Giannis, o “grego anormal”

“Greak Freak” é a sua alcunha, cognome adquirido nos primeiros da sua temporada de estreia na Liga à conta de umas acrobacias um tanto ou quanto estranhas que levaram o mítico e exigente Greg Popovich, o mais consagrado dos treinadores em actividade, uma verdadeira Instituição viva de acolhimento e desenvolvimento de jogadores não-americanos nos San Antonio Spurs (responsável pela prospecção e pelo desenvolvimento de tantos atletas não-americanos que jogaram vários anos ou jogam há vários anos na principal Liga Norte-Americana como Tony Parker, Manu Ginobili, Hedo Turkoglu, Beno Udrih, Rasho Nesterovic, Fabricio Oberto, Boris Diaw, Pat Mills, Aron Baynes) agente que não é de elogios fáceis ou até de falas politicamente correctas a declarar-se rendido quando afirmou: “Giannis já não é só um mero atleta, é um fenómeno físico anormal. Ele aprendeu a jogar este jogo.” Antetokounmpo é o seu quase impronunciável (impronunciável para muitos) apelido grego. À primeira vista, sem ter visto uma única imagem do jogador, qualquer pessoa é induzida a crer que estamos perante um clássico jogador de basquetebol helénico: alto, de tez morena, queimada do intenso sol de Atenas. Desenganem-se. Da Grécia, o exuberante negro de 2,11m só guarda as recordações de adolescência dura, passada no Pireu, de tapetes ao ombro e relógios e carteiras encinturadas na bacia à procura de fregueses para conseguir prover ao sustento da sua numerosa família. De uma família que passou mais de duas décadas na mais pura das clandestinidades em território grego, acabando efectivamente apenas por se legalizar quando o jovem foi incentivado a rumar aos Estados Unidos da América para participar na anual reunião de draft, o acontecimento onde as 30 franquias da NBA elegem 60 jogadores vindos das mais diversas proveniências do território americano e dos seus protectorados e dos mais variados pontos do planeta. A dureza dos seus primeiros 17 anos de vida moldaram-lhe irremediavelmente o carácter: Giannis é um tipo que leva o seu trabalho muito a sério. Essa é individualmente a sua maior força.

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Lauri Markkanen: Uma réstia de nada na troca realizada entre os Bulls e os Timberwolves

A notícia não apanhou praticamente ninguém de surpresa. O antigo treinador dos Bulls Tom Thibodeau há muito que almejava (na sombra, sem dar muito alarido) adicionar Jimmy Butler (e Derrick Rose; com a contratação de Butler, tem ganho força a ideia que Rose poderá ser o próximo alvo de Thibs, de forma a reeditar a dupla que fez crescer em Chicago; naqueles tempos em que ninguém dava um chavo por Jimmy Butler) ao seu plantel.

A suposta concorrência que se foi formando entre várias franquias pelo concurso do extremo acabou por ser um tremendo mito. Os Celtics afastaram-se do jogador de Chicago porque nos últimos dias validaram (após a troca de posições realizada com os Phildelphia 76ers; recebendo mais duas picks altas protegidas nos próximos drafts de Los Angeles e Sacramento) a escolha Jayson Tatum para uma posição de carência no seu rooster por falta de comparência de outra das soluções idealizadas. A franquia de Boston acabou por reiterar a sua aposta em Isaiah Thomas ao abdicar de um jogador como Markelle Fultz. De Cleveland, vários foram os rumores que fizeram apontar os holofotes para Butler. Todos os rumores que foram escritos por vários analistas acabaram por mergulhar em águas bacalhau. Em Dallas, Mark Cuban também ponderou a hipótese de vir a reforçar-se com o extremo mas nunca se falou algo em concreto. Minnesota chegou-se à frente e levou o jogador.

Mais uma vez parece-me que o front office de Chicago cometeu uma das suas habituais asneiras. Kris Dunn, Zack LaVine e o poderoso shooter finlandês Lauri Markkonen (7ª escolha do draft) acabam por ser fruta a menos para suplantar a perda de Jimmy Butler (mas no fundo, quem é que entre as primeiras 10 escolhas do draft tinha jogadores do mesmo estatuto de Butler disponíveis para a troca?) e a cedência da 16ª pick do draft. Se Markkanen apresenta muito potencial no lançamento e algum potencial por trabalhar no jogo interior, porque é incipiente para a altura que este apresenta, LaVine parece-me um caso perdido em virtude da lesão sofrida no ligamento cruzado anterior do seu joelho esquerdo Continuar a ler “Lauri Markkanen: Uma réstia de nada na troca realizada entre os Bulls e os Timberwolves”

Final da NBA – Jogo 3 – Golden State sela o campeonato em Cleveland

Soem as trombetas, façam descer as cortinas: este título pertence com muita justiça aos Golden State Warriors! A formação de Steve Kerr está a um quarto de passo do título. Por mais argumentos que os Cavs possam buscar na partida de sexta-feira para marcar 1 jogo nas finais deste ano, duvido que este título escape à franquia californiana. Ao longo destes 3 jogos, os Cavs provaram que no final acaba sempre por lhes faltar muito para terem argumentos para travar a marcha triunfante da formação de Steve Kerr.

Se os Cavs não cometem muitos turnovers no ataque, defendem mal. Se começam a defender ligeiramente melhor no primeiro de 2 jogos em casa, surgem as individualidades do adversário. Se não surgem as individualidades do adversário, saem pontos, ressaltos e abafos do banco. Se não defendem bem os screens que são feitos por Green ou Durant, levam com a magia destes. Se defendem bem os screens, como efectivamente defendeu bem a espaços Iwan Shumpert, não caindo na asneira de voltar à estratégia de double team (estratégia que quase sempre redunda na existência de um homem livre com espaço para atirar), os Warriors jogam para os seus shooters no exterior ou arranjam maneira de fazer um novo screen que permita baralhar as marcações de forma a jogar para as entradas que são feitas rumo ao cesto nas costas do adversário. Se na primeira parte manda Klay Thompson, na 2ª aparece Kevin Durant. Se não aparece Kevin Durant, facto que não tem acontecido nestas finais, diga-se, aparece Stephen Curry. Se nenhum deles aparece, no banco, existe sempre alguém capaz de galvanizar a equipa com uma forte entrada no jogo. Andre Iguodala, e David West são segundas linhas que acrescentam muito mais ao jogo da sua equipa que os 4 suplentes habitualmente utilizados por Tyronn Lue. Esta equipa de Oakland é efectivamente um poço sem fim de recursos, de potencial, de soluções de jogo, de intensidade, de compostura no momento das decisões e acima tudo de competência!

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Como se pode levar um cabaz numa final sem defender muito?

Se clicar em cima de “situação” poderá ver o vídeo  da jogada analisada.

Situação 1 – A falta de intensidade com que Tristan Thompson sai ao adversário depois de um double team sem efeito sobre Curry. Não condiciona o lançamento de Draymond Green porque está atrasado e não é rápido a fechar o espaço. Quando recebeu a bola, o jogador de Golden State tinha duas hipóteses plausíveis: ou lançava o triplo como lançou ou fazia uma assistência para Zaza Pachulia dada a posição isolada do poste alto georgiano. Continuar a ler “Como se pode levar um cabaz numa final sem defender muito?”

Finais da NBA – Jogo 1 – Breve análise à vitória dos Warriors

A melhor liga do mundo atingiu ontem o início do seu epílogo. Pelo 3º ano consecutivo, as duas melhores franquias dos últimos anos da competição iniciaram uma dura batalha (esperamos obviamente uma discussão à melhor de 7 jogos, para bem da espectacularidade gerada pelo seu basquetebol) pela conquista dos brilhantes anéis de campeão. No primeiro jogo, em Oakland, Califórnia, os vice-campeões Golden State Warriors deram um autêntico knock-out nos campeões em título, os Cleveland Cavaliers, vencendo por por 113-91, num jogo em que a equipa californiana foi mais competente, rápida, mais forte, mais lutadora e mais criativa na construção ofensiva.
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Contenders? Para o ano há mais

Este poderia ser o frame de um jogo da Proliga portuguesa mas não, é a realidade nua e crua de uma final de conferência da NBA: uma equipa inteira a ver navios, sem qualquer vontade de se fazer à estrada! Ao intervalo do jogo (jogo? mais parece um espectáculo de exibição do que outra coisa!) que está neste momento a decorrer em Cleveland, os Celtics estão a ser novamente sovados, estando a perder por claros e inequívocos 72-31. Já não nos bastava termos que aturar a cegada que vai no Oeste por culpa do Zaza, para ainda termos que suportar este calvário de toda uma equipa in loco, quando o nível da coisa pedia efectivamente jogos de excelência.  Continuar a ler “Contenders? Para o ano há mais”

Game Changer sujo?

O incidente provocado ontem pelo Georgiano Zaza Pachulia (Golden State Warriors) sobre Kawhi Leonardo (San Antonio Spurs) foi efectivamente o que os aficionados da modalidade nos Estados Unidos chamam de “game changer” – ou seja, a entrada de um elemento ou factor que muda uma determinada situação existente de forma significativa – não temos dúvidas que a lesão do small forward de San António, no jogo em questão, foi um marco determinante para que a equipa de Oakland pudesse fazer uma reviravolta na partida no último período. Continuar a ler “Game Changer sujo?”

Ginobili, o Grande

“Every possession is a game winning possession.”

Uma das frases que ficará decerto para a história do basquetebol. Uma das jogas que ficará decerto para a enorme carreira do argentino, um dos jogadores que ao longo dos anos cultivou a minha paixão pelo jogo e pela Liga Norte-Americana de basquetebol. Ginobili é outro daqueles exemplos que eu utilizo tantas vezes para tentar esticar jogadores\atletas até à eternidade: a vida deveria deixá-lo jogar para sempre. Mesmo quando está escondido naquele recôndito banco de San António, Greg Popovych sabe que tem ali a autêntica alma da franquia na última década e meia. E o argentino, por sua vez, durante todo este tempo, nunca se negou ao combate, sendo um dos expoentes vivos do espírito olímpico. Mais minuto de utilização, menos minuto de utilização, Pop sabe que no momento certo, ou seja, no momento de todas as decisões, têm ali no argentino um verdadeiro autêntico animal de palco que vale por 5 pelo espírito corajoso com que se entrega aos desafios, pelas decisões acertadas que toma em todas as suas acções, pela serenidade com que toma essas mesmas decisões e pela serenidade e confiança que a sua presença transmite aos colegas.

A liderança de Isaiah Thomas

Liderar uma equipa na NBA é precisamente isto. Quando o jogo está muito difícil (a equipa de Washington conseguiu vender cara a derrota; não foi um jogo perfeito ao nível de lançamento para a equipa de Washington com 44 em 96 tentativas, mas na verdade, John Wall com os seus múltiplos crossovers e os postes da equipa com vários lançamentos e com a realização de screens que permitiam boas situações de lançamento aos colegas, iam resolvendo no plano ofensivo) e a equipa chama pelo seu líder, este tem que ser capaz de assumir o jogo nos momentos decisivos, indiferentemente da sua eficácia. Dar o passo em frente nos momentos de pressão é o que distingue um líder nato de um jogador mediano que jamais irá liderar equipas.

Quando Isaiah é chamado a assumir o jogo no momento da decisão, o pequeno base é letal. Se até lá, Jay Crowder, Avery Bradley e os 33 pontos que vieram do banco conseguiram manter a equipa “encostada à discussão do resultado”, a equipa precisava de mais qualquer coisa para dar a sapatada no marcador no 4º período e no overtime que se seguiu. Foi nesse cenário que o base entrou em acção como lhe competia, com 29 pontos, com 11 lançamentos eficazes (3 triplos) em 17 tentativas, fora os lances livres em que foi 100% eficaz, os ressaltos que ganhou neste período e o roubo de bola que conseguiu no 4º período. Pode-se dizer que nos 17 minutos finais, o base de Boston fez portanto “um jogo dentro de outro jogo”, um jogo particular, no qual provou mais uma vez que “mata mais do que as vezes em que morre” – os sinais são muito positivos para Boston!

Fear the Beard

Lembram-se quando perguntei há cerca de 2 meses atrás se este poderia ser o ano de James Harden?

Na altura, a poucos jogos de terminar a fase regular, a propósito do rendimento exibido pelo jogador e da sua capacidade em jogar (bem) e fazer jogar (bem) os shooters e os jogadores interiores da equipa comandada por Mike D´Antoni, realcei que acreditava que a equipa de Houston poderia “ombrear” taco-a-taco com os Spurs.  Continuar a ler “Fear the Beard”

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