Dois puros momentos de rock and roll!

Continuo ainda debruçado em alguns dos pormenores da vitória alcançada pelo City na noite de ontem frente ao Southampton. Como fiz questão de referir no post anterior, os lances de bola parada, em especial os pontapés de canto (na defesa aos livres laterais que o Southampton dispôs a mais de 30 metros da baliza, livres em que a equipa aproveita naturalmente para tentar criar situações de finalização para os seus 3 centrais, todos eles bons cabeceadores, Pep voltou a pedir à equipa para se posicionar em linha, subida, no exterior da área; executando uma estratégia cujos objectivos eram, em primeiro lugar, como não poderia deixar de ser, impedir situações de finalização e promover a recuperação da posse\iniciativa de jogo, e em segundo lugar, caso não fosse possível impedir a finalização adversária, dificultá-la ao máximo ou seja, assegurar que o adversário nunca dispusesse de situações de finalização demasiado próximas da baliza e flagrantes. Como Ederson é um guarda-redes que sabe medir muito tempo o tempo de saída a um cruzamento, o catalão confia ao brasileiro a rectaguarda da sua defesa caso o jogador que vai cobrar a falta tente bombear a bola para além do ponto até onde a defesa poderá previsivelmente descer) foram uns dos vários problemas colocados para formação orientada por Maurizio Pellegrino. Posso até afirmar, com conhecimento de causa que esta fase do jogo tem sido o verdadeiro tendão de aquiles da equipa de Manchester na presente temporada.

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Nós é que agradecemos, Imperador!

Corria o ano de 2010 quando todos acreditámos que eras imbatível, tal era a quantidade de defesas inacreditáveis que fazias jogo após jogo. Independentemente da nossa cor clubística e do facto de teres alinhado pelos rivais, nós é que nos sentimos impelidos a agradecer-te esse teu esforço, esses teus reflexos incríveis, essa tua agilidade felina, essa tua enorme presença na baliza. O teu país também será obrigado a agradecer-te. Deixa-me que te diga que, no meu entendimento, não foste o melhor “São” (os brasileiros tratam os seus “goleiros” como Santos) da história do seu futebol (pessoalmente defendo que o melhor guarda-redes da história do Brasil foi Marcos do Palmeiras; a esse, o cosmos deu-lhe o raro dom do milagre) nem tão pouco o mais carismático porque efectivamente os mais carismáticos foram Claudio Taffarel e Rogério Ceni. No entanto, creio que terás o teu pedaço na história da posição no teu país, porque, em conjunto com tantos outros (Jefferson, Cássio, Hélton, Carlos Germano, Norberto Neto, Alisson, Heurelho Gomes, Doni, Diego Alves, Victor, Taffarel, Ceni) ajudaram à superação daquilo a que eu denomino como “o estigma de Barbosa” (Moacir Barbosa era o guarda-redes da selecção que perdeu o título mundial de 1950 no Maracanã frente aos Uruguaios; o golo apontado por Alcides Ghiggia viria a transformar o pobre Barbosa numa espécie de vilão nacional até ao fim da sua vida, votando-o a um inexplicável ostracismo social) – “o estigma de Barbosa” afectou durante várias décadas o relevo que era dado pelo futebol brasileiro à posição e treino específico da posição, menosprezando-a por completo. Foram os feitos dos guarda-redes das gerações de 90 e dos anos 2000 que alteraram essa visão. A primeira internacionalização em massa do guarda-redes brasileiro alterou por completo esse paradigma. Embora esta ainda seja uma das raras posições que o Brasil não produziu um dos 3 melhores jogadores de uma posição numa determinada geração (Ederson tem todo o potencial para se tornar), o país tem vindo a trabalhar os seus talentos com muito mais qualidade.

O futebol de altíssimo quilate praticado pelo Manchester City frente ao Burnley

Para preencher as horas mortas dos aficionados que visitam diariamente este blog, (o meu obrigado!) deixo-vos aqui alguns momentos do meu “atípico” sábado (confesso que neste sábado só vi “partida e meia”; felizmente, pude ver, na íntegra, os 90 minutos da partida disputada entre o Manchester City e o Burnley e a primeira parte do FC Porto frente ao Paços de Ferreira) pouco desportivo:

Jogada 1

No meu humilde entendimento esta foi a jogada que melhor resume a filosofia de jogo  operacionalizada por Pep Guardiola nos Citizens. Em 22 segundos, 4 passes e 16 toques na bola (contando com os 9 toques dados por Bernardo Silva naquela admirável arrancada na qual o internacional português meteu a linha média do Burnley no bolso) os citizens fizeram chegar a bola da entrada da sua área à área adversária? Futebol minimalista? Não. Este futebol muito que se lhe diga ao nível de dinâmicas:  Continuar a ler “O futebol de altíssimo quilate praticado pelo Manchester City frente ao Burnley”

Tite e o sencionalismo bacoco que só serve para valorizar jogadores, criar mitos e vender jornais

«Não está fechado [a escolha do titular]. Adiantei o Ederson porque seria injusto colocá-lo na altitude [jogo na Bolívia]. Eu poderia tirar uma conclusão errada. Houve até jogadas ensaiadas do [Manchester] City, ele joga a bola e vai para o [Gabriel] Jesus na baliza do adversário. A reposição dele precisa ser estudada. Meteu o Gabriel na cara do golo»Tite, 10 de Outubro de 2017 na conferência de imprensa que se seguiu à vitória do Brasil sobre o Chile.

Permitam-me para início de conversa uma breve declaração de interesses: este post não visa de forma alguma desvalorizar o belíssimo trabalho que Tite está a realizar no comando técnico da selecção brasileira nem visa tão pouco beliscar as suas capacidades enquanto técnico (embora concorde que Tite está a ser um pouco valorizado devido ao facto de ser um treinador com um conhecimento mais alargado do jogo em relação ao padrão comum dos treinadores brasileiros – padrão-escola que dá maior enfase à dimensão técnica do jogo em detrimento das outras dimensões) porque creio que os factos são visíveis a olho nu e são incontestáveis – a selecção brasileira qualificou-se categoricamente para o próximo mundial na primeira posição da ronda de qualificação sul-americana com 41 pontos, frutos de um percurso quase imaculado (considerando que neste momento perder apenas uma partida em 18 jornadas, face à qualidade que é ostentada por todos os adversários sem excepção ou às condicionantes de ordem meteorológica que são oferecidas por algumas selecções como a Bolívia, o Perú, a Colombia e o Equador é um feito que deve ser levado em conta) de 12 vitórias, 5 empates e 1 derrota em 18 jogos – com um inacreditável (fantástico, mesmo) score de apenas 11 golos sofridos em 18 jogos. Em traços largos pode-se dizer que o bem trabalhado acerto defensivo que a canarinha mostrou nesta fase de qualificação provém de um trabalho de qualidade superior realizado pelo seleccionador durante este ciclo.

Por outro lado, este post também não visa questionar o imenso talento possuído por Ederson no jogo de pés porque esse talento, essa capacidade é real, deve ser considerado como extraordinário para o alcance tido como normal para a posição (50 a 60 metros de alcance; 70 metros no máximo para guarda-redes com uma capacidade técnica excepcional; de facto não existem por aí muitos guarda-redes que consigam, numa reposição, um alcance de 100 metros) e resulta de um excelente trabalho de aperfeiçoamento técnico e físico realizado ao longo dos últimos anos pelo jogador e pelo staff (treinadores, adjuntos, treinadores de guarda-redes) que o tem acompanhado nos últimos anos. No entanto, perante tais declarações proferidas por Tite não consigo ser obtuso ao ponto de considerar o facto como um facto de outra galáxia porque efectivamente conheço uma modalidade, o rugby, modalidade que pratiquei no passado, na qual existem jogadores que numa situação concreta de grau de dificuldade superior, conseguem alcançar com o seu pontapé distâncias de igual escala de alcance.

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Falamos de um guarda-redes de 51 milhões ou de 51 tostões?

Acredito piamente que para se vender um guardião por 51,6 milhões de euros, mais 2 do que o valor pago pelo Bayern há uns anos pelo melhor guarda-redes da actualidade, Manuel Neuer, e menos 1,4 milhões que o melhor guardião da História do Futebol, é preciso, em primeiro lugar, a presença na negociata um super negociador como Jorge Mendes. Dar o corpo ao manifesto (as chamadas defesas de instinto; providas de muita fé e de alguma rapidez na leitura da jogada e no tempo de reacção mas muito escassas ao nível de verdadeira técnica de guarda-redes quando analisamos ao nível de agilidade e flexibilidade; Não é que a técnica seja algo muito importante num remate à queima roupa, porque nesse tipo de remates, o mais importante é efectivamente conseguir anular um golo, mas a sua existência ajuda por vezes a distinguir um guarda-redes mediano, aquele que dá o corpo, de um guardião ágil a erguer-se aos pés do rematador) e realizar uns chutões largos lá para a frente são “duas características” que ainda não vendem guarda-redes por 51,6 milhões de euros. Os guarda-redes podem efectivamente ajudar a fazer a diferença (ofensiva) com um ou dois pontapés longos para a frente, mas convenhamos que neste momento, a sua função no futebol ainda não é, por enquanto “viver para as assistências”, apesar de já termos visto alguns exemplos históricos de keepers que batiam prodigiosamente as bolas paradas.

Olhe-se o golo do Vitória. O guardião viu a falha de marcação do central. Para além da falha de comunicação para com o defesa (um grande guarda-redes tem de ser em primeiro lugar um excelente comunicador) e de ter sido lento a fazer a leitura da situação em causa, Ederson também falhou redondamente em dois itens técnicos naquele lance: não foi ao esférico com determinação e coragem. Qualquer guarda-redes que valha 51 milhões tem que demonstrar determinação e coragem na abordagem ao lance, saindo imediatamente com todo o vigor possível com os punhos à frente. A pequena área protege a sua acção e tem de ser, em qualquer situação de bola parada, sua. O que vimos foi uma péssima abordagem do guardião encarnado ao lance, ficando completamente nas covas.

Desculpem lá meus amigos, mas um guarda-redes com este tipo de falhas, demonstra num só lance a razão que me leva a defender que não vale os 51,6 milhões. Nem 20.

Breves notas sobre a vitória do Benfica em Vila do Conde

Um contra-ataque exemplarmente criado por Jonas, num dos raros momentos em que a turma encarnada encontrou a defesa vilacondense em contra pé, e muito bem conduzido por Sálvio antes do argentino ser paciente na abordagem ao último passe (esperou que o defesa se aproximasse para soltar a bola no momento decisivo que iria colocar Jimenez na cara de Cássio) garantiu ao Benfica a conquista do título. O assunto está arrumado.  Continuar a ler “Breves notas sobre a vitória do Benfica em Vila do Conde”

Um empate amargo

Num jogo tão equilibrado, tão disputado e com tantas divididas a meio-campo, a haver destaque para um jogador esse destaque vai obviamente para o capitão Adrien Silva. No meio do desnorte que William revelou em determinados momentos da partida e nas mil e uma falhas cometidas pelo Sporting na transição (foram incontáveis os passes falhados que deram origem a situações de contra-ataque do Benfica) Adrien conseguiu manter sempre o norte e carregar a equipa para a frente quando tinha que o fazer.

Do físico e batalhado jogo de Alvalade, ficámos com uma certeza: o Benfica está a um passo de se sagrar tetra campeão. Não acredito que o Benfica cometa um deslize até ao final da temporada. Com um inédito livre, cobrado com magistralidade pelo sueco Victor Lindelof a castigar uma verdadeira estupidez (uma das muitas) de Alan Ruiz no jogo, o Benfica passou o teste de Alvalade.

Em termos de jogo jogado, o Sporting foi a equipa que mais situações de golo criou (4 foram as criadas pelos leões contra 0 da parte do Benfica) mas não praticou um futebol extraordinário, antes pelo contrário. Os múltiplos erros provocados nas transições por clara intranquilidade de várias unidades (Schelotto, Ruiz, o próprio William) poderiam ter custado caro se o Benfica tivesse desenvolvido melhor os bónus que a turma leonina lhes ofereceu. Por outro lado, se Bas Dost tivesse carimbado as 3 oportunidades golo que lhe foram literalmente oferecidas na 2ª parte, estaria aqui decerto a narrar uma vitória do Sporting. O Benfica foi uma equipa mais obreira, mais pressionante a meio-campo e mais inteligente na gestão dos vários contextos que o jogo ofereceu, levando para casa o tão desejado pontinho ambicionado certamente pelo seu treinador na preparação para este jogo.
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Um empate que sabe a pouco quando foi feito tanto

Tudo na mesma depois do jogo do título: o empate acaba por ter um sabor agridoce para ambas as equipas. O ponto não satisfaz os interesses traçados pelo Benfica para esta jornada nem reflectiu o que os encarnados fizeram ao longo dos 90 minutos. Há que dizê-lo abertamente: o Benfica fez por merecer a vitória apesar do empate também se justificar pelo excelente arranque de segunda parte que a equipa de Nuno Espírito Santo realizou e pelos problemas que causou à construção de jogo dos encarnados. Por outro lado, um empate na Luz foi um mal menor para os portistas. Estou certo que se vendessem aos adeptos do Porto um empate, 80 a 90% compravam-no antes da partida começar. Como referiu e bem Rui Vitória, o campeonato será disputado até às últimas jornadas. Restará ao Porto continuar a marcar os 3 pontos e ao Benfica ultrapassar o jogo de Alvalade.

Com um início demolidor de jogo (mesmo apesar da pressão no osso que os jogadores do Porto fizeram a meio-campo) principalmente dos jogadores que compõem o seu flanco direito (nos primeiros minutos foi essencialmente Nelson Semedo quem foi carregando a equipa para a frente com as suas fintas e progressões com bola no flanco direito) os encarnados, tal como eu previ neste post de antevisão, tomaram as rédeas do jogo, alcançando o primeiro tento numa grande penalidade que não existe. Jonas cria o desequilíbrio, tirando a bola do raio de acção de Felipe para depois dar aquele impulso enganador a Carlos Xistra porque precisamente teve a noção que poderia não chegar novamente ao esférico. No entanto, acredito que à velocidade a que se disputou o lance, Carlos Xistra tenha sido iludido pela ilusão que o brasileiro criou com o seu movimento. Felipe tenta pisar o pé de Jonas (é notória essa tentativa do central brasileiro nas imagens televisivas que a BTV cedeu) mas creio que acaba por não acertar no pé do brasileiro. Valeu-lhe a experiência para sacar a grande penalidade e convertê-la com muita classe, deixando Casillas cair para um lado antes de rematar para o meio da baliza.

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Jornalismo de sarjeta

A roçar o nível da sarjeta. Ou não viram pura e simplesmente, ou viram aspectos positivos que eu não vi da exibição do jogador. Não podendo afirmar nenhuma das duas, vou só simplesmente concluir que o artigo bem como a pontuação gentilmente oferecida ao jogador pelo referido órgão de comunicação social é parte integrante da mesma estratégia (paga para escrever bem) que lhe tem granjeado todo o hype e que o conseguiu vender pelo preço que foi vendido. Mas este tipo de situação não é nova no jornalismo português.

Denota-se desde há uns meses a esta parte uma estratégia bem montada por parte de alguém para levar os jornais a colocar na berlinda jogadores como Renato Sanches (todas as semanas vemos as notícias que a imprensa portuguesa planta sobre o jogador; quando as procuramos em alguns órgãos de comunicação alemães percebemos que as declarações que são atribuídas a jogadores, treinador e dirigentes do Bayern nunca foram proferidas), João Cancelo (que está a fazer uma época horrível) Bernardo Silva, Hélder Costa, Ivan Cavaleiro, André Silva, André Gomes, Pizzi, Gonçalo Guedes, Nélson Semedo, Ederson, Wallace, Nélson Oliveira, Soares. O que é que todos tem em comum? Sim. Isso. Precisamente. Sim. Está a seguir a linha de raciocínio correcta: todos eles são jogadores da Gestifute de Jorge Mendes. Até o “desaparecido” Fábio Coentrão, jogador que não é tido nem achado (literalmente no bolso de trás das calças de Zidane) tem vindo à baila nos últimos dias porque naturalmente, o Jorginho Mendes ainda precisa de facturar mais umas comissões com a eventual transferência do jogador para outro clube no final da época.

Como Gelson Martins não é um jogador agenciado por Jorge Mendes, de nada lhe valeu a fabulosa assistência de trivela para Cristiano Ronaldo – “comeu” com a mesma nota de um jogador que mal se sabe posicionar em campo e calou.

Já sabia que a Gestifute é uma das principais mecenas do jornalismo português. Contudo, fiquei a saber nos últimos anos que a Gestifute vai patrocinando os jornais desportivos portugueses e espanhóis à medida das suas necessidades. Trata-se de um jornalismo à la carta: ora escreves bem deste agora, ora escreves bem de outro depois e por aí adiante até que sejam todos despachados.

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