Já nas bancas, a revista sábado (poderá ler aqui o artigo na íntegra no Mister do Café) apresenta uma reportagem de altíssimo interesse público sobre a esfera de influências que age a mando de Vieira na Magistratura. Segundo a publicação, “a intenção da PJ esbarrou ao ser negados os pedidos de mandados judiciais” por parte do juiz em causa, indo de encontro (parcialmente; noutras questões por mim levantadas quanto ao trabalho da Unidade de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária, ficámos finalmente a saber que este departamento está a fazer tudo o que legalmente está ao seu alcance para dar novos desenvolvimentos à investigação) ao que escrevi aqui recentemente:
“Estas revelações levam-me a colocar esta pertinente questão: quantos funcionários judiciais, inspectores, procuradores e magistrados poderá ter o presidente do Benfica no seu payroll? Quantos destes elementos poderão encontrar-se devidamente subornados pelo Benfica para tudo revelar, nada mexer, nada remexer, nada investigar, nada concluir, não condenar? Até onde vai a extensão do poder, da influência e do dinheiro do presidente do Benfica? Até ao governo?”
O estranho comportamento do juiz Jorge Marques Antunes deveria suscitar a abertura imediata de um processo de investigação por parte da Procuradoria Geral da República porque ou muito me engano ou temos aqui, neste acto, um possível crime de denegação de justiça, crime que é punido pela lei no artigo 389º do Código Penal.
Noutro âmbito, numa reunião alegadamente presenciada no Estádio da Luz por 10 advogados de várias firmas de advogados com ligações próximas ao Benfica, diz a Sábado que Paulo Gonçalves, assessor jurídico do Benfica, revelou informações confidenciais dos inquéritos realizados pela Polícia Judiciária ao caso dos emails. Paulo Gonçalves e Luís Filipe Vieira tiveram acesso a informação confidencial do Ministério Público e da Polícia Judiciária com a conivência de um ou mais funcionários destas instituições. Com a informação hoje divulgada pela Revista Sábado, só posso portanto concluir que acusações lançadas no post anteriormente escrito tocaram na mouche do questão: existe efectivamente nas várias instituições policiais e judiciais deste país uma enorme teia controlada por Vieira para seu benefício ou benefício do Benfica. Os tentáculos do polvo estendem-se portanto para além das instituições desportivas, ameaçando gravemente os princípios basilares do Estado de Direito instituído neste país, no que concerne ao designado “império da lei” – a eventual denegação da justiça praticada pelo juiz em causa é uma violação clara a este princípio, na medida, em que compete aos agentes do estado tomar todas as medidas que se considerem necessárias, legitimas e legitimadas pela própria lei para se fazer cumprir a aplicação da legislação produzida pelos órgãos de soberania competentes para o efeito.