Balanço do Giro de Itália – as grandes surpresas e as decepções da 100ª edição da prova italiana (1ª parte)

Quando o holandês Tom Dumoulin chegou à Sardenha para iniciar a sua prestação na 100ª edição do Giro de Itália, não estaria decerto convicto que poderia lutar pela vitória na geral individual. Na verdade, poucos foram aqueles previam nas suas mais optimistas previsões, a possibilidade do ciclista holandês poder vir intrometer-se na luta particular que se iria decerto travar nas estradas italianas entre Nairo Quintana, Vincenzo Nibali, Mikel Landa e Thibault Pinot. Tal cenário estava reservado, na melhor das hipóteses, a ciclistas como Ilnur Zakarin, Tejay Van Garderen ou Steve Kruijswijk. O holandês da Lotto-Jumbo era, dentro deste lote de possíveis outsiders, aquele que reunia mais consenso entre os especialistas na modalidade em virtude dos resultados obtidos pelo ciclista nas últimas edições da prova. O 7º lugar alcançado na geral em 2015 e o brilhante 4º lugar arrancado na edição do ano passado, prova em que esteve efectivamente muito próximo da conquista de um feito épico, não fosse a queda sofrida na recta final da mesma, colocavam imensa pressão (pressão à qual este não soube responder a preceito no decurso da prova) sobre os ombros do trepador holandês. Kruisjwijk viria a desistir na 20ª etapa numa fase da prova em que ainda lutava por uma posição nos 10 primeiros da prova. Na montanha, o ciclista da Lotto-Jumbo realizou exibições muito aquém das suas capacidades.

Tom Dumoulin, por sua vez, já tinha provado ser capaz de poder lutar por um lugar no top 10 de uma prova de 3 semanas. Com um excelente desempenho na edição de 2015 da Vuelta, prova em que andou durante várias etapas com a camisola vermelha, fechando a geral na 6ª posição, o holandês pode calar todos os críticos que consideravam que este jamais passaria de um excelente rolador com alguma propensão para o ataque em etapas de média montanha. Muitos consideraram portanto que o holandês dificilmente poderia assumir-se como um contender à geral individual porque teria muitas dificuldades para brilhar na alta montanha face à enorme concorrência dos trepadores puros como NairoMan, Thibault Pinot ou o Tiburon de Messina Vincenzo Nibali.

As baixas expectativas depositadas por vários analistas acabaram por funcionar muito bem a favor das pretensões que foram geradas pelo ciclista no decurso da prova. A partir do momento em que este conseguiu passar as duas primeiras grandes dificuldades montanhosas da prova (Monte Etna e Blockhaus) sem ceder tempo perante os principais favoritos, o holandês começou a ser mais respeitado dentro do pelotão. Quintana, Nibali e Pinot chegaram inclusive, na última tirada da prova, a unir esforços para tentar cavar uma diferença aceitável que lhes permitisse não terem que lidar com a ameaça que o holandês representava no contra-relógio final. Afinal de contas, o traçado desenhado pela organização para a 2ª metade da prova jogava parcialmente a seu favor. Com um contra-relógio longo (de altíssimo grau de dificuldade técnica) e outro de média distância a finalizar a prova, o holandês só precisava de não perder tempo na montanha.

Feita esta pequena introdução ao tema, e, relembrando a cobertura quase “exaustiva” (faltaram as duas etapas finais da prova, por manifesta falta de tempo) da prova ao longo das 3 semanas, este post visa essencialmente fazer um balanço global sobre a mesma, utilizando para tal uma estrutura crítica dividida em 3 partes assente no rendimento daqueles que consideramos terem sido as principais surpresas e as principais decepções da prova italiana. Continuar a ler “Balanço do Giro de Itália – as grandes surpresas e as decepções da 100ª edição da prova italiana (1ª parte)”

Giro de Itália – 4ª etapa – A diabólica etapa que Jan Polanc venceu no Monte Etna

No regresso à estrada após o primeiro dia de descanso na prova na segunda-feira, numa etapa decorrida em solo continental na Sicília, a UAE de Rui Costa concretizou o seu principal objectivo na prova: a vitória numa etapa. E que etapa! Na primeira grande abordagem à alta montanha, o esloveno Jan Polanc chegou isolado ao alto do Monte Etna, coroando com êxito o enorme esforço tomado durante vários quilómetros numa fuga.

Numa etapa diabólica em que houve um bocado de tudo (uma fuga bem sucedida, ataques dos favoritos à geral na parte final da etapa, um engano no percurso por parte de alguns ciclistas que veio a originar quedas na parte final, abandonos a meio da etapa, furos entre alguns dos principais contenders, a expulsão de Javier Moreno Bazan da Katusha por agressão a um ciclista da Sky) o esloveno teve que cerrar os dentes para preservar os 6 minutos adquiridos sobre o pelotão na passagem pela subida à Porta Della Femma Morta (a sensivelmente 60 km do fim da tirada) na subida ao flanco lateral do Monte Etna, no dia em que a camisola rosa passou de mãos entre ciclistas da mesma equipa. O sprinter Fernando Gaviria entregou a liderança da prova ao seu chefe-de-fila Bob Jungels.
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Antevisão ao Giro de Itália 2017 – As equipas e os corredores (1ª parte)

Com vários vencedores e ciclistas que conseguiram alcançar o pódio nas últimas edições presentes, o vencedor de 2016, Vincenzo Nibali será o principal alvo a abater! Feita a apresentação do desenho da prova no post anterior, vamos apresentar neste e noutro post que há de surgir mais logo as figuras que irão correr nas próximas 3 semanas no certame italiano.

Muitos tem afiançado que perante a ausência de Chris Froome, Alberto Contador, Alejandro Valverde e Richie Porte, a edição de 2017 poderá gerar uma luta feroz nas montanhas entre Vincenzo Nibali, Nairo Quintana e Thibault Pinot. Não poderei ser de todo tão redutor quanto a este post, face à massiva presença da nata do pelotão mundial na prova italiana. Por outro lado, para além de não termos visto Nibali e Quintana correr na Volta a Romândia (o italiano preferiu ir à Croácia fazer a sua preparação, vencendo a Volta daquele país) e de termos visto na prova suiça um Thibault Pinot que decerto não se apresentará na máxima forma no Giro, creio que poderemos ter surpresas. A Cannondale tem por exemplo 3 ciclistas que poderão marcar a diferença porque se encontram em grande forma (a dupla de Davides, Vilella e Formolo e o canadiano Michael Woods). Outra das surpresas poderá ser Geraint Thomas. O ciclista galês da Sky parece-me neste momento da temporada em melhor forma que Mikel Landa. Bauke Mollema (Trek) também poderá ter uma palavra a dizer numa edição em que não terá Alberto Contador por perto.  Continuar a ler “Antevisão ao Giro de Itália 2017 – As equipas e os corredores (1ª parte)”

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