Análise: Chelsea 3-0 Middlesbrough – Blues a 90 minutos do título, no dia em que o Boro voltou a dizer adeus à Premier


Num jogo que envolvia duas equipas em contra-ciclo na actual fase da temporada (o Boro precisava de uma vitória em Stamford Bridge para ainda acalentar o sonho de se poder manter na Premier League nas últimas duas jornadas) acabou por não ser difícil aos Blues de Antonio Conte aproveitar o escorregão do Tottenham na passada sexta-feira no Estádio Olímpico de Londres frente ao West Ham. A confortável vitória por 3-0 deixa os londrinos a 90 minutos do título na próxima sexta-feira no jogo que estes terão de realizar no The Hawthorns frente ao WBA. Por outro lado, o Boro viu hoje consumada a sua descida ao Championship, 1 ano depois do histórico emblema ter confirmado o regresso à Premier após vários anos de travessia do deserto no 2º escalão do futebol inglês.

O Boro de Steve Agnew acabou por ser presa fácil para os Blues. Sem Ngolo Kanté em campo, devidamente substituído na formação inicial de António Conte por Cesc Fabrègas, a equipa do Norte de Inglaterra tentou sem sucesso, dificultar a vida dos londrinos com uma exibição que se pretendia alicerçada no controlo defensivo a meio-campo (não muito pressionante mas bem organizada, capaz de recuar rapidamente o bloco para fechar linhas de passe para o jogo interior de Diego Costa e Eden Hazard) para tentar surpreender no contra-ataque. Muito solicitados na primeira parte, Álvaro Negredo e o extremo direito Adama Traoré faziam parte de uma estratégia de jogo que visava essencialmente que estas duas unidades pudessem segurar jogo nas transições para fazer subir a linha de média de forma a que a equipa ficasse de frente para o jogo e pudesse lançar novamente os extremos (Traoré e Stewart Downing) nos corredores de maneira a que estes servissem as entradas na área de Negredo e Marten de Roon. A estratégia ofensiva do Boro fracassou porque tanto Negredo como Traoré foram devidamente vigiados e pressionados por várias unidades (David Luiz, Marcos Alonso, Nemanja Matic, Gary Cahill) sempre que eram chamados a participar no jogo e Downing não pode lutar sozinho contra a presença constante de 3 jogadores. Sem o apoio directo dos laterais no ataque, a os extremos do Boro acabaram por ser presa fácil para os Blues, permitindo várias recuperações de bola. Thibault Courtois acabou portanto por ser um mero espectador da partida, sendo chamado apenas em 1 ocasião a intervir.

Consumada a inofensividade da turma nortenha, os Blues trataram de inventar as soluções que viriam a redundar nos 2 golos somados na primeira parte. Sem poderem colocar muitas bolas no interior em virtude da colocação de várias unidades no corredor central por parte da equipa adversária, e à falta de um jogador capaz de queimar linhas com bola como consegue realizar com muita preponderância no jogo da equipa de Conte Ngolo Kanté, contra equipas mais fechadas, a equipa londrina apostou com assertividade nos lançamentos longos em diagonal que Fabrègas ia fazendo para os corredores à procura das entradas dos laterais nas costas dos laterais adversários (nos primeiros minutos Alonso aproveitou várias desconcentrações do seu matchup Adama Traoré para entrar pelas costas de Fábio da Silva), de Eden Hazard e de Diego Costa nas costas dos centrais e dos laterais (em especial o direito) conseguindo estes últimos posicionar-se bem relativamente ao último homem da defensiva do Boro. No 2º golo dos londrinos, Brad Guzan é muito mal batido. Tendo fechado o primeiro poste, num lance em que Marcos Alonso rematou em esforço para não deixar a bola sair pela linha final (belíssimo esforço do lateral espanhol que o Chelsea comprou no passado verão à Fiorentina) pedia-se que o norte-americano fosse capaz de ter outra abordagem ao lance. Acabou nas duas situações por ser batido sob os apoios.

Se em duas ocasiões aos 13 e 20″, Hazard conseguiu tirar partido de um combinação com Diego Costa no flanco esquerdo para servir o remate torto de Fabrègas e a entrada de Diego Costa na cara de Brad Guzan, valendo no último destes lances, a excelente cobertura defensiva protagonizada pelo lateral esquerdo adversário George Friend para atrapalhar a finalização do hispano-brasileiro à boca da baliza, nos 13 minutos que se seguiram (23″ e 33″) foram duas aberturas em diagonal do miolo de Cèsc Fabrègas para as entradas na área pela esquerda de Diego Costa e Marcos Alonso (mais uma vez o último defensor do Boro não conseguiu colocar os dois jogadores em offside) que deram justiça no resultado à exibição que os Blues estavam a realizar.

Com o jogo totalmente controlado frente a uma equipa que desanimou com os dois golos sofridos no primeiro tempo, na 2ª parte, os Blues passaram os 45 minutos instalados no meio-campo da equipa de Steve Agnew. Com os laterais bem projectados no último terço, e os extremos mais alinhavados por dentro (Hazard agora mais sobre a direita; seria substituído por Willian aos 72″; Pedro mais sobre a esquerda) e a equipa bem subida, com os 3 centrais completamente projectados no ataque a apoiar directamente as investidas com cruzamentos e bolas para o jogo interior, para além do reconhecido e meritório esforço na pressão imediata quando os forasteiros tentavam sair para o contra-ataque, os Blues carregavam à procura de mais, conseguindo criar várias oportunidades de golo antes de chegar ao 3º tento.

Victor Moses e Marcos Alonso tiveram duas oportunidades flagrantes: lançado em profundidade nas costas do lateral George Friend, o internacional nigeriano não conseguiu bater Guzan. O lateral espanhol também não foi feliz numa jogada de dinâmica interior na qual Pedro, com uma excelente recepção à entrada da área, puxou a bola para o pé esquerdo, tirou dois adversários do caminho e abriu as portas do golo à entrada do lateral na área pela esquerda. Alonso não seria feliz no remate-cruzamento visto que a bola acabou por não tomar a direcção da baliza e Diego Costa também não chegou a tempo da emenda. Pelo meio, o interventivo Cesar Azpilicueta ensaiou de meia distância o remate, fazendo a bola passar por cima.

Com os centrais totalmente empenhados nos esforços ofensivos, seria numa triangulação no interior da área desenhada por Hazard, David Luiz e Fabrègras que viria a nascer o 3º tento dos blues. O espanhol assistiu Nemanja Matic e o sérvio não se fez rogado, mostrando que para além de todas as qualidades que o assistem no chamado duelo da “sala de máquinas do meio-campo”, também sabe finalizar. O internacional sérvio coroou a exibição dos empolgados blues com uma recepção orientada que trocou as bolas a George Friend e adocicou o esférico para o seu potente remate de pé direito sob os apoios de Brad Guzan.

O resto da partida foi um autêntico passeio que deu a possibilidade a António Conte de dar minutos a Chalobah e de dar uma merecida ovação de pé por parte dos adeptos dos Blues a John Terry quando este entrou aos 83″ para o lugar de David Luiz. O veterano central irá portanto despedir-se dos Blues pela porta grande com a conquista de mais um título inglês.

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