A frase do dia

tom dumoulin 6

“With doping, I don’t know how you’d feel about a victory if you doped. I couldn’t imagine that you’d have the same amazing feeling that I had at the Giro or the Worlds. I can’t see me doing that. Also when you look back at your career after, and if you doped, then all these people that started cycling because of you, they’d be so disappointed. It would be heart-breaking. And in the present, everyone relies on riding clean. There are more than 100 people on the team and it would be fucked up. That’s a responsibility.” 

Tom Dumoulin em entrevista ao Podcast Semanal da Cycling News. Vale a pena ouvir aqui. Na entrevista, o campeão do mundo de contra-relógio também aborda o próximo Tour, acusando a imprensa de ter vindo a promover nos últimos meses, na sua perspectiva, uma narrativa muito linear em relação ao que vai acontecer na próxima edição do Tour. Descartando a possibilidade de vir a trilhar uma luta a 2 contra Froome na prova francesa (prova que irá regressar ao que tudo indica na sua edição de 2018 a dois pontos míticos: ao Alpe D´Huez e ao velódromo de Roubaix – não se conhecendo porém se os ciclistas irão correr a totalidade do traçado da mítica clássica da primavera ou apenas partes desse mesmo traçado) o ciclista da Sunweb optou por um discurso muito humilde que lhe assenta muito bem e que tem sido de resto a chave de sucesso para surpreender todos aqueles que há 5 anos não acreditavam na possibilidade deste vir a desenvolver competências para a alta montanha. O ano de 2017 provou que Dumoulin tem condições para vencer a Volta a França. O holandês perdeu peso (os seus 71 kg permitem-lhe a morfologia ideal para abordar a alta montanha) sem ter perdido as suas qualidades no departamento do contra-relógio, trabalhou muito bem quer na pré-temporada quer nos estágios em altitude que realizou na preparação para o Giro e desenvolveu estratégias de corrida muito interessantes na prova italiana, prova onde recorde-se, com uma postura muito cautelosa e muito ciente dos seus limites energéticos, nunca optou por ir ao choque nos ataques de Nibali, Pinot e Quintana, mas também nunca lhes deu espaço para cavar grandes diferenças na montanha. 

1, 2,3 – O Cavalinho voltou a vencer outra vez!

Fazendo jus à letra da cantiga de intervenção uma vez escrita e interpretada pelo génio de João Mário Branco, o eslovaco bicampeão mundial Peter Sagan “veio de longe, de muito longe” para escrever, em Bergen, mais uma bonita página de história no seu percurso, no percurso da modalidade no seu país e nos próprios anais da história da modalidade, tornando-se em solo norueguês o primeiro ciclista de sempre a conquistar por 3 ocasiões consecutivas a camisola do arco-íris. O ciclista eslovaco gosta tanto da camisola que não a quer largar por nada. A correr em casa, frente ao seu público, Alexander Kristoff tentou, até à última pedalada, conquistar o direito de usar a camisola que Sagan transporta no corpo desde Setembro de 2015, altura em que conquistou pela primeira vez a prova nos mundiais de Edmonton. Por uma roda se ganha, por uma roda se perde. O ciclismo é cheia de injustas fatalidades. O norueguês teve que se contentar com a prata (a 2ª do seu país; Thor Hushovd continua a ser o único corredor norueguês a ostentar a conquista de uma medalha de ouro) de uma corrida que foi bastante animadas nas voltas finais ao circuito fechado onde se desenrolaram 4\5 do percurso desenhado pela organização presidida precisamente por Hushovd. Continuar a ler “1, 2,3 – O Cavalinho voltou a vencer outra vez!”

Um dia histórico para o ciclismo feminino holandês

Annemiek van Vleuten (Bigla Pro Cycling Team) e Anna van der Breggen (Boels-Doelmans) alcançaram um feito histórico para o ciclismo holandês ao conseguirem conquistar a dobradinha na prova de contra-relógio de elites do Campeonato do Mundo. O feito já não era alcançado por qualquer selecção desde o ano de 1996, ano em que a histórica Jeanne Longo e a sua companheira de selecção Catherine Marsal tinham alcançado o mesmo feito pela última vez em Lugano.

P.S: Amanhã realizar-se-à em Bergen a tão aguardada prova de contra-relógio de elites masculinas, prova na qual irão participar Nelson Oliveira e Rui Costa. A prova terá o seu início às 12:05 portuguesas (13:05 locais). Este contra-relógio poderá marcar o primeiro embate entre os dois grandes concorrentes ao Tour nos próximos anos. Na dura crono escalada que encerra os 31 km de prova, a subida ao Monte Floyd, se tudo correr bem e se não existir qualquer surpresa (Vasil Kyrienka, Geraint Thomas, Tony Martin, também poderão ter uma palavra a dizer), teremos Christopher Froome e Tom Dumoulin ao despique pela medalha de ouro. 

Rui Costa partirá  para a estrada às 12:51 enquanto Nelson Oliveira apenas sairá às 15:12.

 

 

No primeiro dia dos Campeonatos do Mundo, a Sunweb fez história

A propósito das vitórias de etapa, da conquista do Prémio da Montanha e do 10º lugar alcançado por Warren Barguil na geral individual na edição deste ano do Tour, das vitórias em etapas alcançadas por Michael Matthews (o vencedor do Prémio da Regularidade no Tour), do 4º lugar alcançado na geral individual da Vuelta por Wilco Kelderman e das vitórias de Tom Dumoulin na geral individual do Giro e no Binckbanck Tour, já pude realçar em vários posts o maravilhoso ano de estreia que está a ter a nova aposta desta empresa alemã ligada ao sector do turismo. Se em condições absolutamente normais, sem vitórias de excepção (considero como vitórias de excepção as vitórias nas principais voltas do calendário internacional, as provas de 3 semanas) dizem os especialistas da área que a aposta de uma empresa do ciclismo poderá gerar um retorno 3 a 4 vezes superior ao montante investido inicialmente, nem quero imaginar qual será o grau do retorno (quer em termos financeiros, quer ao nível mediático) que a empresa está actualmente a ter em função da espantosa época que as suas equipas (quer a masculina, quer a feminina) estão a realizar na presente temporada.  Continuar a ler “No primeiro dia dos Campeonatos do Mundo, a Sunweb fez história”

Vroom, vroom! Deixem a mota passar – A grande imagem da última etapa do Binckbank Tour

Com licença, com licença – deixem o maior passar! A aceleração de Peter Sagan no Muur KapelMuur, icónico santuário que serve de amuleto para todos aqueles que pretendam ali atacam com o objectivo de vencer a Ronde Van Vlaanderen. Foi precisamente ali, naquele duríssimo (8,2% de inclinação média) sector de empedrado de 1100 metros que Philippe Gilbert projectou o ataque que viria a derrear toda a concorrência na última edição da Volta à Flandres.

Peter Sagan não venceu nem a etapa nem a geral (pese embora o facto de ter sido o ciclista que mais animou a prova, conjuntamente com a sua sombra Greg Van Avermaet) mas deixou apontamentos de sonho. Se não tivesse furado na 6ª etapa, o eslovaco poderia ter vencido a geral no muro de Geraardsbergen.

Como referi aqui, no post relativo à 6ª etapa, foi Tom Dumoulin quem aproveitou o “azar valão” do bicampeão do mundo de estrada. Na última etapa, o holandês só teve que realizar uma corrida à medida das suas necessidades, ou seja, no controlo total às movimentações de Tim Wellens. Quando Wellens tentou “sair a jogar” com Sagan no final do Kapel Muur, o holandês foi obrigado a assumir o esforço de perseguição. O belga da Lotto ainda conseguiu recuperar 2 dos 8 segundos que possuía de desvantagem em relação ao holandês da Sunweb num dos 3 sprints bonificados fixados pela organização no quilómetro dourado, mas não conseguiu ter a força necessária para tentar recuperar os restantes 6 na exigente rampa final de Geraardsbergen.

Binckbank Tour – Etapa 6 – Tim Wellens atinge o estado de graça nas ardenas

Nos metros finais, o belga da Lotto-Soudal puxou e o holandês nem se importou muito de perder a etapa (e os inerentes segundos de bonificação reservados para o primeiro a cruzar a linha de meta) porque tinha a plena consciência que acabara de dar um passo importante para a vitória na geral. Este é o mais breve resumo da parte menos importante de uma corrida (nas ardenas; na região de Bastogne; em certos, a corrida cruzou-se com alguns dos trilhos da mítica clássica disputada durante a primavera) que espremeu um apetecível e saboroso sumo de clássica da primavera em pleno verão.

Dois grandes obstáculos marcavam os últimos 35 km de corrida na fantástica região da Valónia. Se o conhecido Côte de Saint-Roch (800 metros a uma pendente média de 12%), muro eternizado na mítica clássica integrante dos 5 monumentos que tem o seu término no icónico bairro de Ans, seria o ponto de partida para a discussão pela etapa, o Cote Boins des Moines acabou por fazer toda a diferença. Nos Boins des Moines, Oliver Naesen (AG2R) entrou na frente com alguma vantagem sobre um reduzido grupo de ciclistas, Peter Sagan arriscou tudo para poder vencer a prova, Tim Wellens foi inteligente na forma em como soube responder a Sagan mas Tom Dumoulin acabou por fazer toda a diferença em virtude do azar ocorrido ao eslovaco da Bora.

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Binckbank Tour – 5ª etapa – Lars Boom vence uma corrida com uma multiplicidade de equações em jogo

Nota prévia: Em primeiro lugar, cumpre-me saudar e elogiar o desenho escolhido pela organização da prova para a etapa corrida à volta da cidade de Sittard. O traçado desenhado para a etapa bem como aquele quilómetro dourado (3 sprints intermédios bonificados colocados no reduzido espaço de um quilómetro) que foi “inventado” pela organização a seguir à passagem dos ciclistas pela subida ao Schatzberg (800 metros com uma pendente média de 5%) era prometedor, à partida, de espectacularidade. Nesse quilómetro dourado, se um ciclista conseguisse passar na frente dos 3 sprints bonificados, conquistaria a preciosa vantagem de 18 segundos. A colocação dos 3 sprints intermédios à saída da ascensão para a última dificuldade do dia não foram colocados à toa pela organização. Se a corrida decorresse de acordo com os moldes previstos pela organização, os ciclistas com interesse à geral sentir-se-iam aliciados a atacar na subida final para ir buscar os segundos de bonificação.

A 5ª etapa da Binckbank Tour (antigo ENECO Tour) foi uma tirada de 1000 contornos estratégicos. Nos 163,7 km de corrida, os ciclistas teriam de enfrentar um complexo conjunto de 20 colinas até chegarem à recta da meta no Autódromo da Cidade de Sittard. À primeira vista, o traçado oferecia muitas oportunidades para puncheurs e afigurava-se como algo penoso para alguns roladores, pese embora o facto de terem chegado alguns no grupo que desde cedo tomou a dianteira da corrida. Continuar a ler “Binckbank Tour – 5ª etapa – Lars Boom vence uma corrida com uma multiplicidade de equações em jogo”

Binckbank Tour – Etapa 2 – Stefan Kung vence o crono de Voorburg

No 2º dia da prova, a organização decidiu conceder palco aos grandes roladores presentes no evento. Num pequeno crono de 9 km disputado sob chuva, adversidade que naturalmente obrigou os alguns ciclistas a executar as viragens com alguma cautela, a distância em si, era suficiente longa para afastar da discussão da etapa alguns sprinters que possuem valências na especialidade do prólogo como é o caso de Marcel Kittel.

Stefan Kung confirmou novamente as suas credenciais enquanto contra-relogista. O ciclista suíço da BMC tem vindo ao longo dos últimos meses a emergir como um dos maiores talentos nesta especialidade particular do ciclismo. A realizar uma temporada quase perfeita, o maduro ciclista de 23 anos, atleta que faz lembrar os primeiros anos da carreira de Fabian Cancellara (à semelhança de Cancellara, Kung também é um bom finalizador de etapas; não me causará espanto a possibilidade futura de vir a tornar-se um bom puncheur), obteve na Holanda a sua 5ª vitória da temporada, depois de já ter vencido uma etapa na Volta à Romândia e de se ter sagrado recentemente campeão suíço de contra-relógio. Ao derrotar dois dos grandes nomes do contra-relógio mundial (Maciej Bodnar, Tom Dumoulin, Jos Van Emden, Alex Downsett, Mathias Brandle), o suíço pode arrebatar a liderança da prova. O anterior líder da prova, Peter Sagan, portou-se muito bem ao atingir um bom tempo que o classificou na 18ª posição a 25 segundos de Kung.

Os grandes vencedores do dia acabaram por ser Tom Dumoulin (3º a 5 segundos), o seu compatriota Lars Boom (Lotto-Jumbo-NL; 5º a 10 segundos) e o belga Tim Wellens da Lotto-Soudal (9º a 17 segundos). Com magníficos tempos, os 3 ciclistas afiguraram-se como os principais favoritos à vitória na geral individual da prova, se atentarmos à exigência das etapas que se seguem na prova. Ao longo dos próximos dias teremos algumas etapas de colinas. Bastará por exemplo ver o traçado da 5ª etapa, tirada que será corrida na inclinada região de Sittard.

sittard

Michal Kwiat “Supersonic” Kowski vence a explosiva Clássica de San Sebastian

Explosiva. Táctica. Demasiado táctica. Incisiva. A edição deste ano da mítica Clássica de San Sebastian voltou a oferecer-nos ciclismo no seu seu estado puro: explosivo, emotivo, pensado ao pormenor e ofensivo. Na chegada a San Sebastian, o polaco Michal Kwiatkowski, ciclista que se tornou campeão do mundo em 2014 em solo espanhol (mais concretamente na lindíssima região de Ponferrada) juntou a vitória na clássica mais emblemática que é disputada aqui no país vizinho ao seu extenso currículo neste departamento de provas. A Sky mereceu mereceu por inteiro a vitória conquistada ao sprint pelo all-arounder polaco. Com uma abordagem extremamente ofensiva (e causadora de imenso desgaste nos rivais) nos últimos 30 km, a formação britânica foi aquela que mais esforços realizou para poder festejar a vitória no final dos inclinados e expressivos 230 km de corrida. Num final disputado ao sprint em grupo reduzido, Kwiat fez prevalecer a sua superioridade ao nível da finalização de etapas para bater a gigante concorrência que se formou nos últimos 10 km da prova. Continuar a ler “Michal Kwiat “Supersonic” Kowski vence a explosiva Clássica de San Sebastian”

Volta à Suiça – Etapas 1 e 2

A 81ª edição da Volta à Suiça arrancou no passado sábado. A sobreposição de provas (as primeiras duas etapas da prova helvética sobrepuseram-se ao momento de todas as decisões no Criterium Dauphiné)  levou-me a demonstrar alguma preferência pela cobertura da parte final da prova francesa para depois me dedicar em exclusivo até ao próximo domingo na cobertura da outra grande prova de preparação para o Tour.

A Volta à Suíça é desde há muitos anos uma das principais antecâmaras de preparação para a Grande Boucle pelo carácter exigente do seu traçado (2 contra-relógios e 4 etapas de média e alta montanha) em conjunto com o Criterium Dauphiné e com a Route Du Sud. Estabelecida como o último balão de ensaio para todos aqueles precisam de melhorar a sua condição antes da prova francesa, a prova helvética reserva a todos os participantes um grau de dificuldade alto na montanha. Com um historial de vencedores muito rico (o nosso Rui Costa já venceu a geral individual da prova em 3 ocasiões nos anos 2012, 2013 e 2014) vários foram os nomes sonantes da história do ciclismo que já ergueram a camisola amarela no final dos 9 dias de corrida de prova. Entre os vencedores absolutos da prova helvética podemos encontrar nomes históricos do ciclismo como de Gino Bartali, Eddy Merckx, Roger de Vlaeminck, Giuseppe Saronni, Sean Kelly, Pavel Tonkov, Stefano Garzelli, Alex Zulle, Alexandre Vinokourov, Jan Ullrich, Roman Kreuziger, Fabian Cancellara, Frank Schleck, Levi Leipheimer ou Rui Costa. Continuar a ler “Volta à Suiça – Etapas 1 e 2”

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