adversário que permite captar o pivot ou aquele passe tenso a sobrevoar todo o campo que coloca os pontas na cara do guardião adversário foram verdadeiros momentos de liderança, de uma liderança que já não víamos provavelmente desde os tempos de Paulo Faria e Viktor Tchikoulaev. O espanhol carregou a equipa ao colo (não quero com isto dizer que não tenham existido jogadores tão ou mais importantes, porque efectivamente existiram) com carinho graças a momentos como este, um momento em que tudo parecia prestes a desabar no Pavilhão de Odivelas.

O Sporting precisa de mais Ruesgas. São este tipo de jogadores que dão títulos. São este tipo de jogadores que nos permitem um certo equilíbrio quando as nossas equipas são chamadas a disputar uma Champions League contra as melhores equipas do cenário europeu. Espero que o central espanhol possa ficar mais tempo em Alvalade para poder ajudar o clube a conquistar mais títulos e a solidificar uma posição de destaque no cenário europeu.

Obrigado!

Vi o título conquistado há 16 anos. Vi o título conquistado hoje. Estou em lágrimas. Se olhar para trás, este intervalo foi duro, muito duro. Qualquer seca de títulos é difícil de ultrapassar neste clube. Mas uma é coisa é certa: as adversidades fortalecem-nos ainda mais como adeptos deste maravilhoso Sporting Clube de Portugal. No próximo ano, na Champions League, podem contar comigo no novo Pavilhão João Rocha. Obrigado bravos leões!

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