Breve passagem de olhos sobre alguns dos highlights do suplício australiano em Murrayfield

kepu

A 129ª e última selecção de Stephen Moore pelos Wallabies (53-26; a maior derrota registada pelos australianos nas 30 partidas realizadas contra os escoceses; os escoceses nunca tinham conseguido alcançar em toda a sua história duas vitórias seguidas sobre a selecção australiana), merecia outro nível de respeito por parte do pilar Sekope Kepu. Aos 39 minutos de jogo, numa fase do encontro em que os Wallabies estavam claramente por cima, galvanizados pelos dois ensaios “cavados” ao pé pelo abertura Bernard Foley na ressaca de um demoníaco arranque de partida protagonizado pela selecção da casa nos primeiros 20, o pilar dos Waratahs de Sydney decidiu cometer uma acção completamente infantil, despropositada e anti-desportiva (que pode ser vista a partir do minuto 49:45 até ao minuto 52:30 deste vídeo), que, para além do consequente e merecido castigo de que decerto será alvo nos próximos dias por parte da World Rugby, porque no rugby não há lugar para este tipo de atitudes irracionais que podem colocar em risco a integridade física do adversário, decerto o envergonhará. Ao largo da bela ilha de Tonga, entre daikiris e pinacoladas, Kepu terá certamente um mês de férias para reflectir sobre a borrada que manchou um jogo já de si extraordinariamente complicado para a sua selecção em virtude do pace elevadíssimo que foi colocado na partida pelos escoceses (aproveitando aquele que era à partida o seu maior trunfo frente aos australianos: a maior frescura física) e da incisividade e agressividade colocada pelos Scots nos seus carries e no seu desempenho defensivo. Continuar a ler “Breve passagem de olhos sobre alguns dos highlights do suplício australiano em Murrayfield”

A asneira colossal de Kurtley Beale na asquerosa exibição dos Wallabies em Twickenham

Na ressaca do categórico triunfo alcançado no passado sábado, dia 11, no Millenium de Cardiff frente à brava selecção galesa de Warren Gatland, a visita dos Wallabies até ao monstruoso estádio de Twickenham, catedral do rugby inglês, revestia-se por vários motivos, da maior importância para os comandados de Michael Cheika. Para além da histórica e intensa rivalidade existente entre as duas selecções, do extraordinário momento de forma colectivo que havia permitido uma série de 5 vitórias e 2 empates aos Wallabies nos 7 testes anteriormente realizados e do histórico de confrontos profundamente negativo (0-4) registado nos confrontos entre as duas selecções desde que Eddie Jones assumiu em 2015 o comando técnico da selecção inglesa, cabia aos forasteiros a possibilidade de poderem exercer, na “toca do leão”, o ónus da prova, ou seja, provarem que tem capacidade para derrubar aquela que é na minha opinião, a par com a Nova Zelândia, em função da sua fantástica performance defensiva, a principal candidata ao ceptro mundial.

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Um fulgurante início de digressão europeia para os Wallabies

O presente ano de 2017 não está certamente a ser um ano fácil para o seleccionador australiano Michael Cheika e para alguns dos pilares da estrutura da modalidade naquele país. Aos problemas de fundo já identificados aqui neste post, problemas para os quais as respostas que tem sido dadas pelas entidades oficiais que tutelam a prática da modalidade no país ainda não tem sido minimamente satisfatórias para combater de forma eficaz esses mesmos problemas, aos maus resultados acompanhados pelas más exibições que a selecção realizou nos testes de Junho frente à “equipa B” da Escócia (derrota copiosa sofrida em casa por 19-24) e frente à selecção italiana (vitória magra por 40-27) e na partida da primeira jornada do Rugby Championship frente aos neozelandeses (copiosa derrota caseira por 34-54), aos maus resultados somados pelas equipas australianas na edição de 2017 Super Rugby (das 5 selecções provinciais, apenas uma, os ACT Brumbies se qualificaram para os quartos-de-final da competição, convindo referir neste ponto que a formação de Camberra só se qualificou porque o actual sistema em que está organizada classificativamente a competição, sistema que promove a divisão das equipas em 3 divisões de circunscrição nacional, oferece ao primeiro classificado da sua divisão nacional a passagem directa para os quartos-de-final da prova indiferentemente do score pontual registado na fase regular) acresceu a lastimável decisão que veio a ser tomada no Verão pela Sanzar, a empresa que actualmente organiza a principal competição de selecções provinciais (agora transformadas em franquias de gestão privada) do Hemisfério Sul, quando decidiu, na sequência dos baixos índices de competitividade demonstrados pelas formações australianas nos últimos anos, cortar a participação em 2018 a uma das cinco equipas daquele país, mais concretamente à franquia da 3ª potência formadora do país: a Western Force de Perth, franquia que foi no passado responsável pela formação de alguns dos melhores jogadores da história do país como David Pocock (histórico asa da selecção australiana) Digby Ioane (36 internacionalizações somadas pelos Wallabies)ou Ben McCalman (50) e desenvolvimento de outros como Matt Giteau, Nathan Sharpe ou Drew Mitchell. A decisão, escolha que foi extremamente influenciada por motivos estratégicos de ordem comercial que são ambicionados pela própria empresa (os responsáveis da Sanzaar consideram que a cidade de Melbourne pode vir a transformar-se no futuro como um mercado de altíssima rentabilidade) e pela pressão que foi exercida durante meses exercida pelo lobby de investidores da franquia dos Rebels – poderá vir a ter os seus custos para o futuro da modalidade do país, em função da distinta esfera de influência que a modalidade goza junto das populações dos dois estados. Em Perth, o rugby union é a 2ª modalidade mais praticada logo a seguir ao ciclismo; no Estádio de Victoria, a modalidade deverá ser talvez a 6ª ou a 7ª mais praticada no Estado, tendo efectivamente menos atletas federados do que modalidades como o Aussie Rules, o Rugby League (variante de 13; jogado de acordo com regras ligeiramente diferentes), o futebol, o ténis, o cricket e o ciclismo. Continuar a ler “Um fulgurante início de digressão europeia para os Wallabies”

Michael Hooper!

Este foi na minha opinião o momento de maior destaque da vitória por 20-37 da Selecção Australiana de Rugby no jogo disputado no passado sábado em Mendoza frente à selecção argentina, test que encerrou a participação das duas selecções na edição de 2017 do Rugby Championship. Num jogo muito disputado, no qual, até aos 55″ (o resultado final pode explicar-se pela abrupta queda física sentida pelos Pumas a partir desse minuto)  não só conseguiram dar muita réplica defensiva (placando bem; apresentando uma organização defensiva quase exemplar em campo) como foram muito criativos no desenho das suas iniciativas ofensivas. Um dos ensaios obtidos pelos pumas no primeiro temponasce de uma bela investida do médio de abertura Nicolas Sanchez, arrancada na qual o jogador dos Jaguares fez uma bela finta de passe para tirar Will Genia do caminho.

Por outro lado, os australianos viram a sua dupla de médios (Will Genia e Bernard Foley) realizar uma imaculada exibição na qual, tanto Genia como Foley conseguiram nas suas acções ler muito bem o posicionamento da defensiva adversária para criar boas plataformas de ataque susceptíveis de quebrar a linha da vantagem\situações de finalização dentro dos 22 adversários.

Exemplo disso foi este ensaio totalmente criado pela visão\leitura de Genia para Reece Hodge ainda no primeiro tempo.

O mesmo comportamento irrepreensível aplicou-se a espaços a algumas das acções ofensivas do flanqueador capitão Wallaby, jogador que na saída de uma tentativa de maul dinâmico, inventou “com uma corrida lateral” o diminuto espaço pelo qual o ponta Reece Hodge entrou para quebrar a linha da vantagem.

michael hooper

Com a sua acção, Hooper arrastou consigo o capitão argentino Agustin Creevy, abrindo um pequeno espaço entre dois jogadores argentinos.

hooper

Como Creey não contava certamente que o flanqueador australiano pudesse fazer um cruzamento com o jogador que teoricamente lhe poderia ceder apoio (Reece Hodge) mas antes com um curto passe para Bernard Foley (o jogador que na imagem aparece mais recuado de chuteiras brancas) o talonador argentino decidiu adoptar uma postura mais expectante, não saíndo na pressão para placar. O espaço assinalado a azul (de sensivelmente 3 metros) ficou aberto. Hooper apercebeu-se disso e explorou com um cruzamento com Hodge.

hodge

O ponta entrou muito bem no espaço, escapando com muito mérito à tentativa de placagem imediata. A linha de vantagem está portanto ultrapassada. À defensiva argentina será portanto mais difícil intervir neste lance, apesar de ainda ter 2 jogadores na sua linha mais atrasada.

genia

No entanto Will Genia aparece muito bem no apoio ao portador, criando uma situação indefensável de 2×1. Hodge liberta a oval no tempo certo para escapar à placagem e isolar o médio de formação. Genia corre para o ensaio, escapando à perseguição pelas costas de um argentino.

O ensaio do dia

O primeiro ensaio dos australianos no empate a 27 pontos obtido frente à África do Sul no test-match realizado durante a tarde de ontem em Bloemfointein. Ainda não foi desta que os Wallabies ganharam um teste aos seus principais rivais do hemisfério sul (Nova Zelândia\África do Sul; na actual edição do Rugby Championship, os australianos somaram duas derrotas frente aos neozelandeses e dois empates frente aos sul-africanos) mas o que é certo é que nos últimos jogos (após as humilhantes prestações da janela de junho frente às equipas B da Escócia e da Irlanda) a selecção australiana tem vindo a ganhar muita qualidade com o sangue fresco que está a ser injectado lentamente no elenco pelo seleccionador Michael Cheika – falo de jogadores como o 2ª linha Izack Rodda, o 3ª linha Ned Hannigan, o pilar Jordan Uelese, o universal 3\4 Reece Hodge, o ponta Marika Koribete; este último parece vir finalmente culminar com um “conjunto de experiências” que tem sido realizadas para a posição de ponta por parte do seleccionador australiano. A selecção australiana conseguiu finalmente encontrar um ponta para os próximos 6\7 anos  – e está claro, tem um desempenho ofensivo bastante superior quando a sua virtuosa dupla de médios está em dia sim.

O primeiro ensaio nasce de um grande trabalho de combinação entre o formação Will Genia e o abertura Bernard Foley na sequência de uma bola conquistada pelos avançados australianos, sob sua introdução, na melée. Com dois bons passes para o interior para escapar à placagem dos adversários (intervalados por uma grande entrada “em falso” de Kuridrani para fixar os adversários) e abrir o espaço que foi aproveitado pelo 15 Israel Folau para embarcar até à área de validação adversária, os dois médios da selecção australiana inventaram o ensaio que abriu o marcador.

Meia dúzia de fases e o adversário na linha de ensaio – Uma noite de terror em Sydney

Nunca em toda a minha vida vi uma selecção australiana a jogar um rugby miserável e a apresentar uma equipa tão vulnerável do ponto de vista defensivo e tão pouco esclarecida e produtiva no plano ofensivo. Noutros tempos, não muito distantes, quando o país era a verdadeira nação do rugby de ataque, do rugby das sensacionais e vertiginosas combinações entre as linhas atrasadas, do rugby de choque, uma exibição como que a que foi produzida pelo XV que foi copiosamente vergado em Sidney frente aos neozelandeses, garantia, literalmente, o direito a Michael Cheika de se por no olho da rua em dois tempos sem qualquer direito a indemnização ou a orientar uma selecção provincial ou equipa do campeonato nacional durante uma boa quadra de anos. No entanto, esta é a Austrália que temos actualmente: uma selecção a viver sobre brasas que representa um Rugby a viver sobre brasas, falido, no qual, nenhuma alminha caridosa consegue apresentar uma ideia capaz de inverter o actual cenário em que o rugby australiano caiu. Cheika conseguiu descer até mínimos históricos nunca antes vistos nos 118 anos de história da formação australiana: nunca a selecção australiana tinha falhado um total de 35 placagens ao longo de 80 minutos assim como nunca nenhuma selecção australiana tinha saído para as cabines a perder por uma diferença tão grande, para não lhe chamar de obscena. Continuar a ler “Meia dúzia de fases e o adversário na linha de ensaio – Uma noite de terror em Sydney”

Mais uma exibição sofrível para os Wallabies

A época de testes de Junho fechou (em boa-hora, pelo tempo que desperdicei no visionamento dos 3 testes realizados) para os Wallabies com uma vitória muito modesta frente aos italianos, numa exibição sofrível onde a formação australiana voltou a pecar imenso em vários níveis distintos do jogo. Em 30 anos de vida não me recordo sinceramente de ter visto a selecção australiana a apresentar um rugby de tão baixa qualidade. Se a equipa não tivesse 4 jogadores em grande forma neste momento da temporada (Bernard Foley, Karmichael Hunt, Israel Folau, Sefanaia Naivalu) estou 100% seguro que juntaria à humilhação sofrida no teste do passado fim-de-semana frente à “equipa B” da Escócia duas vexatórias derrotas contra fijianos e italianos. Continuar a ler “Mais uma exibição sofrível para os Wallabies”

O impensável aconteceu

“The only people who are saying that Scotland aren’t up to it is the Scottish media. You keep putting yourself down and maybe it’s so you can get up for the game. We think Scotland are a top team. We never said anything about that, you guys say it and then you perpetuate the story back through us somehow. I don’t see our media saying that. ” – Esta foi a afirmação que o seleccionador australiano utilizou, perdoem-me o termo na sequência do flagelo que tem vindo a afectar o nosso país nos últimos dias, para apagar o fogo que foi a conferência de imprensa a seguir à derrota da Austrália contra a selecção escocesa. Antes de criticar a prestação dos seus jogadores, Cheika decidiu “elevar” a selecção B do adversário até a um expoente nunca antes visto naquele país. À imagem e semelhança daquilo que tem feito os principais dirigentes da Australian Rugby Union, o seleccionador nacional Michael Cheika tem vindo a empurrar com a barriga os principais problemas que tem vindo a afectar o presente do rugby australiano. Continuar a ler “O impensável aconteceu”

Austrália passa em Melbourne com um teste positivo frente às Fiji

No AAMI Park em Melbourne, a selecção australiana iniciou da melhor forma a sua série de testes nesta janela de verão com uma vitória muito positiva sobre as Ilhas Fiji por 37-14 num teste que Michael Cheika aproveitou para lançar 4 jogadores no seu elenco.

Numa tarde em o seleccionador australiano deu ordens para se solidificar a construção de um running rugby de bola na mão, devidamente acelerado na saída das formações espontâneas por uma dupla de médios a passar por um excelente momento de forma (Genia e Bernard Foley) e devidamente complementada por 3 factores importantes na circulação de jogo (entrada de falsos para fixar a defesa, aspecto onde o centro Tevita Kuridrani esteve exímio porque abriu várias janelas de oportunidade para os ataques de Haylett-Petty e Israel Folau a partir essencialmente do interior do flanco direito; robutez no contacto por parte dos avançados para poder jogar em offload com o apoio mais próximo) os Wallabies conseguiram cumprir o objectivo programado pelo seu seleccionador: solidificar o seu estilo de jogo com vista à sua optimização nos exigentes testes que serão oferecidos pela próxima edição do Rugby Championship.

Uma estreia promissora

Potência no arraque, capacidade de organização ofensiva (funcionou como um 2º organizador de jogo), poder no contacto físico e uma interessante exibição defensiva com 13 placagens e uma recuperação de bola numa bola viva que poderia muito bem ter culminado na obtenção de um ensaio por parte das Fiji. O “maori” Karmichael Hunt fez a sua estreia pelos Wallabies aos 30 anos com uma fantástica exibição que lhe pode ter selado um bilhete para o ciclo que terminará no Mundial 2019.

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