Cheguei a Leicester de paraquedas. O que é que vou fazer a este grupo de trabalho?

claude puel

A assumpção de uma equipa a meio da temporada é, na minha opinião, por várias razões, o maior desafio a que um treinador se pode sujeitar em toda a sua carreira. A assumpção do comando técnico de um grupo de trabalho que não foi idealizado ou escolhido por si, condicionante que o obriga a ter que trabalhar forçosamente com matéria prima disponível no imediato (até à reabertura da janela de transferências ou na pior das hipóteses até ao momento em que a sua direcção tenha condicões financeiras para satisfazer as suas necessidades), que se encontre total ou parcialmente desmoralizado por força dos resultados negativos obtidos (pela pressão que esses resultados acarretam; pela necessidade de somar pontos rapidamente para inverter um ciclo negativo) ou pela existência de uma ou outra insatisfação motivada pelo mais amplo leque de choque de interesses (a vontade que determinados jogadores têm de se transferir para clubes que demonstrem outro tipo de ambições ou que possam satisfazer as suas exigências contratuais; as pressões que são realizadas pelos empresários junto dos jogadores e da direcção do clube para forçar uma transferência; jogadores insatisfeitos com os valores do seu contrato; a descrença que se vai acumulando nos jogadores que não são utilizados com regularidade ou que sentem que o seu rendimento não está a ser devidamente aproveitado ou potenciado; jogadores que estão a sentir dificuldades para se ambientar à realidade cultural de um país ou de uma cidade), que já se encontra em andamento ao nível de uma competição, da assimilação de determinado modelo de jogo, dos seus processos e das suas dinâmicas colectivas e individuais. Continuar a ler “Cheguei a Leicester de paraquedas. O que é que vou fazer a este grupo de trabalho?”

Um interessante exemplo de transição defensiva, espírito de equipa e solidariedade colectiva por Moussa Marega

Na minha ronda diária pelo Youtube à procura de “momentos, situações, palavreado do bom, palavreado do mal do xenófobo e boifiquista do André Ventura e cenas” (como perguntam agora os putos e também alguns graúdos: “ó João, viste aquela cena no Youtube?” – Como é que um gajo que raramente vê televisão, porque a televisão não lhe acrescenta nada de especial pode dizer que não viu se a cena ou que foi o último a ver a cena quando a cena de tão propagandeada que está, nas redes sociais, na imprensa escrita, na rádio praticamente entra pelos nossos olhos a dentro, devorando-nos as pálpebras, a retina, o lobo fontral e o Sulco de Rolando por esta ordem sequêncial e não por outra; claro que vi a cena, pá; quando não vi, finjo que vi e sigo em frente, já a pensar noutra cena qualquer com mais propósito para os meus interesses) apanhei esta, captada e muito bem esgalhada porque quem é de Olhão.  Continuar a ler “Um interessante exemplo de transição defensiva, espírito de equipa e solidariedade colectiva por Moussa Marega”

Slimani

Mais uma jogada cujos méritos pertencem por inteiro ao trabalho que Jorge Jesus fez com o jogador na temporada que o orientou. Não me venham com conversa fiada. Nem Leonardo Jardim nem Marco Silva conseguiram trabalhar com o jogador este tipo de movimentações nem conseguiram muito menos, desenvolver-lhe aqueles rudimentares atributos técnicos (toda a gente se recorda certamente da parede que Slimani era nas primeiras temporadas em Alvalade nas situações nas quais vinha ao exterior participar nos processos de circulação da equipa), atributos que hoje lhe permitem ser um ponta-de-lança completamente diferente daquele que chegou a Alvalade.

Os golos do dia

Quando pensamos que o modelo de jogo de Sarri poderá estar perto da sua exaustão, eis que o técnico italiano nos surpreende com algo de novo. Ao observar o jogo disputado pelos napolitanos em Verona frente ao Hellas, pude constatar a congeminação de um novo processo ofensivo a envolver os dois homens da faixa esquerda. Para o explicar, preciso de recuar aos processos de circulação\movimentações\acções base mais utilizados pela equipa (a envolver a participação do extremo) até aos últimos jogos. Continuar a ler “Os golos do dia”

A importância e a função dos dois médios no sistema 3x4x3 – o exemplo paradigmático de Granit Xhaka no Arsenal

Num sistema táctica 3x4x3, as necessidades ditadas pelo próprio sistema (alas bem projectados no último terço do terreno, avançados interiores com uma forte capacidade de drible, a criação de situações de superioridade numérica ao redor da área; normalmente de 5 para 4, ou seja, os 3 da frente acompanhados dos dois alas contra 4 adversários) obrigam os médios a adoptar um posicionamento mais recuado no terreno e a terem funções completamente distintas. Um dos médios é por norma mais destruidor (podendo jogar ligeiramente atrás ou ligeiramente à frente do outro médio conforme as necessidades da equipa; Mohammed El Neny usualmente joga ligeiramente mais à frente do médio, para poder reagir mais rapidamente à perda da bola resultante de uma tentativa de passe deste, através da pressão imediata ao jogador que intercepta, ou então para poder receber a bola entre entre linhas; para além desse aspecto muito peculiar, o médio egípcio, tem, como já pudemos ver frente ao Benfica na Emirates Cup muita clarividência quando se aproxima da área) assume a construção de jogo, preferencialmente através do passe longo lateralizado e do passe curto verticalizado para a entrada entre linhas de um dos avançados\avançados interiores (com esporádicas incursões verticais em passe longo às costas da defesa se a equipa tiver um jogador capaz de se desmarcar rapidamente por entre os centrais para as suas costas).  Continuar a ler “A importância e a função dos dois médios no sistema 3x4x3 – o exemplo paradigmático de Granit Xhaka no Arsenal”

Harry Kane em ponto rebuçado

32 golos em 37 jogos. 24 dos 32 obtidos na Premier League, facto que poderá valer ao avançado do Tottenham a renovação do título de melhor marcador da prova.

Frente ao incipiente Leicester (os Foxes fizeram um jogo francamente negativo no capítulo defensivo, em especial, no capítulo posicional e na baixa intensidade registada nos momentos de pressão e abordagem ao portador) o avançado inglês aproveitou para mostrar o seu lado Killer. Sem descurar algumas características do seu “completo” arsenal quando é chamado a jogar fora da área – constante dinâmica na cedência de apoios quer no corredor central quer nos corredores laterais, a capacidade de drible que possui sempre que vai aos corredores receber a bola para tentar flectir para o centro para preparar o seu poderoso remate de meia distância – o avançado demonstrou ontem que só tem olhos para a baliza, marcando 2 (dos 4) exactamente iguais nos minutos finais.

Slimani, mais uma vez!

Não, tudo o que foi feito com a evolução deste jogador não pertence à “mão dourada” de Marco Silva. Não, os indices físicos deste jogador, a sua mobilidade, a sua capacidade em vir atrás participar mais nos processos colectivos da equipa não foram obra e graça de Marco Silva. Não, não foi Marco Silva que colocou 30 milhões nos cofres de Alvalade. O “Slimani” de Marco Silva estava longe de ser o Islam Slimani da actualidade. Muito longe! Por mais que só queiram apontar as virtudes ao técnico português (naturalmente percebemos a razão que leva a imprensa portuguesa a levar Marco Silva nas palminhas; se fosse vendido em vez de despedido da forma bruta como foi por Bruno de Carvalho, estou certo que não teria metade do hype que tem na actualidade) e eu até sou justo o suficiente para lhe apontar 2 grandes trabalhos no Estoril e no Hull (porque no Olympiacos, face às evidências do destruído campeonato grego, até o Paulo Bento vai ser campeão apesar de ter sido despedido). Já na sua passagem pelo Sporting, pesada a conquista da Taça de Portugal e o bonito futebol que a equipa praticou a espaços, a época foi muito irregular. Quando uma temporada é marcada pela irregularidade, não se pode dizer que um treinador tenha feito um bom trabalho.

O clássico “à Slimani”

Eu creio que ninguém em Leicester se apercebeu da qualidade do ponta-de-lança que compraram por 30 milhões de euros. Eu não desgosto da rapidez e da matreirice do Ahmed Musa, da potência e pragmatismo de Andrej Kramaric nem tão pouco da profundidade que Jamie Vardy dá ao jogo mas com um homem de área deste género difícil, com jogadores tão bons a cruzar como Riyad Mahrez, Marc Albrighton, Christian Fuchs difícil é não apostar num modelo de jogo pragmático de colocação de bolas para o forte jogo aéreo do argelino. Não resisto a finalizar este post com um trocadilho: não é preciso ser um Shakespeare para perceber que quando o argelino é bem servido, não falha!

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